12GLCGM | Eu Sou Malala, de Malala Yousafzai


O Desafio 12 Grandes Livros com Grandes Mulheres (12GLCGM) é uma homenagem às protagonistas femininas que deixaram sua marca no mundo literário, transformando a imagem da mulher, trazendo uma mensagem de empoderamento e força e promovendo reflexões. O Desafio surgiu desta lista com algumas adaptações. No post de hoje, tenho o prazer de escrever sobre "Eu Sou Malala", o relato autobiográfico de Malala Yousafzai.

Malala Yousafzai, uma garota paquistanesa, ficou mundialmente conhecida quando sofreu um atentado terrorista: foi baleada no rosto quando ia para a escola, em um país que condena a educação (e muitos outros direitos) das mulheres. Desde o incidente, Malala já foi premiada mais de 40 vezes e o dia de seu aniversário, 12 de Julho, foi nomeado como o Malala Day. Neste livro, breve e intenso, Malala conta sua infância e todos os acontecimentos anteriores ao ataque, nos fazendo compreender porque ela é merecedora de tantas honras e respeito ao redor do mundo.

Ao ler o livro, é fácil compreender como Malala tornou-se a ativista que é. Ela foi criada em um ambiente familiar que não concorda com as limitações impostas pelo governo e pelo Exército paquistanês e que nunca a discriminou por ser mulher. A figura central do relato - e da vida de Malala - é seu pai, Ziauddin. Ele começou como professor, igual seu pai, mas ficou incomodado pelo fato de apenas os meninos poderem estudar. Influente e diplomático, Ziauddin foi angariando recursos e apoio para fundar uma escola mista, onde as meninas pudessem estudar e onde sua filha, Malala, pudesse desenvolver seu potencial. O projeto, que começou apenas com três alunos e um prédio alugado, chegou a ter mais de mil alunos, a oferecer estudo gratuito para cem crianças e se espalhar por toda a aldeia do Swat. Malala, muito apegada ao pai, começou a ajudá-lo na causa.

Ziauddin começou a ser o alvo de ameaças de morte por parte do Exército. Ao longo do livro, Malala fornece detalhes sobre o cenário político do país e sua corrupção e militarização e é assustador perceber que ela e seu pai são vistos como traidores. Malala também relata a diferenciação entre homens e mulheres como, por exemplo: nas refeições, os homens ficam com a comida boa e fresca, enquanto as mulheres se alimentam de restos ou da comida estragada, pois são consideradas inferiores. Malala considera-se sortuda - e de fato é - por fazer parte de uma família na qual o pai não permite este tipo de tratamento para ela e sua mãe.

Em 2008, com apenas 11 anos de idade, Malala faz seu primeiro discurso pró-educação, no Clube de Assessoria de Imprensa local, da aldeia do Swat. Malala não teve medo de condenar diretamente o Talibã por proibir a educação para as mulheres, o que lhe rendeu uma cobertura jornalística nacional. Um ano depois, foi convidada para discursar no Intituto de Guerra e Paz do país e, daí em diante, seu protagonismo apenas cresceu. Malala deixa claro que, no início, fazia os discursos para ajudar seu pai mas, com o tempo, a causa tornou-se sua missão de vida.

A BBC, então, convidou Malala para manter um blog onde, além de falar da causa pró-educação, também relataria o cotidiano e os costumes do Paquistão.O blog pode ser acessado aqui (em inglês).

Em 2009, as escolas mistas foram fechadas pelo Talibã e, ao ser reaberta, Malala foi baleada no rosto por um membro terrorista, que tinha o intuito de assassiná-la e acabar com a causa. A parte mais difícil do livro é o relato de Malala das diversas cirurgias e sequelas derivadas no incidente, que deixou uma parte do rosto com paralisia e a fez perder um pouco da audição do ouvido esquerdo. O Paquistão não possuía hospitais que pudessem fornecer o tratamento adequado para Malala e, por isso, ela foi transferida para a Inglaterra, com as despesas pagas pelo governo britânico. Atualmente, Malala vive lá com a família, pois foram ameaçados de morte caso retornem ao Paquistão.

Com o dinheiro que Malala arrecadou com os diversos prêmios e ajudas que recebeu ao longo deste período, ela criou em 2013 o Malala Fund. É um trabalho lindo e inspirador e já deixei minha contribuição.

A estória de Malala fez com que eu me sentisse inútil. Me deu uma enorme vontade de fazer algo construtivo pelas meninas que não tem os privilégios que, agora, percebo que tenho: educação, emprego, renda, liberdade. Terminei de ler o livro com lágrimas nos olhos e um grande aperto no coração. É uma estória linda e profunda. Além disso, Malala tem uma humanidade e uma vulnerabilidade que a tornam ainda mais preciosa. Ela reclama, por exemplo, da dificuldade de fazer amigos na nova escola britânica, pois os outros sentem-se intimidados por ela. A leitura do seu relato vale cada linha e cada trecho, pois nos enriquece e nos faz ver o mundo com outros olhos. E também me senti grata e sortuda pela vida que tenho.

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