Já Li #78 - Revivente, de Ken Grimwood


O meu fascínio pelo tema de viagem no tempo me levou a conhecer o livro do post de hoje, "Revivente" de Ken Grimwood. Será que foi uma leitura que valeu a pena?

Muita coisa em "Revivente" é autobiográfica. Assim como o protagonista, Jeff Winston, Ken foi jornalista e estudou no Emory College, uma universidade em Atlanta. Falecido em 2003, este livro, publicado em 1986, continua sendo sua obra mais popular.

No original, o nome deste livro é "Replay", o que faz mais sentido na estória. Jeff Winston, quando alcança o ano de 1988 com 43 anos, morre e renasce em sua época de universitário em Emory. Jeff não sabe se estes replays de sua vida começaram a acontecer de repente ou se ele só adquiriu consciência deles a partir daquele momento. Em 2003, "A Mulher do Viajante no Tempo" de Audrey Niffenegger também usou o conceito de um viajante do tempo que retorna para o passado sempre que completa 43 anos.

Em seu primeiro replay, Jeff resolve investir todas as suas economias em corridas de cavalo e campeonatos de futebol americano. Ele fica milionário, rapidamente, e começa a investir em todas as empresas que ele sabia que, no futuro, seriam promissoras, como IBM e Microsoft por exemplo. Ele também vai atrás de sua esposa, Linda, ainda jovem, mas ela o despreza. É aí que Jeff percebe que as suas várias vidas não serão exatamente iguais e que tanto ele quanto os fatores externos poderão intervir no curso das coisas. No ápice de sua frustração, ele interfere no assassinato de John F. Kennedy, só para "ver o que acontece."

O que acontece é que, ao chegar aos 43 anos, ele morre novamente. Quando Jeff renasce em Emory, ele decide dar uma segunda chance à sua namorada da adolescência, Judy. Eles casam e tem uma filhinha chamada Gretchen. Jeff leva uma vida calma e amorosa e, quando chega aos fatídicos 43 anos, morre outra vez. Este replay o deixa particularmente arrasado, afinal, ele perde uma filha. As memórias de todos os replays se acumulam dentro de Jeff. Quando ele renasce, todas as lembranças das vidas anteriores o acompanham, e a saudade da filha Gretchen irá atormentá-lo em todos os replays.

Até aqui, para mim, a leitura estava cansativa. Achei que Ken Grimwood usou dois clichês de estórias de viagem no tempo: o dinheiro ganho com apostas e investimentos porque o viajante conhece o futuro e as tentativas de relacionamento com todas as namoradas do passado para descobrir como seria o futuro com cada uma delas.

Meu interesse foi resgatado quando Pamela Philips apareceu. Jeff vai ao cinema e assiste a "Starsea", um filme que está fazendo um enorme sucesso por causa das idéias futuristas e progressistas de sua produção e roteiro. Ele consegue contatar a diretora e produtora do filme, Pamela, e logo descobre que ela é uma revivente como ele. Dali em diante, eles se procuram em todos os replays, pois descobrem o amor verdadeiro. E sim, quando apareceu esse lance de "amor verdadeiro" perdi o interesse de novo, afinal, não gosto de histórias de amor melosas. 

Segue-se mais um clichê, quando Pamela e Jeff resolvem contar o que são para o mundo e os militares dos Estados Unidos resolvem prendê-los e subjugá-los. 

O que manteve minha leitura até o fim foi a curiosidade. A cada replay, tanto Jeff quanto Pamela renascem cada vez mais perto da data de suas mortes. Além disso, eles levam mais tempo para se lembrarem dos outros replays a cada renascimento. 

Tempos atrás, li "As Quinze Vidas de Harry August", de Claire North, publicado em 2014. Infelizmente, a similaridade entre as duas obras foi tão grande que acabei perdendo o interesse pelo livro de Ken Grimwood. Embora "As Quinze Vidas de Harry August" tenha sido lançado posteriormente, como o li primeiro, fiquei com a sensação de que "Revivente" era uma cópia cheia de clichês. 

E, caso você não queria saber um spoiler sobre o final da estória, sugiro interromper a leitura deste post aqui. Infelizmente, Ken Grimwood não provê maiores explicações sobre os replays e os reviventes, tampouco as consequências do que Pamela e Jeff alteraram na História. Como tudo o que eles fazem é "zerado" a cada replay, a estória fica sem aprofundamento e sem surpresas. Por isso, não é uma leitura que recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

0 Comments