Sugestão de Leitura | A Canção de Aquiles, de Madeline Miller


Me apaixonei por este livro instantaneamente. Em "A Canção de Aquiles", Madeline Miller traz, mais uma vez, uma versão adaptada dos mitos gregos, adicionando elementos fantásticos e um dos romances mais lindos que já li. 
Madeline Miller já apareceu aqui no Perplexidade e Silêncio algumas vezes e, sem dúvida, merece a sua atenção. Assim, antes de seguirmos adiante com a resenha, deixo aqui os links dos posts relacionados a ela para você navegar depois:

A história é narrada em primeira pessoa por Pátroclo. ("Pá-tro-clo", como Aquiles irá pronunciar seu nome ao longo do livro). Ele é um príncipe que foi banido de sua côrte porque matou um menino, sem querer. Pátroclo era um desgosto para o pai, que queria um herdeiro forte e guerreiro, enquanto ele era sensível, introspectivo e mais inclinado à medicina do que à guerra. Assim, Pátroclo é abrigado pelo Rei Peleu, conhecido por sua bondade e generosidade.
Aquiles, filho de Peleu, é um semi-deus. Sua mãe, Tetis, é uma deusa do mar, com quem Peleu teve um breve e frustrante casamento. A combinação de um coração bom e honesto, herança de seu pai, e de força e agilidade sobrehumanas, traços de sua mãe, rapidamente transformaram Aquiles em uma "celebridade", carregando promessas e profecias de que se tornaria o maior guerreiro da História. Porém, Aquiles, humilde como era, não dava bola para este falatório e rapidamente se afeiçoou a Pátroclo, o único garoto da côrte que parecia vê-lo como ele realmente era e não como poderia/deveria ser.
Aquiles conhece Odisseu, um dos protagonistas do outro livro de Madeline, "Circe". A intersecção entre suas histórias é excelente, pois aqui lemos o que o Odisseu estava fazendo enquanto se ausentava do outro livro. Achei genial. 
O mito de Aquiles está aí na Wikipedia para quem quiser ler e é razoavelmente conhecido do grande público mas, resumindo, Aquiles é convocado para a guerra de Tróia, onde sua profecia diz que ele irá se tornar o maior guerreiro do mundo e morrer. Aquiles e Pátroclo tentam fugir da profecia como e quanto podem mas, como toda boa profecia, o fato de fugir dela é o que a realiza. 

O relacionamento entre Aquiles e Pátroclo sempre foi mascarado, desde os tempos da mitologia grega até os dias de hoje - pensemos naquele horroroso filme de 2004, "Tróia", com o Brad Pitt de trancinhas e sandálias gladiadoras. Madeline teve a delicadeza e a profundidade necessárias para escrever sobre uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos. Aquiles desperta em Pátroclo coragem, determinação e vontade de viver; Pátroclo lembra Aquiles de sua humanidade, bondade e honestidade. Eles se complementam muito bem, sobretudo quando a guerra de Tróia finalmente começa a acontecer e Aquiles perde a cabeça, se esquecendo de quem realmente é. Além disso, desde o começo, eles sabem que não ficarão juntos para sempre, devido à profecia de que Aquiles morrerá em Tróia e, mesmo assim, eles se mantém leais um ao outro o tempo todo. 
Quem lê meu blog com frequência sabe que eu não gosto de romances, eu mesma não sou uma pessoa romântica, mas este casal me conquistou, e muito. Chorei e me emocionei em muitas passagens.

Outro acerto de Madeline foi narrar a história do ponto-de-vista de Pátroclo, um coadjuvante, e não de Aquiles, o herói por excelência. Esta escolha, sem dúvida, agregou muito ao enredo e combinou com seu estilo de escrita, que é mais emotivo e denso, não muito "adequado" para cenas de ação, por exemplo. Ela é lírica e poética e, assim como em "Circe", me manteve suspensa num humor melancólico e emotivo por toda a leitura. 

E, além disso, nós realmente aprendemos sobre a mitologia grega neste livro. Todos os principais fatos, personagens e eventos do mito original estão representados na narrativa, do jeito moderno e despretensioso de Madeline. Na época da faculdade, eu li a "Ilíada", (teoricamente) escrita por Homero, onde há uma compilação dos principais heróis, mas gravei muito pouco do que li. No entanto, do jeito que Madeline escreve, tudo fica claro, simples e bonito. 

Definitivamente é uma leitura que recomendo, seja pelo romance, pela história ou pelos elementos fantásticos. Madeline fez um trabalho sensacional, mais uma vez.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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