Retrospectiva Literária 2016


Na Retrospectiva Literária do ano passado (que pode ser acessada aqui), percebi que o mais bacana de fazer algo deste tipo é organizar, mentalmente, quais foram as leituras que realmente foram marcantes naquele período. Por isso, foi com muito gosto que separei minhas melhores leituras de 2016 para este post com a Retrospectiva Literária do ano.

Melhor Livro de Fantasia
Oryx e Crake, de Margaret Atwood

Margaret Atwood conquistou meu coração com sua escrita aguçada, precisa e imprevisível, usando do recurso do flashback em diversos pontos da trama. Neste livro, Atwood explora uma ficção especulativa com elementos fantásticos, criando uma estória bastante gráfica e impactante.
O livro começa com o Homem das Neves, um homem que mora sozinho em uma praia, em um mundo pós-apocalíptico. Ele luta por sua sobrevivência e convive com cinco criaturas, semelhantes a seres humanos mas modificadas geneticamente (como muita coisa ao seu redor). Logo no início do livro sabemos que ele é o único ser humano "original" que restou no mundo, mas não sabemos por quê, como ou quem causou o apocalipse.
Aos poucos, através dos flashbacks, o leitor conhece quem é o Homem das Neves, um rapaz chamado Jimmy que, em uma versão muito anterior dele mesmo, relacionou-se com o gênio Crake e com a misteriosa Oryx. 
Este livro é para quem gosta de mistério, pois Atwood fornece, aos poucos, as pistas para a compreensão do que realmente aconteceu com Jimmy, Oryx e Crake. É como se estivéssemos montando um complexo quebra-cabeça e nem sempre estivéssemos com as pecinhas corretas nas mãos.


Melhor Livro de Ficção
Reparação, de Ian McEwan

Embora não seja meu gênero preferido (que é Alta Fantasia, aliás), eventualmente gosto de ler um drama ou um romance de época para mudar um pouco. Normalmente, quando estou neste humor, leio Virgínia Woolf, mas arriscar em Ian McEwan foi uma ótima escolha.
"Reparação" tem como cenário a Inglaterra do século 18. As três principais personagens da estória - Briony, Cecilia e Robbie - cometem erros de julgamento quando são jovens e, depois, na vida adulta, buscam reparar os erros que danificaram os relacionamentos entre eles. Briony e Cecilia, irmãs, se afastam por causa de uma mentira que Briony contou a respeito de Robbie, par amoroso de Cecilia e acusado injustamente de violentar uma mulher. Robbie e Briony, por sua vez, foram criados como irmãos e, após a mentira de Briony, se afastam drasticamente, causando sofrimento a ambos.
A estória é contada em uma perspectiva subjetiva, mostrando os sentimentos e os pensamentos envolvendo o processo de reparação das personagens. É uma leitura recomendada para quem gosta de tramas sensíveis e dramas familiares. No meu caso, rendeu algumas lágrimas no processo e uma grande reflexão sobre o que quero reparar na minha história.
Para saber mais sobre este livro, veja o post relacionado: O Livro ou o Filme? - Desejo e Reparação, de Ian McEwan


Melhor Livro Infantojuvenil
Memória da Água, de Emmi Itäranta


Emmi Itäranta, escritora finlandesa, conquistou minha atenção já no seu primeiro livro publicado, "Memória da Água". 
A premissa do livro é que, em um futuro não muito distante do nosso, a água salgada inundou as terras, deixando poucos trechos de continente habitáveis. Estes trechos tornaram-se o Império de Nova Qiann. Por causa disso, a moeda do novo Império é a água doce, potável e raríssima de ser encontrada depois da inundação.
A família de Noria possui uma fonte própria de água doce, o que é considerado um "crime da água", passível de sentença de morte. A água potável só pode ser distribuída e armazenada pelo Império. 
Além disso, o pai de Noria tem uma das profissões mais sagradas e respeitadas de Nova Qiann, a de mestre-do-chá. Somente os mestres-do-chá podem manusear uma quantidade de água potável maior do que o restante da população, mas apenas em rituais e cerimônicas oficiais do chá.
Quando Noria fica sozinha com a fonte de água doce, ela precisa encontrar formas de driblar o Império para não ser descoberta.
O livro tem um cenário distópico, mas o foco da narrativa não é explicar ou aprofundar os elementos da distopia, e sim, o objetivo é mostrar como a família de Noria lida com sua realidade.
Para saber mais sobre este livro, veja o post relacionado: Desafio Livros pelo Mundo, Finlândia - Memória da Água, de Emmi Itäranta

