Sugestão de Leitura | Arquivos Têmis, vol. 2: Deuses Renascidos, de Sylvain Neuvel
Fazia um tempo que eu não me deparava com uma série literária de ficção-científica que me fisgasse. Ainda bem, tenho a trilogia "Arquivos Têmis" de Sylvain Neuveu para me fazer companhia. Este post é sobre o segundo volume dela, "Deuses Renascidos", que manteve o alto nível de qualidade do volume anterior.
Caso você queira ler a resenha do primeiro livro, clique aqui:
Sugestão de Leitura | Arquivos Têmis, vol. 1: Gigantes Adormecidos, de Sylvain Neuvel
"Arquivos Têmis" é uma trilogia de ficção-científica que parte do pressuposto de que uma civilização alienígena deixou na Terra, há cinco mil anos, partes de um robô que se completariam formando uma arma com poder destrutivo nunca antes visto. Não sabemos se esta arma foi deixada como defesa para a Humanidade contra algum mal vindo do Universo ou se a própria raça alienígena virá buscá-la em algum momento. Também não sabemos se a tal raça retornará à Terra e com qual intenção.
O segundo volume da trilogia, "Deuses Renascidos", começa do ponto onde o volume anterior terminou, trazendo de volta as mesmas personagens - que são ótimas, então é bom reencontrá-las. O formato narrativo também se mantém, ou seja, a estória é contada através de relatórios militares, reportagens jornalísticas, entrevistas e interrogatórios. Na resenha do primeiro volume, comentei que demorei um pouco para me acostumar com este formato. No entanto, agora, não vejo forma melhor desta estória ser contada e Sylvain Neuvel foi ganhando espaço no meu coração literário.
Se você não quer spoilers do primeiro livro, sugiro pular esta resenha, pois eles serão inevitáveis.
A Dra. Rose Franklin, dada como morta em um acidente com a robô alienígena Têmis, retorna à vida por mecanismos que ela nem sonha em compreender. Ela descobre que ficou quatro anos ausente, sendo substituída por um clone - que liderou toda a descoberta das partes de Têmis e compreendeu seu funcionamento, conforme lemos no volume anterior da trilogia. Em um segundo acidente, o clone se foi, dando lugar à "real" Rose. Ela fica muito perturbada com este cenário e tem dificuldades de concentrar-se na missão.
Além disso, um robô muito semelhante à Têmis surge no meio de um parque em Londres, em um piscar de olhos. Este robô tem dimensões e formatos mais masculinos, além de uma configuração diferente das luzes, mas fica claro que ele vem do mesmo planeta de Têmis - o difícil é entender suas intenções. Em questão de segundos, ele reduz metade de Londres a pó, matando milhares de pessoas. O Centro de Defesa da Terra é acionado, pois a esperança do planeta Terra é que Têmis possa pará-lo.
Assim, voltam à cena Kara e Vincent, os pilotos de Têmis. Kara está com a sua personalidade ligeiramente modificada em relação ao primeiro volume - mais calma e "meiga" - devido ao seu relacionamento com Vincent. Ela parece se reencontrar com sua real essência quando precisa lutar com o robô alienígena. A Dra. Rose tem acesso ao genoma dos dois pilotos deste segundo robô - que acaba sendo derrotado por Têmis (Kara/Vincent) - e começa a postular uma teoria na qual a invasão dos robôs tem a ver com a genética do ser humano.
De repente, a situação piora consideravelmente: de novo num piscar de olhos, treze robôs alienígenas surgem pelo planeta, concentrando-se nas capitais mais populosas da Terra. Em questão de minutos, mais de quatro milhões de pessoas são mortas e não é difícil perceber que Têmis não será capaz de salvar a Humanidade. Com isso, as teorias genéticas de Rose ganham força.
Também é imprescindível o surgimento de Eva - uma personagem muito importante para a trama, mas não direi quem ela é pois seria um grande spoiler para quem ainda não leu o livro. Também descobrimos a identidade do entrevistador misterioso (melhor parte do livro!).
A leitura é, mais uma vez, de tirar o fôlego. A exemplo do primeiro livro, não consegui desgrudar os olhos deste e terminei a leitura em dois dias. Sylvain é um ótimo escritor de ficção-científica: bem humorado, descontraído, inteligente, dinâmico e original. Sem arrogância, sem termos incompreensíveis e sem tédio - o que, infelizmente, é a característica de muitos escritores famosos de scifi. Recomendo muitíssimo a leitura e mal posso esperar pelo terceiro e último volume.
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