Apesar de eu não ter seguido com minha assinatura da Tag Livros, ela me proporcionou ótimas surpresas, e uma delas foi este livro. No post de hoje, falarei sobre "Com Armas Sonolentas", de Carola Saavedra.
Para ver minhas outras experiências com a Tag Livros, veja as resenhas abaixo:
Tag Livros - Janeiro 2022 | Pesado, de Kiese Laymon
Tag Livros - Fevereiro 2022 | Samarcanda, de Amin Maalouf
Tag Livros - Abril 2022 | Indígenas de Férias, de Thomas King
Tag Livros - Maio 2022 | Casas Vazias, de Brenda Navarro
Carola Saavedra nasceu no Chile, mas mora no Brasil desde criança. Já passou pela Espanha, França e Alemanha, e atualmente mora no Rio de Janeiro. Escritora de poesia e de romances, ela é, definitivamente, uma escritora que você precisa conhecer.
"Com Armas Sonolentas", publicado em 2022, conta a história de três mulheres, todas elas narradas em terceira pessoa. Anna, uma aspirante a atriz brasileira de vinte e poucos anos, vê no casamento com um diretor alemão sua oportunidade de ascensão. Maike, uma jovem alemã que desiste da carreira de advogada para dedicar-se a estudar o idioma português, e decide morar um tempo no Rio de Janeiro para encontrar sua real identidade. E, por fim, a Avó, uma mulher que passou a vida faxinando a casa de uma rica família de Copacabana e, conforme envelhece, perde o contato com a realidade.
Conforme a história destas três personagens avança, vamos percebendo que elas estão conectadas de alguma maneira, mas só descobrimos como ao final do livro, o que proporciona um momento lindo que me deixou emocionada.
Se você não quer receber spoiler sobre esta conexão, sugiro pular os próximos parágrafos.
Demorei um pouquinho para entender como as três personagens estavam ligadas, mas valeu a pena seguir com a leitura, então vou organizar os enredos em ordem cronológica.
A Avó não tem nome, e acho que foi proposital, para mostrar como as empregadas domésticas são invisibilizadas. Ela chega na casa de Dona Clotilde ainda adolescente, e logo Renan, o filho mais velho da família, começa a visitá-la de noite no quartinho de serviço, e ela eventualmente fica grávida. A família descobre, manda Renan para os Estados Unidos (que nunca fica sabendo da gravidez) e passa a prover alguns recursos para a filha, sob promessa de que nunca se conte para ela quem é o verdadeiro pai. A Avó envelhece, cada vez mais explorada por Dona Clotilde, enquanto sua filha cresce envergonhada de sua mãe.
A menina cresce, e é Anna. Seus estudos de atriz são pagos por Dona Clotilde, e a cada dia que passa ela se sente mais e mais desconectada da mãe/Avó, e a família rica de Copacabana. É quando ela sai de casa, vai morar numa pensão e conhece o tal diretor alemão. Quando ela se casa com ele e se muda para a Alemanha, a vida dela piora. Ela se vê trancada dentro de casa, esposa de um marido que viaja o tempo todo e a deixa isolada de tudo e todos, sem saber falar o idioma e sem emprego. Anna vive uma vida meio "Papel de Parede Amarelo". Ela engravida do marido, mas imediatamente rejeita o bebê. Ele não permite que ela faça um aborto então, quando a criança nasce, Anna a abandona em um parque e foge de volta para o Brasil.
A criança abandonada no parque é Maike. Maike sente uma atração inexplicável pelo Brasil e pelo português, e sente que não pertence à família que tem (ela não sabe que é adotada). Essa desconexão se avoluma dentro dela até que fica insuportável. Quando ela vem de intercâmbio para o Rio de Janeiro, falando um parco português, ela chega na terça-feira de Carnaval e conhece pessoas ao longo do dia, no meio da folia. Estas pessoas a levam a uma peça de teatro - e adivinhem quem é a atriz da peça? Anna. E quem está na calçada do lado de fora do teatro, falando coisas sem sentido na sarjeta? A Avó.