Melhor Livro de Ficção-científica
Duna, de Frank Herbert


Gosto muito de ler ficção-científica, pois acho que é um gênero literário que faz o nosso cérebro trabalhar. Normalmente, as estórias, a sociedade e a tecnologia criadas em livros deste tipo nos tiram da zona de conforto, apresentando idéias e conceitos novos para nós. E, de todos os livros deste gênero que andei lendo, o que mais ficou gravado na minha memória foi "Duna".
Duna, na realidade, é todo um universo criado por Frank Herbert que abrange seis livros iniciais, escritos por ele, e outros seis livros escritos por seu filho. Os doze livros, juntos, compreendem um período de 17 mil anos.
"Duna", o primeiro volume, conta a estória de Paul Artreides. Sua família já governa um dos planetas, chamado Caladan, mas é enviada em uma emboscada para outro planeta, Arrakis, devido a disputas pelo poder político da Galáxia. Cada planeta corresponde a uma Casa e a família que tiver domínio sobre mais planetas/Casas, conquista o poder da Galáxia.
Arrakis, no entanto, é um planeta completamente inabitável, ou assim Paul pensa a princípio. Dominado pelo deserto, Arrakis não possui água nem recursos naturais, o que confere uma vida sintética e artificial ao povo que sobreviveu às suas condições extremas, os fremen. Com a morte de seu pai, Paul se vê diante de uma série de desafios: governar um planeta ecologicamente morto, conquistar a confiança dos fremen, adaptar-se à tecnologia de Arrakis e descobrir as tramas políticas que estão em jogo. 
É uma leitura densa e difícil, mas que vale muitíssimo a pena. O universo de Duna é impressionante.
Para saber mais sobre este livro, veja o post relacionado: Sugestão de Leitura - Duna, de Frank Herbert



Melhor Série
A Saga dos Corvos, de Maggie Stiefvater


Maggie Stiefvater foi outra grata surpresa deste ano, ao lado de Margaret Atwood. Maggie tem uma habilidade impressionante para usar adjetivos: ela consegue descrever pessoas e cenários como poucos escritores são capazes, não apenas transportando o leitor para o livro como seduzindo-o para a estória. Por isso, quando terminei a leitura da quadrilogia, estava completamente e irremediavelmente apaixonada pelos protagonistas da estória, como se eles fossem pessoas reais e que fizessem parte da minha vida.
Como "A Saga dos Corvos" engloba quatro livros e não quero dar spoilers sobre o que acontece ao longo deles, falarei sobre a saga de uma forma mais macro. A saga é, predominantemente, sobre forças sobrenaturais e morte.
Gansey, Noah, Adam e Ronan são jovens privilegiados que estudam em uma escola de classe alta, chamada Aglionby, cujo símbolo é um corvo. Por isso, quem estuda nesta escola é conhecido como Garoto Corvo. Blue, uma garota de origem humilde que mora com três médiums, odeia os Garotos Corvos, pois eles representam tudo o que ela mais despreza no mundo. 
Na véspera do dia de São Marcos, Blue e uma das médiums vai à igreja catalogar quem serão os mortos daquele próximo ano, e Gansey é um deles. Blue ainda não o conhece, mas sente pena por saber que um rapaz tão jovem irá morrer. Pouco tempo depois, ela conhece Gansey pessoalmente, mas não lhe conta o que viu na igreja.
Gansey e seus amigos da Aglionby estão seguindo uma linha ley - uma fonte de energia sobrenatural que atravessa todo o planeta e guarda os mortos - na tentativa de encontrar Glendower, o Rei Corvo. Gansey foi salvo da morte quando criança e precisa encontrar este Rei para retribuir o favor.
Ronan e Adam, que a princípio são personagens secundários, ganham destaque nos livros 2 e 4, respectivamente, e acabam tornando-se as personagens mais complexas, profundas e cheias de segredos da estória (e aqui corro o risco de dar spoilers).
A saga alterna trechos de horror e mistério com reflexões poéticas e melancólicas das personagens. É uma combinação incrível, que me prendeu à estória de um jeito que há muito tempo não acontecia. As personagens são maravilhosas, os elementos mágicos são impressionantes e tive até um ou outro pesadelo por causa das coisas criadas por Maggie. Recomendo a leitura do começo ao fim.
Para saber mais sobre este livro, veja o post relacionado: Sugestão de Leitura - A Saga dos Corvos, de Maggie Stiefvater

Estas foram as minhas escolhas para este ano. E as suas, quais são? Deixe aí nos comentários, vou adorar saber! (:

1 Comments

  1. Oi, Ruh! Tenho mta vontade de ler Duna e curiosidade em ler algo de Margaret Atwood. Já li Reparação e tb adorei!
    Já a série dos Corvos, não tava na minha lista de leitura pq já tanto YA que enjoei um pouco, mas vou colocar na lista de futuras leituras tb, já que é um YA bacana! ;)
    Bjos,
    Dani
    www.leiturasecomidinhas.com.br

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