Retrospectiva Literária 2018



Como já é tradição aqui no Perplexidade e Silêncio, dezembro é mês de retrospectiva literária. Ao longo de 2018, tivemos 83 posts e separei as minhas cinco leituras preferidas do ano. Além disso, nesta retrospectiva tem a participação da convidada especial Deborah Mundin e o livro eleito do ano na opinião dela. 

5. As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo, de Rachel Ignotofsky
Rachel Ignotofsky, ilustradora, sentia falta de um livro que estimulasse as meninas a seguirem pelo caminho da Ciência, um campo de estudo tradicionalmente dominado pelos homens. Movida por esta indignação, ela resolveu contar as histórias de vida de 50 cientistas, da Antiguidade até os tempos modernos, de uma forma lúdica e divertida. Cada uma das 50 cientistas foi acompanhada de uma belíssima ilustração (coloquei algumas ao longo do post), o que torna o livro um colírio para os olhos.
As histórias destas mulheres são contadas com sentimento e humor, o que torna o livro ainda mais agradável. Para este post, separei as cientistas que mais mexeram comigo.
Escolhi este livro como um dos melhores do ano porque ele é muito inspirador, além de nos dar uma visão de como a ciência sempre teve uma aproximação bastante sexista em relação às conquistas das mulheres.
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4. Eu sou Malala, de Malala Yousafzai
Malala Yousafzai, uma garota paquistanesa, ficou mundialmente conhecida quando sofreu um atentado terrorista: foi baleada no rosto quando ia para a escola, em um país que condena a educação (e muitos outros direitos) das mulheres. Desde o incidente, Malala já foi premiada mais de 40 vezes e o dia de seu aniversário, 12 de Julho, foi nomeado como o Malala Day. Neste livro, breve e intenso, Malala conta sua infância e todos os acontecimentos anteriores ao ataque, nos fazendo compreender porque ela é merecedora de tantas honras e respeito ao redor do mundo.
Desde que li esse livro, minha perspectiva sobre educação mudou bastante. Percebi quão privilegiada eu sou por ter acesso à educação. Escolhi este livro para a retrospectiva porque ele realmente me marcou e, de vez em quando, me pego pensando na vida de Malala e de tantas outras meninas que não tiveram a mesma sorte que eu.
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3. O País das Mulheres, de Gioconda Belli
Gioconda Belli é uma poetisa da Nicarágua, atualmente com 67 anos e ativista do movimento feminista em seu país. Nos anos 70, ela lutou contra a ditadura em seu país, o que a fez largar uma carreira como alta executiva em uma multinacional e dedicar-se às causas humanitárias. Seus primeiros poemas foram sobre a revolução na Nicarágua e as péssimas condições de vida de seus habitantes e, depois, evoluíram para tratar da questão da feminilidade.
A premissa da obra é a seguinte: O PEE (Partido de Esquerda Erótica, cujo símbolo são os pés com as unhas pintadas de vermelho da capa) ganhou a eleição para a presidência do país fictício de Fáguas, através da incrível Viviana. Este novo governo fez uma série de mudanças de paradigmas na sociedade, o que divide opiniões.
Escolhi este livro porque ele reúne ficção-especulativa e reflexão social em uma mesma estória, além de contar com mulheres incríveis na trama.
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2. trilogia Arquivos Têmis, de Sylvain Neuveu
"Arquivos Têmis" é uma trilogia de ficção-científica que parte do pressuposto de que uma civilização alienígena deixou na Terra, há cinco mil anos, partes de um robô que se completariam formando uma arma com poder destrutivo nunca antes visto. Não sabemos se esta arma foi deixada como defesa para a Humanidade contra algum mal vindo do Universo ou se a própria raça alienígena virá buscá-la em algum momento. Também não sabemos se a tal raça retornará à Terra e com qual intenção.
No primeiro volume, "Gigantes Adormecidos"a Dra. Rose Franklin encontrou uma mão metálica gigante em seu quintal, depois de uma pequena explosão causada por "uma luz azul". Anos depois, a própria Rose encabeça a equipe de resgate das demais partes do robô, no projeto que virá a ser nomeado como Arquivos Têmis. Para ler a resenha completa, clique aqui.
No segundo volume, "Deuses Renascidos"começa do ponto onde o volume anterior terminou, trazendo de volta as mesmas personagens - que são ótimas, então é bom reencontrá-las. Para ler a resenha completa, clique aqui.
Escolhi essa trilogia porque o estilo narrativo de Sylvain é incrível e ele trouxe uma renovação interessante para a ficção-científica. Sem dúvida vale a pena lê-lo, devorei os livros dele.

