Retrospectiva Literária 2019


Chegou novamente o momento do Perplexidade e Silêncio realizar a retrospectiva literária do ano, no que já se tornou uma (deliciosa) tradição para nós. Selecionamos as leituras mais marcantes de 2019 em quatro categorias: melhor série, melhor livro de fantasia, melhor livro de ficção-científica e melhor livro de romance.

Se você estiver numa pegada saudosista e quiser conferir as retrospectivas dos anos anteriores, navegue nos links abaixo:

Vamos começar os selecionados deste ano.

Melhor Livro de Fantasia
Skyward - Conquiste as Estrelas, de Brandon Sanderson

Este livro é o primeiro volume do que será uma tetralogia sobre a incrível personagem feminina Spensa Chaser, codinome Spin. O livro se passa em um planeta chamado Detritus, onde os seres humanos buscam refúgio em cavernas dos ataques de alienígenas chamados Krell. Detritus é envolto em satélites quebrados, claraboias, pedaços de metal e outros itens de tecnologia antiga e esquecida. Os Krell se aproveitam desta órbita poluída para atacarem os humanos de surpresa.
Por que escolhi este livro? Primeiro, porque Spin é maravilhosa. Sanderson sabe como ninguém construir personagens cativantes e, Spin, sem dúvida, é uma de suas melhores criações. Além disso, as cenas de ação envolvendo Tecnologia e Aeronáutica são sensacionais e literalmente me fizeram prender a respiração. Há ainda a presença marcante de M-bot, uma inteligência artificial, mostrando que Sanderson pode flertar com a ficção-científica e não perder sua identidade. É uma leitura que definitivamente eu recomendo.
Para ler a resenha completa, clique aqui.

Melhor Livro de Ficção-Científica
O Poder, de Naomi Alderman

Cinco mil anos atrás, algumas mulheres começam a apresentar o Poder: elas conseguem gerar descargas elétricas com o próprio corpo, através de uma trama (como se fosse uma teia de aranha) que fica entre as suas escápulas. No começo, as mulheres com o Poder são poucas e ele aparece em momentos de risco de vida como, por exemplo, quando a mulher está sendo estuprada ou abusada psicologica/emocionalmente por algum homem. Depois, o Poder vai se disseminando, e mais e mais mulheres o apresentam, agora em situações mais cotidianas e colocando em risco a segurança de outras pessoas. Dali um tempo, as mulheres mais novas transmitem o Poder às mulheres mais velhas, e todas as meninas já nascem com a trama e emitindo faíscas pelos dedos.
Por que escolhi este livro? Este ano foi particularmente frustrante para mim no gênero do sci-fi. Me deparei com muitas estórias desinteressantes e autores machistas, de outras épocas do sci-fi, então o primeiro motivo para a minha escolha é homenagear a nova fase do gênero, agora com mais representatividade. Depois, escolhi este livro porque ele gera uma reflexão muito interessante, uma vez que coloca as mulheres no mesmo nível de violência e exploração dos homens, o que dá muito pano para a manga.
Se quiser ler a resenha completa, clique aqui.

Melhor Livro de Romance
Eleanor Oliphant Está Muito Bem, de Gail Honeyman

Aos 29 anos, Eleanor percebe que trabalha há dez anos como administradora em uma empresa de Design Gráfico. Seus colegas de trabalho não poupam piadas maldosas, mas ela parece não se importar. O que realmente importa a Eleanor é que ela mantenha sua rotina em dia: comer pizzas da Tezco às sextas-feiras, tomar vodka no final de semana, dormir o máximo possível e recomeçar o ciclo. Porém, ao participar de um evento beneficiente da empresa, ela vê o show de uma banda e se apaixona perdidamente pelo vocalista John.
Eleanor começa então a idealizar toda uma vida ao lado de John, num amor platônico que fica entre o bizarro e o adolescente. Por causa dele, ela se rende à tecnologia e compra um notebook com acesso a internet, onde pode "stalkeá-lo" nas redes sociais.
Em paralelo, ela conhece Raymond, que trabalha no TI da empresa e a ajuda com seu computador quebrado. Raymond serve como comparação a Eleanor - largado, sujo, inculto - que endeusa ainda mais John - lindo, artista, refinado.
Por que escolhi este livro? A estória de Gail Honeyman me fez pensar sobre o produto que nos transformamos na vida adulta, depois de tudo o que vivemos ao longo da infância e da adolescência. Frequentemente me vejo diante de situações, no trabalho e na vida pessoal, que me fazem pensar: como será que as pessoas que são diferentes de mim lidam com isso? E também frequentemente minha resposta é: melhor do que eu, com certeza. Mas ao terminar de ler este livro, me senti abraçada, como se alguém me dissesse que, no final das contas, depois de tudo, eu me saí bem.
Além disso, Eleanor é maravilhosa.
Para ler a resenha completa, clique aqui.

Mas 2019 definitivamente foi o ano da Elena Ferrante, para mim e para a Deborah Mundin, minha convidada de honra do blog/da vida. Só falamos dela, lemos ela, xeretamos a vida dela, debatemos, citamos, mencionamos, até sonhamos com ela. Ferrante ganhou lugar especial nas nossas estantes e nos nossos corações. Por isso, é a Deborah que irá falar da próxima categoria.

Melhor Série:
Série Napolitana, de Elena Ferrante

A série conta a vida de Elena e Rafaella, da infância até a vida adulta. O gueto de Nápoles da década de 50 em diante é o plano de fundo para a narrativa que envolve amizade, encontros e desencontros, casamentos, maternidade, feminismo e engajamento político.
Por que escolhi esta série? Particularmente,  tenho um gosto por histórias de cotidiano, mas a Série Napolitana vai além disso. A amizade entre Lenu e Lila tem todos os aspectos que uma amizade real tem, ela passa pelo ciúme, inveja, toxicidade (porque ninguém é um alecrim dourado), admiração, amor e principalmente um apoio incondicional quando uma precisa da outra. E os romances também são assim, não há relação perfeita, na verdade em sua maioria imperfeita, mas é o que acontece quando olhamos friamente as relações do meio do século 20 com os olhares de agora. E, se não bastasse isso, Ferrante ainda acha espaço para citar o clima político da época, com o surgimento dos sindicatos, os resquícios fascistas da era Mussolini, os conceitos comunistas vindos da URSS e a discussão do feminismo, da sexualidade da mulher, violência doméstica e da posição da mulher na sociedade, tema que aparece em vários momentos e de diversos pontos de maturidade. Sem dúvida uma coleção que vai além do “história para mulheres”, é um livro que narra realmente o que é ser mulher.
Para ler as resenhas completas de cada volume da série, clique abaixo:

Série Napolitana, vol. 4: História da Menina Perdida, de Elena Ferrante

E agora nós queremos saber: quais foram as leituras mais marcantes de 2019 para você?

3 Comments

  1. Jane Eyre
    Admirável Mundo Novo
    As brumas de Avalon (todos da série)
    Sob a Redoma

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  2. Excelentes livros, confesso que não conheço nenhum deles (até hoje, amanhã provavelmente terei alguns dos destacados). Te sugiro minha melhor leitura de 2019: Zac e Mia, lendo a sinopse você pode até achar que será uma versão australiana de A Culpa é das Estrelas, porém a realidade é muuuuuito diferente.

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  3. Amo os livros do Brandon, vou comprar esse aí

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