Hoje em dia, podemos definir a distopia como "um lugar ou estado imaginário em que tudo é desagradável ou ruim, geralmente um ambiente totalitário ou degradado" que, infelizmente, tem cada vez se tornado mais e mais próximo da nossa realidade. Neste post, resolvi falar um pouco sobre este gênero da literatura que tem ganhado corpo e público nos últimos anos.
1920 -1930: Primeiras definições
Talvez faça sentido que a distopia moderna tenha surgido na virada do século XX. Foi um momento de agitação política e ansiedade global, com duas guerras mundiais aguardando no futuro próximo. Mas a obra que realmente definiu os parâmetros de uma distopia foi "Nós" de Yevgeny Zamyatin, hoje considerada a primeira distopia oficial publicada. Antes desta obra, mesmo quando o cenário do livro era sombrio e opressor, havia um final feliz (ou utópico) esperando pelo leitor. Mas, de Zamyatin em diante, essas fronteiras se alargaram, permitindo que outras obras similares (e hoje mais famosas que "Nós") surgissem em sua esteira.
Nesta safra de distopias, podemos ver os temas sobre os quais os futuros romances continuariam a ser obcecados: política, livre arbítrio, o medo do Estado e o poder incontrolável do governo.
Aqui no blog, você pode conferir as seguintes resenhas das distopias desta época:
1950 - 1960: Guerra e Tecnologia
Comentários políticos carregaram muitos dos temas distópicos que surgiram ao final da guerra. E a Segunda Guerra Mundial alimentou a perspectiva da Terceira Guerra Mundial e de possíveis futuros apocalipses, criando cenários imaginários destrutivos ainda piores.
Depois de testemunhar a guerra, os autores ficaram particularmente preocupados com a capacidade dos governos totalitários de regular as artes. Um dos exemplos mais populares continua sendo "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury, que traz à tona a possibilidade de um futuro no qual os livros são queimados.
Inclusive foi durante esse período que a crescente suspeita dos autores sobre a tecnologia subiu à superfície. Alguns grandes avanços tecnológicos durante esse período incluíram o teste de Turing, Sputnik e a invenção do computador pessoal.
Você pode ler aqui no blog as seguintes resenhas:
1970 - 1990: Corporações e armas biológicas
O volume de distopias publicadas declinou por um período, no início dos anos 1970, mas a variação dentro do gênero aumentou. As crises ambientais dominaram a conversa quando uma primeira onda de conscientização sobre o clima surgiu, dando origem a histórias onde mudanças climáticas desempenhavam um papel fundalmental na estrutura da sociedade. Em paralelo, as empresas privadas se tornaram uma fonte de repressão e ganharam status de inimigo público nº 1 ao lado de governos totalitários em muitos romances distópicos.
Numa nota adicional, quero ressaltar a importância de "O Doador de Memórias" de Lois Lowry. Ele é a primeira distopia YA de que se tem notícia, antes do YA tornar-se algo tão popular como é hoje. A autora se baseou nas tradições passadas da distopia "adulta" e conseguiu popularizar o gênero entre os leitores mais jovens. Isso seria significativo por causa do que ocorreria na próxima década.
Aqui no blog você ler as seguintes resenhas relacionadas:
Anos 2000: A juventude é traída
Atualmente, a distopia está predominantemente associada ao gênero YA, tanto na literatura quanto no cinema. Se o livro de Lois Lowry abriu as portas para isso, Suzanne Collins definitivamente criou o espaço para que muitas outras distopias similares ganhassem popularidade. Nesta era da distopia, os leitores YA podem encontrar um emaranhado de temas com os quais se identificar, como a autodescoberta de um jovem confrontando todo um terrível mundo ao qual não pertence.
Vocês vão perceber que não tenho resenhas destes livros aqui no blog. Pessoalmente, não gosto desta fase das distopias e muito do que li me soou como ecos de idéias já saturadas e nenhuma delas conseguiu me prender o suficiente como leitora.
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