"Com Armas Sonolentas", publicado em 2022, conta a história de três mulheres, todas elas narradas em terceira pessoa. Anna, uma aspirante a atriz brasileira de vinte e poucos anos, vê no casamento com um diretor alemão sua oportunidade de ascensão. Maike, uma jovem alemã que desiste da carreira de advogada para dedicar-se a estudar o idioma português, e decide morar um tempo no Rio de Janeiro para encontrar sua real identidade. E, por fim, a Avó, uma mulher que passou a vida faxinando a casa de uma rica família de Copacabana e, conforme envelhece, perde o contato com a realidade.
Conforme a história destas três personagens avança, vamos percebendo que elas estão conectadas de alguma maneira, mas só descobrimos como ao final do livro, o que proporciona um momento lindo que me deixou emocionada.
Se você não quer receber spoiler sobre esta conexão, sugiro pular os próximos parágrafos.
Demorei um pouquinho para entender como as três personagens estavam ligadas, mas valeu a pena seguir com a leitura, então vou organizar os enredos em ordem cronológica.
A Avó não tem nome, e acho que foi proposital, para mostrar como as empregadas domésticas são invisibilizadas. Ela chega na casa de Dona Clotilde ainda adolescente, e logo Renan, o filho mais velho da família, começa a visitá-la de noite no quartinho de serviço, e ela eventualmente fica grávida. A família descobre, manda Renan para os Estados Unidos (que nunca fica sabendo da gravidez) e passa a prover alguns recursos para a filha, sob promessa de que nunca se conte para ela quem é o verdadeiro pai. A Avó envelhece, cada vez mais explorada por Dona Clotilde, enquanto sua filha cresce envergonhada de sua mãe.
A menina cresce, e é Anna. Seus estudos de atriz são pagos por Dona Clotilde, e a cada dia que passa ela se sente mais e mais desconectada da mãe/Avó, e a família rica de Copacabana. É quando ela sai de casa, vai morar numa pensão e conhece o tal diretor alemão. Quando ela se casa com ele e se muda para a Alemanha, a vida dela piora. Ela se vê trancada dentro de casa, esposa de um marido que viaja o tempo todo e a deixa isolada de tudo e todos, sem saber falar o idioma e sem emprego. Anna vive uma vida meio "Papel de Parede Amarelo". Ela engravida do marido, mas imediatamente rejeita o bebê. Ele não permite que ela faça um aborto então, quando a criança nasce, Anna a abandona em um parque e foge de volta para o Brasil.
A criança abandonada no parque é Maike. Maike sente uma atração inexplicável pelo Brasil e pelo português, e sente que não pertence à família que tem (ela não sabe que é adotada). Essa desconexão se avoluma dentro dela até que fica insuportável. Quando ela vem de intercâmbio para o Rio de Janeiro, falando um parco português, ela chega na terça-feira de Carnaval e conhece pessoas ao longo do dia, no meio da folia. Estas pessoas a levam a uma peça de teatro - e adivinhem quem é a atriz da peça? Anna. E quem está na calçada do lado de fora do teatro, falando coisas sem sentido na sarjeta? A Avó.
A Avó não sabe que está falando com sua neta, e vice-versa. Maike também não sabe que sua mãe é a protagonista da peça, e Anna não tem a menor ideia de que sua filha, abandonada quase vinte anos atrás, está ali no teatro. As três gerações da família se reúnem, sem saber deste encontro, sem ter a menor ideia de que tudo o que procuram está, literalmente, ao alcance das mãos. Esse reencontro/desencontro é de partir o coração, e fiquei profundamente emocionada. E é só nesta cena que o leitor descobre que elas são Avó-Mãe- Filha. Lindo, lindo, lindo.
É uma leitura que recomendo muito.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 4/5
É uma leitura que recomendo muito.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 4/5
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