Já Li #171 - O Sonhador, Vol. 1: O Chamado do Falcão, de Maggie Stiefvater

 

Fazia, mais ou menos, dez anos que eu não lia Maggie Stiefvater, e finalmente voltei às suas obras com a série "O Sonhador" e seu primeiro volume, "O Chamado do Falcão".

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Antes de falarmos sobre este livro, é necessário relembrar o universo que Stiefvater criou em "A Saga dos Corvos". "O Sonhador" traz de volta dois personagens desta saga, Ronan e Adam, que na "Saga dos Corvos" eram personagens secundários extremamente importantes na construção da jornada dos protagonistas, Blue e Gansey. Blue não é mencionada em "O Chamado do Falcão", mas Gansey aparece em pensamentos e memórias de Ronan. Se você não leu a "Saga dos Corvos", não se preocupe, porque dá para entender a história tranquilamente.

A história de "O Chamado do Falcão" tem dois protagonistas, ambos Sonhadores. Um deles é Ronan, que traz de seus sonhos uma variedade enorme (e assustadora) de monstruosidades e catástrofes, que colocam em risco a vida das pessoas ao seu redor, sobretudo Adam, seu namorado. A outra personagem principal é Jordan, que é uma das doze cópias de Henessy, uma Sonhadora que traz uma cópia de si mesma a cada vez que sonha. Jordan começa a adquirir uma narrativa e uma personalidade próprias, cada vez se afastando mais de Henessy.

Há também uma subplot entre Carmen Farooq-Lane, Parsifal e um possível apocalipse. Carmen é uma caçadora de Sonhadores pois existe uma profecia que diz que será um Sonhador que irá destruir o mundo. E aqui é a primeira crítica a respeito deste livro, que é a total confusão desta subplot. Primeiro, que eu demorei muito para entender qual era a missão de Carmen, para quem ela trabalhava e quem era Parsifal. Stiefvater tentou manter um ar de mistério, mas acabou deixando a narrativa confusa, com diálogos que não faziam sentido e uma trama que demorou para desenrolar. Tudo isso só piorou quando ela introduziu, em paralelo, a personagem que seria a substituta de Parsifal, Liliana. Se Stiefvater tinha a intenção de despertar a curiosidade para os próximos volumes, para mim não funcionou.

Também não gostei que demorou bastante até Ronan encontrar a Hennesy, e acho que eles deviam ter se conhecido mais cedo na história, para que houvesse mais profundidade. A cena que eles estão na floresta sobre a linha ley (Lindemmere?) e Ronan tenta ensiná-la a controlar os sonhos é muito legal, poderia ter sido melhor aproveitada. E toda o mistério ao redor de Bryce e da Renda, assim como mencionei acima, ficou confuso, de novo com Stiefvater tentando criar um suspense que não aconteceu. Não entendi quem é Bryce, não entendi como e porque ele conversa nos sonhos com Rondan, não consegui imaginar a Renda direito... enfim, não me pegou.

Além disso, teve toda a narrativa ao redor do quadro que retratava a mãe de Ronan, a cópia dela e a cópia de seu pai, elementos que pensei que chegariam em algum lugar interessante, mas não acontece nada de relevante com nenhum deles. O quadro só serviu para aproximar Declan (irmão de Ronan) de Jordan, mas achei uma solução muito confusa para algo tão trivial. Ah, e tem a Bouducca (?), máfia formada por mulheres, que também não chegou em lugar nenhum.

Para não dizer que não gostei de nada, os pontos positivos para mim foram:
Matthew descobrindo que é um sonho. Me deu uma dó do menino quando ele descobriu que, pior do que não ter órgãos internos, tudo o que lhe contaram ao logo da vida era uma mentira.
Jordan é uma personagem muito interessante e senti que nem precisávamos de Henessy. Por mim, o livo todo teria sido só sobre ela.
E gostei também dessa ideia de cópias de uma pessoa saindo dos sonhos. Me remeteu a algo meio ficção-científica que poderia ser escalado para algo bem genial.

Eu entendo que Stiefvater tentou deixar pontas soltas de propósito para deixar o leitor querendo mais, mas precisamos ter o mínimo de resolução e coerência interna para que isso aconteça, e não acho que a autora conseguiu. Por isso, não é uma leitura que eu recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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