Sinto que eu deveria ter lido este livro há séculos atrás mas, finalmente, cheguei no famosíssimo "A Coisa", de Stephen King. E achei meio decepcionante.
Publicado em 1986, "A Coisa" é uma destas obras clássicas que consegue seguir em alta mesmo depois de tantos anos. Esperei para ler esta obra por bastante tempo, acreditando que eu sentiria muito medo, e foi assim que comecei a leitura, temerosa de que eu fosse ter pesadelos depois, já que eu leio antes de dormir. Mas, sinceramente, achei uma obra bem tediosa. Mas vamos por partes.
Vou assumir que existem pessoas que não sabem exatamente qual é o enredo do livro, então farei um breve resumo: um grupo de amigos se reencontra em Derry, 27 anos depois, para cumprir uma promessa que fizeram quando criança. Eles não se lembram os detalhes desta promessa e, aos poucos, o passado retorna à memória, ao mesmo tempo que os flashbacks são apresentados ao leitor. Assim, sabemos que nos anos 50, Derry foi assolada por assassinatos horrorosos de crianças, e o ciclo de assassinatos se repete de 27 em 27 anos, e eles descobriram que a Coisa estava por trás dessas ocorrências na época.
King apresenta sete personagens no início do livro, intercalando suas vidas presentes (no ano de 1985) e suas vidas passadas (quando crianças nos anos 50). A leitura demorou para engrenar pois King precisava estabelecer todo esse contexto antes de começar a história em si, e essa contextualização se arrasta por quase metade do livro (que não é pequeno - mais de 800 páginas). King constrói personagens com sua dose habitual de cinismo e "podridão" do ser humano, o que é o ponto que mais me atrai em sua escrita, mas sete pessoas achei demais. Talvez ele pudesse ter construído o mesmo enredo com menos personagens, o que deixaria a leitura mais dinâmica.
E ainda falando de personagens, por mais que eu saiba que o livro foi escrito nos anos 80, eu preciso problematizar a sexualização de Beverly, a única menina deste grupo de sete amigos. Me embrulhou o estômago como King resolve descrever os seios dela, várias e várias e várias vezes ao longo do livro, considerando que ela é uma menina de onze anos de idade. Também me incomodou muito que ela é extremamente sexualizada tanto como criança quanto como adulta na trama, reduzindo sua personalidade a quase nada. E não vou nem falar da orgia entre as crianças - me recuso a comentar algo tão sensacionalista e fora de propósito.
Passando por cima disso, não consegui sentir medo da Coisa, sobretudo quando eu percebi que ela é, nada mais, nada menos, que um bicho-papão, gente. A Coisa adquire a forma do que a pessoa tem mais medo e, se aproveitando desse momento de fragilidade, a mata, mas ela pode ser combatida através da risada. Sim, igual o boggart do Harry Potter, que também é uma forma de bicho-papão. Ali meu mundo caiu e a coisa toda (pun intended) perdeu completamente a graça. Eu simplesmente não consegui levar a história a sério depois disso.
Depois, mais adiante, King estabelece uma narrativa mais mitológica, onde a Coisa e a Tartaruga participaram da criação do Universo, sendo a Coisa responsável pelo Caos. E que ela caiu na Terra, feito um alienígena, se estabelecendo na cidade de Derry, onde se alimenta (através dos assassinatos) por milênios e milênios sem fim. Então, a Coisa é um semi-Deus alienígena bicho-papão. Não tem como eu sentir medo de uma ideia absurda dessas.
Quando eu achava que a Coisa era o palhaço, aí sim eu estava com medo.
As partes da histórias que são mais gráficas e mais violentas, me pareceram artifícios de King apenas para aumentar o suspense da obra, mas, muitas vezes, elas não tinham uma função para o andamento do enredo. Senti que era o "sangue pelo sangue", para chocar o leitor, o que deixou tudo com um tom meio teatral que me afastou ainda mais da obra.
Fui ficando cada vez mais entediada, pois demorou tempo demais para que o grupo de amigos lembrar o que realmente aconteceu na primeira vez que eles tentaram matar a Coisa, e a forma como eles fazem uma nova tentativa, como adultos, não foi muito original. As cenas deles combatendo a Aranha (a última forma da Coisa) me lembraram a série Supernatural - o que poderia ser um elogio, mas nesse caso em específico não é. Esperei tempo demais para algo que, no fim das contas, não tinha nada de original, nem de amedrontador, e nem de interessante.
E as inserções da Tartaruga, como uma força do "bem" oposta à Coisa, ajudando-os, achei que ficaram fora do tom geral da obra, e me pareceu algo colocado depois que tudo estava pronto, às pressas.