1. Wayfarers, vol. 1: A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil, de Becky Chambers
A premissa da trilogia é que o cosmos é governado pelo Galactic Commons (GC). É este governo, que contém um representante de cada planeta, que estipula quais são as regras de navegação e comércio através do espaço sideral. Assim, para viajar longas distâncias, as naves podem acessar uma subcamada da matéria-escura e, através desta, criar um túnel, criando um buraco de minhoca artificial e bastante perigoso.
Oito planetas compóem o GC: Terra, Marte, Aganon, Hagarem, Hashkath, Porto Coriol, Risheth e Sohep Frie.
Assim, o universo da trilogia Wayfarers é muito rico e dinâmico. Becky Chambers criou seres alienígenas, culturas, idiomas, economias e política para cada um destes planetas e todas estas criações soaram naturais e fluidas. Só por isso Becky já conquistou meu coração de leitora.
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Nossa convidada especial Deborah Mundin também escolheu seu livro preferido do ano, Americanah, de Chimamanda N. Adichie.

"Americanah", da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, tem como pano de fundo a história de amor de Ifemeleu e Obinze, um amor marcado por distância geográfica e pelo tempo, que faz a gente torcer muito para dar certo. Mas o que torna esse livro fora da curva e o que me fez escolhê-lo é a realidade com que as personagens e a trama são construídas. A história passa por uma Nigéria ditatorial, a imigração, as diferenças com que cada personagem lidou com essa experiência, o choque cultural, o choque de se ver minoria de outro país e o retorno à casa que, apesar de todos os problemas, é sempre acolhedora. Uma história única, escrita de forma envolvente e deliciosa.
A forma como tudo é construído é tão real que mesmo eu estando empolgada pela adaptação do cinema com a Lupita Nyong'o no papel da Ifemeleu, essa personagem, pra mim, sempre será a própria escritora. Recomendo para todos, principalmente para nós que, às vezes, não conseguimos reconhecer nossos privilégios de classe e/ou etnia.
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E, como todo ano, eu separo uma parte do post da retrospectiva para dizer os momentos mais especiais do ano para mim. 

Em 2018, tive o enorme prazer de lançar o meu livro "Almagesto - Como chegar às estrelas". Quem acompanha o blog sabe que tenho uma árdua jornada como escritora independente. Por isso, no começo do ano, quando fiz o evento de lançamento do livro (tem fotos no meu Instagram!) me senti profundamente realizada. 
"Almagesto - Como chegar às estrelas" é um livro do gênero Fantasia, ambientado na fictícia Academia, um lugar situado no Universo responsável pela criação de todos os seus elementos, dos planetas às estrelas, passando pelas constelações. Construtores e Pensadores são os responsáveis por estas tarefas, subordinados aos Sábios, os governantes e reguladores da Academia. Atlas, um Pensador, e Diana, uma Construtora de Constelações, são os protagonistas desta aventura. Em paralelo, aqui no planeta Terra, Valentina, uma estudante, tem um vislumbre sobre a verdade por trás do Universo e precisa lidar com situações extraordinárias e fantásticas. O encontro de Valentina com Atlas e Diana gera uma aventura incrível e cheia de surpresas.
Para saber mais sobre meu livro (inclusive como comprar), clique aqui.

Além disso, tive a honra de ter um conto escolhido pela Editora Wish para fazer parte da antologia "As Cores da Floresta"
Aqui, são 19 contos, todos com o maravilhoso tema de contos-de-fada. Precisamos partir dos elementos principais de um conto-de-fadas e criar uma estória totalmente original a partir deles que, além de magia, também trouxesse uma mensagem de empoderamento e força.
Meu conto, chamado "Uma Noite de Inverno", conta a estória de uma menina que, fugindo dos problemas de sua vida doméstica, do luto pela morte da mãe e da saudade do pai desaparecido, busca refúgio em uma floresta, até que recebe uma visita inesperada, mágica e surpreendente.
E se não bastasse tudo isso, esta antologia também é um livro de colorir! Abaixo, vou colocar duas imagens: uma é da ilustração inspirada no meu conto, "Uma Noite de Inverno" e, a outra, é a ilustração da convidada especial do blog, Deborah Mundin, "O Perfume dos Lilases". Ao todo, são 20 ilustrações, todas pensadas para serem coloridas.
Para saber mais sobre este livro, clique aqui.

E para você, quais foram suas melhores leituras do ano?

Para acessar as retrospectivas dos anos anteriores, navegue: 2017 - 2016 - 2015 - 2014



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