A resenha de hoje contém conteúdo sensível, assim que começo o post com um aviso de gatilho. "A Estranha Sally Diamond", de Liz Nugent, fala de temas perturbadores como pedofilia, sequestro e abuso físico e psicológico.
Como o próprio título do livro nos mostra, a protagonista desta história é Sally Diamond. O livro alterna capítulos com o ponto-de-vista dela com capítulos de Peter, seu irmão, ambos narrados em primeira pessoa.
A obra começa com a morte do pai de Sally, Tom. Pouco antes de morrer, Tom faz uma piada que Sally poderia jogá-lo no lixo quando ele morresse. Porém, Sally tem uma deficiência psicossocial e entende as coisas ao pé da letra e, por isso, ela realmente acreditou que deveria fazer isso. Quando ela tenta queimar o corpo do pai no incinerador de lixo, a polícia é alertada e ela quase vai presa, mas logo a polícia e a cidade entendem que ela é portadora de uma deficiência.
A princípio, eu pensei que este livro seria sobre acompanharmos a vida de Sally e suas dificuldades de adaptação social, mas logo ficou claro que a história era muito mais pesada e perturbadora do que eu esperava. E aqui faço um novo aviso de gatilho sobre os temas sensíveis que Nugent traz à narrativa.
Como o próprio título do livro nos mostra, a protagonista desta história é Sally Diamond. O livro alterna capítulos com o ponto-de-vista dela com capítulos de Peter, seu irmão, ambos narrados em primeira pessoa.
A obra começa com a morte do pai de Sally, Tom. Pouco antes de morrer, Tom faz uma piada que Sally poderia jogá-lo no lixo quando ele morresse. Porém, Sally tem uma deficiência psicossocial e entende as coisas ao pé da letra e, por isso, ela realmente acreditou que deveria fazer isso. Quando ela tenta queimar o corpo do pai no incinerador de lixo, a polícia é alertada e ela quase vai presa, mas logo a polícia e a cidade entendem que ela é portadora de uma deficiência.
A princípio, eu pensei que este livro seria sobre acompanharmos a vida de Sally e suas dificuldades de adaptação social, mas logo ficou claro que a história era muito mais pesada e perturbadora do que eu esperava. E aqui faço um novo aviso de gatilho sobre os temas sensíveis que Nugent traz à narrativa.
Descobrimos, então, que Sally é como é pois ela é filha de Denise, que foi sequestrada e violentada aos ainda criança por um criminoso chamado Cory. Denise tem o primeiro filho aos onze anos de idade, Peter, e depois de alguns anos (cinco, se eu não me engano) vem Sally. Cory mantém Denise presa por quase dez anos e, quando Denise e Sally finalmente são encontradas pela polícia, as sequelas do crime estão tão profundas que ninguém parece ser capaz de readaptá-las à vida em sociedade.
Cory foge com Peter para a Nova Zelândia, onde sequestra e abusa de outra criança, enquanto mantém Peter em confinamento através de uma mentira. Cory diz a Peter que ele tem uma doença raríssima, autoimune que, se alguém encostar em sua pele, Peter morre, o que faz com que Peter viva uma vida de completo e total isolamento.
Adorei a personagem de Sally e me senti genuinamente contente quando ela começa a fazer amigos e reconstruir sua vida aos 43 anos de idade. Ela finalmente descobre sobre seu passado e suas origens e, através do apoio destes amigos e de terapia, vai, aos poucos, digerindo e absorvendo o mundo ao seu redor, sem perder sua essência e identidade. Também acho que Nugent fez um trabalho honesto representando uma pessoa neurodivergente, fugindo dos estereótipos e da "caricatice" que, infelizmente, às vezes permeia este tipo de representação.
Cory foge com Peter para a Nova Zelândia, onde sequestra e abusa de outra criança, enquanto mantém Peter em confinamento através de uma mentira. Cory diz a Peter que ele tem uma doença raríssima, autoimune que, se alguém encostar em sua pele, Peter morre, o que faz com que Peter viva uma vida de completo e total isolamento.
Adorei a personagem de Sally e me senti genuinamente contente quando ela começa a fazer amigos e reconstruir sua vida aos 43 anos de idade. Ela finalmente descobre sobre seu passado e suas origens e, através do apoio destes amigos e de terapia, vai, aos poucos, digerindo e absorvendo o mundo ao seu redor, sem perder sua essência e identidade. Também acho que Nugent fez um trabalho honesto representando uma pessoa neurodivergente, fugindo dos estereótipos e da "caricatice" que, infelizmente, às vezes permeia este tipo de representação.
Nugent também faz um ótimo trabalho ao entregar personagens criminosos e nojentos de uma maneira que nos impele a entendê-los. A forma como ela construiu Cory, o pedófilo, é impressionante. E a maneira como Nugent desenvolve Peter, que caminha para repetir os passos de seu pai, é muito boa. Mérito dela.
Peter se apaixona pela criança que o pai sequestrou na Nova Zelândia e, devido a este amor por ela, a mantém presa por mais de 30 anos para "tê-la sempre por perto". Quando chegamos neste ponto da história de Peter, Nugent já fez seu trabalho de construir empatia por ele, o que é bizarro e incrível ao mesmo tempo.
Minha ressalva é que eu acho que o livro deveria vir com alertas de gatilho mais claros. Há cenas de violência extremamente indigestas, logo no início da leitura, o que foi bastante assustador. Depois, o tom do livro se ameniza um pouco, e o enredo passa a ser sobre o reencontro de Peter e Sally, duas pessoas que não sabem viver em sociedade tentando encontrar um ponto em comum para construírem uma família.
É preciso comentar que Nugent não nos dá um final feliz. Vi muitos leitores reclamando disso mas, para mim, foi justamente o ponto alto. Quando Sally e Peter começam a ser muito felizes e bem resolvidos, eu fiquei com a sensação de que estava lendo uma utopia, e eu não estava conseguindo comprar essa felicidade toda. O tom do livro é escuro e pesado, e um final feliz jamais combinaria com ele. Além disso, seria absurdamente irreal pensar que duas pessoas tão traumatizadas quanto Peter e Sally sairiam ilesos de toda a experiência. Eu gostei do final.
O livro é bom, mas não me sinto no direito de recomendá-lo a ninguém, dado os temas que ele aborda. Leia por sua conta e risco.
Minha ressalva é que eu acho que o livro deveria vir com alertas de gatilho mais claros. Há cenas de violência extremamente indigestas, logo no início da leitura, o que foi bastante assustador. Depois, o tom do livro se ameniza um pouco, e o enredo passa a ser sobre o reencontro de Peter e Sally, duas pessoas que não sabem viver em sociedade tentando encontrar um ponto em comum para construírem uma família.
É preciso comentar que Nugent não nos dá um final feliz. Vi muitos leitores reclamando disso mas, para mim, foi justamente o ponto alto. Quando Sally e Peter começam a ser muito felizes e bem resolvidos, eu fiquei com a sensação de que estava lendo uma utopia, e eu não estava conseguindo comprar essa felicidade toda. O tom do livro é escuro e pesado, e um final feliz jamais combinaria com ele. Além disso, seria absurdamente irreal pensar que duas pessoas tão traumatizadas quanto Peter e Sally sairiam ilesos de toda a experiência. Eu gostei do final.
O livro é bom, mas não me sinto no direito de recomendá-lo a ninguém, dado os temas que ele aborda. Leia por sua conta e risco.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5
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