A escritora Sylvia Plath já foi mencionada duas vezes por aqui: na sessão Escritores que Inspiram (onde falei mais sobre sua vida pessoal) e, outra, num post chamado "O que aprendi sobre ser escritora com Sylvia Plath". Ela é uma grande inspiração para almas introvertidas, que tem o hábito de pensar e sentir demais, e suas obras refletem os paradoxos da sua personalidade, que iam de uma depressão profunda a um otimismo pela vida.
Anteriormente, já sugeri o que ler de Clarice Lispector e de Virginia Woolf, e agora é a vez dela.
"A Redoma de Vidro"
É o único romance de Plath, que preferia escrever poesias, e é semi autobiográfico. É um livro que mexeu demais comigo e me deixou bastante introspectiva no decorrer da leitura, afinal, trata de assuntos bastante densos: depressão e suicídio.
O livro conta a estória de Esther, uma jovem do subúrbio que está fazendo um estágio de verão em uma revista feminina de Nova Iorque. Logo de cara, Esther sente o peso da sua inadequação na cidade grande e no universo que a cerca, com meninas ricas, conversas banais e relacionamentos superficiais. Desorientada, Esther narra suas experiências neste contexto, que às vezes são cômicas mas, na maioria dos casos, soam como tragédias para seu espírito introvertido e tímido.
Ao retornar para sua casa no interior, ao fim do estágio, tais sentimentos de inadequação e de não-pertencimento voltam com ela, e são ainda mais intensificados quando ela recebe a notícia de que foi rejeitada para entrar na faculdade. Com isso, ela decide escrever um romance, até perceber que não tem experiências de vida o suficiente para tornar-se uma grande escritora.
Daí em diante, Esther tem seu estado emocional e psicológico agravado, e começa a fazer sucessivas tentativas de tratamento. Neste ponto, pensei muito no Charlie de "As Vantagens de Ser Invisível" e a luta para manter a sanidade.
Se você se identifica com Esther, como eu, respire fundo e leia o livro com calma e com coragem, porque ele vai bagunçar suas estruturas.
"Ariel"
Este livro de poesias foi publicado postumamente, dois anos após a morte de Plath. São 56 poemas que ela escreveu ao longo do seu último ano de vida, e que deixou organizados e prontos para publicação, antes de cometer suicídio.
Porém, como seu marido teve a incumbência de levar a publicação adiante após sua morte, ele havia excluído 13 poemas que considerou "pessoalmente ofensivos". Nas edições atuais, estes 13 poemas foram inseridos novamente. Há uma edição de 2004 deste livro que, inclusive, traz a digitalização dos manuscritos originais dos poemas.
Recomendo este livro para quem gosta de poesia e para quem está acostumado com este gênero. Plath faz jogos de palavras complexos e aborda temas profundos nos seus poemas, e a leitura é difícil - literal e metaforicamente.
Sem dúvida, são os mais complexos de sua carreira. O fato deles terem sido escritos pré-suicídio fala por si só. Mas são lindos, doloridamente lindos.
Coletânia de Poemas
Este foi meu primeiro contato com Plath e, vez ou outra, releio algum dos poemas de sua coletânia, principalmente quando preciso de inspiração para brincar com as palavras. Plath sabia usar o Inglês a ser favor, como uma ferramenta incrível de ritmo e sonoridade.
O livro tem mais de 200 poemas dela, da fase inicial de sua carreira até antes de escrever "A Redoma de Vidro". Por isso, aqui, a escrita de Plath ainda não é tão sombria e deprimida como as que vieram depois, mas já dá sinais de sua introspecção e melancolia.
Os editores tentaram dar uma ordem cronológica aos poemas, uma vez que grande parte deles foram encontrados após sua morte e foram inseridos em edições posteriores. Para nós, leitores, no entanto, não faz diferença, pois Plath escreve linearmente, como se todos os poemas tivessem saído da mesma tarde chuvosa. Olha eu ficando poética só de falar sobre este livro.
Se você não gosta de poesia ou não está muito familiarizado com este gênero, recomendo começar a ler Plath pelo seu romance. De um jeito ou de outro, fica claro para o leitor que ela era uma grande escritora, tentando lidar com seus demônios através do papel e da caneta.
1 Comments
Oie!
ResponderExcluirTô pra ler A redoma de vidro, cê já sabe haha. Quero ler antes daquela peça ir pro nosso teatro haha. Gostei de saber que ela escreveu poemas, fiquei super curiosa para ler Ariel. E essa capa? E fofura! A m e i <3
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/