Eu senti medo mesmo em "Flores Partidas" de Karin Slaughter, ou "O Psicopata Americano" de Bret Easton Ellis. Isso sim é assustador.
Assim, talvez minha opinião seja polêmica mas, está aí um livro que não recomendo. Não vale o hype.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5
Vou assumir que existem pessoas que não sabem exatamente qual é o enredo do livro, então farei um breve resumo: um grupo de amigos se reencontra em Derry, 27 anos depois, para cumprir uma promessa que fizeram quando criança. Eles não se lembram os detalhes desta promessa e, aos poucos, o passado retorna à memória, ao mesmo tempo que os flashbacks são apresentados ao leitor. Assim, sabemos que nos anos 50, Derry foi assolada por assassinatos horrorosos de crianças, e o ciclo de assassinatos se repete de 27 em 27 anos, e eles descobriram que a Coisa estava por trás dessas ocorrências na época.
King apresenta sete personagens no início do livro, intercalando suas vidas presentes (no ano de 1985) e suas vidas passadas (quando crianças nos anos 50). A leitura demorou para engrenar pois King precisava estabelecer todo esse contexto antes de começar a história em si, e essa contextualização se arrasta por quase metade do livro (que não é pequeno - mais de 800 páginas). King constrói personagens com sua dose habitual de cinismo e "podridão" do ser humano, o que é o ponto que mais me atrai em sua escrita, mas sete pessoas achei demais. Talvez ele pudesse ter construído o mesmo enredo com menos personagens, o que deixaria a leitura mais dinâmica.
E ainda falando de personagens, por mais que eu saiba que o livro foi escrito nos anos 80, eu preciso problematizar a sexualização de Beverly, a única menina deste grupo de sete amigos. Me embrulhou o estômago como King resolve descrever os seios dela, várias e várias e várias vezes ao longo do livro, considerando que ela é uma menina de onze anos de idade. Também me incomodou muito que ela é extremamente sexualizada tanto como criança quanto como adulta na trama, reduzindo sua personalidade a quase nada. E não vou nem falar da orgia entre as crianças - me recuso a comentar algo tão sensacionalista e fora de propósito.
Passando por cima disso, não consegui sentir medo da Coisa, sobretudo quando eu percebi que ela é, nada mais, nada menos, que um bicho-papão, gente. A Coisa adquire a forma do que a pessoa tem mais medo e, se aproveitando desse momento de fragilidade, a mata, mas ela pode ser combatida através da risada. Sim, igual o boggart do Harry Potter, que também é uma forma de bicho-papão. Ali meu mundo caiu e a coisa toda (pun intended) perdeu completamente a graça. Eu simplesmente não consegui levar a história a sério depois disso.
Depois, mais adiante, King estabelece uma narrativa mais mitológica, onde a Coisa e a Tartaruga participaram da criação do Universo, sendo a Coisa responsável pelo Caos. E que ela caiu na Terra, feito um alienígena, se estabelecendo na cidade de Derry, onde se alimenta (através dos assassinatos) por milênios e milênios sem fim. Então, a Coisa é um semi-Deus alienígena bicho-papão. Não tem como eu sentir medo de uma ideia absurda dessas.
Quando eu achava que a Coisa era o palhaço, aí sim eu estava com medo.
As partes da histórias que são mais gráficas e mais violentas, me pareceram artifícios de King apenas para aumentar o suspense da obra, mas, muitas vezes, elas não tinham uma função para o andamento do enredo. Senti que era o "sangue pelo sangue", para chocar o leitor, o que deixou tudo com um tom meio teatral que me afastou ainda mais da obra.
Fui ficando cada vez mais entediada, pois demorou tempo demais para que o grupo de amigos lembrar o que realmente aconteceu na primeira vez que eles tentaram matar a Coisa, e a forma como eles fazem uma nova tentativa, como adultos, não foi muito original. As cenas deles combatendo a Aranha (a última forma da Coisa) me lembraram a série Supernatural - o que poderia ser um elogio, mas nesse caso em específico não é. Esperei tempo demais para algo que, no fim das contas, não tinha nada de original, nem de amedrontador, e nem de interessante.
E as inserções da Tartaruga, como uma força do "bem" oposta à Coisa, ajudando-os, achei que ficaram fora do tom geral da obra, e me pareceu algo colocado depois que tudo estava pronto, às pressas.
Eu senti medo mesmo em "Flores Partidas" de Karin Slaughter, ou "O Psicopata Americano" de Bret Easton Ellis. Isso sim é assustador.
Assim, talvez minha opinião seja polêmica mas, está aí um livro que não recomendo. Não vale o hype.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5























