Oba! A resenha de hoje é com um livro sobre o tema que eu mais gosto: viagem no tempo. Falarei sobre "O Fim da Eternidade" do mestre Isaac Asimov.
Isaac Asimov, hoje um dos ícones da ficção-científica, começou sua vida profissional trabalhando como professor de bioquímica em Boston. Ele era claustrofóbico, tinha medo de voar, era extremamente simpático e foi casado três vezes. Ah, e escreveu mais de 500 livros ao longo da vida, entre ficção-científica, suspenses e livros acadêmicos - incluindo um guia sobre a Bíblia. All hail to the King.
"O Fim da Eternidade" foi publicado em 1955 e mistura ficção-científica, viagem no tempo e uma crítica à divisão de classes. Muitos anos depois, quando Asimov escreveu a série "Fundação", ele menciona o que acontece neste livro para explicar a dominação humana da Galáxia. GENIAL.
A premissa da estória é que, no futuro, é criada uma organização chamada Eternidade que existe fora do nosso tempo cronológico. Esta organização viaja pelo tempo e pela história da Humanidade fazendo ajustes aqui e ali, com o objetivo de impedir grandes catástrofes e tornar o ser humano mais feliz. Além disso, eles priorizam mudanças que vão dar maior longevidade à Humanidade que, com a ajuda da organização, chega a existir além do século 150.000.
Como toda empresa, a Eternidade tem cargos e atribuições. Existem os Computadores, que são as pessoas que fazem os cálculos matemáticos avançados. Em 1955, os computadores como conhecemos hoje não existiam, então Asimov imaginou pessoas ultrainteligentes. Todos homens, claro, afinal, a ficção-científica dessa época é conhecida pela total falta de representatividade (o que sempre me deixa puta quando leio).
Há também os Técnicos, que são aos responsáveis por "entrar" no tempo que precisa ser alterado. Os Técnicos calculam os desdobramentos de tais mudanças e devem sugerir soluções que afetem o mínimo possível o curso da História. A cada mudança que eles provocam, eles podem, por exemplo, impedir uma guerra mas, ao mesmo tempo, vidas serão alteradas, para o bem e para o mal, e algumas pessoas, inclusive, deixarão de existir. E o melhor Técnico da Eternidade é o protagonista do livro, Andrew Harlan.
Originalmente nascido no século 554, Harlan é obcecado pelo tempo Primitivo que, na estória, é o equivalente aos séculos 21 (o nosso) até o 24. Ele é convidado pelo Computador Sênior Twisell a ensinar sobre o Primitivo para um rapaz chamado Sheridan Cooper. Porém, no meio do caminho, ele conhece uma mulher lindíssima, a Noys, e se apaixona por ela. Os integrantes da Eternidade não podem se relacionar com ninguém, pois os sentimentos interfeririam nas decisões que precisam ser tomadas. Assim, Harlan leva Noys para o século 100.000, onde ela fica escondida, e promete que vai retornar logo para que eles fiquem juntos.
É difícil falar sobre esse livro sem dar spoilers sobre suas diversas reviravoltas muito interessantes, mas vou me ater ao essencial do enredo. Asimov fala bastante sobre os paradoxos da viagem no tempo, mas o foco da reflexão dele é: se excluíssemos da História da Humanidade todas as atrocidades que ela cometeu, também não impediríamos que descobertas fantásticas acontecessem? É para responder a esta pergunta que aparece uma segunda organização, a Infinidade, que tem um objetivo diferente da Eternidade.
Também gostei muito da plot de Sheridan Cooper. Ele fica preso num looping temporal onde ele precisa fazer as mesmas coisas para chegar numa determinada descoberta, mas ele só sabe quais são as coisas que precisa fazer pois já as fez antes. ADORO! Saudades de assistir Doctor Who, aliás.
Assim, é um livro que eu adorei, do começo ao fim, e me fez refletir muito sobre as viagens no tempo. Asimov, como sempre, foi mestre em imaginar o inimaginável e, literalmente, transportar a gente para outro mundo. É uma leitura que recomendo.
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