Uma das melhores coisas da série Gilmore Girls era a Lorelai Gilmore, também conhecida como Rory. Inteligente, estudiosa, sem paciência para relacionamentos amorosos adolescentes e criada pela mãe solteira, Rory é uma daquelas personagens femininas que nos inspiram até os dias atuais. Ao longo da série, ela menciona 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory).
Depois do sucesso do post Top 5 | Cinco mangás e animes das antigas, a Deborah Mundin está de volta como convidada mais do que especial do blog.
Um pouco sobre ela: Cinéfila, otaku old school, adora séries, livros e HQs, nerd de nascimento e criação, adora dias laranjas e em momento de inspiração plena escreve textos no blog http://constantinconstante.blogspot.com/
Para o Rory Gilmore Book Challenge, a Deborah escolheu falar sobre 1984, de George Orwell.
1984 é um clássico literário que todos deveriam ler.
Escrito em 1949, este romance distópico retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo através da vida de Winston Smith, um comum funcionário do governo, que começa a questionar o mundo em que vive. Ele encontra em Julia alguém que vê o mundo da mesma forma que ele e, incentivados por O'Brien, um membro do Partido Interno com quem Winston simpatiza, eles fomentam uma rebelião contra o Partido.
Apesar de, inicialmente, os críticos literários terem interpretado o livro como um anti socialismo por causa da forma de vida que eles levam (como usar roupas iguais, casa iguais, sem contato parental e religiões, e estes aspectos se assemelhem com ideias socialistas), George Orwell esclareceu que era uma crítica a qualquer tipo de totalitarismo, seja de esquerda ou de direita.
O autor descreve como seria possível controlar a vida das pessoas, suas emoções e até mesmo suas lembranças quando se controla toda a informação disponível. O livro é recheado de neologismos, criado pela Novilíngua (um idioma que Orwell criou para esta obra), e alguns elementos que até hoje são utilizados para representar controle. Destes elementos, os mais emblemáticos são a Teletela, um equipamento que havia em todas as casas e transmitiam tudo o que todos faziam e reportavam estes comportamentos ao Governo, e a figura do Grande Irmão, o representante máximo que nunca ninguém viu, porém, todos dizem saber de tudo e, segundo uma das personagens, “nunca vai morrer”, levando a crer que era apenas uma imagem a ser adorada por todos. Lembrou a estrutura do Big Brother, que pode apostar não tem esse nome por uma simples coincidência.
O livro tem um clima carregado e representa um futuro muito assustador. Por exemplo, quem cometia crimidéia, que na Novilínguia significa “ter pensamentos ilegais e contra o sistema”, o Governo descobriria através dos seus métodos controladores e a pessoa se tornaria uma Impessoa, ou seja, simplesmente sumiria, todos os registros históricos sobre ela seriam apagados e seria um crime alguém se lembrar da sua existência. Sentiu o clima tenso? É desse jeito o livro todo.
Esta distopia pinta um cenário tão assombroso, causado apenas pelos próprios seres humanos e sua gana pelo poder, que se torna assustador de tão possível. Há uma citação do autor de ficção científica David Brin que diz:“ O grande mérito da ficção científica não é prever o futuro, mas pintar um futuro tão horrível que as pessoas vão lutar que ele não aconteça” e, na minha opinião, 1984 faz isso com extrema perfeição.
Acredito este ser uma dos livros essências. Todos deveriam ler. Um livro que levanta questões e amplia a visão quando trata-se de controle do Estado sobre a vida das pessoas. Imprescindível.
2 Comments
Esse é um ótimo livro, que sinto que li no momento errado - sabe como é? Eu me arrastei na leitura dele, mesmo achando-o bom e não sei se recordo muito do que li. Um dia preciso reler.
ResponderExcluirMas desde que li A Revolução dos Bichos eu adoro o autor, gostei demais daquele livro.
Super entendo! Tem vários livros que sinto o mesmo, que li em uma época "errada" e não aproveitei como deveria...
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