Confesso que eu tive um pouco de pré-conceito com esta saga. Achei que ela poderia ser superficial e não sabia se eu iria gostar da escrita de Maggie Stiefvater. Ainda bem que não me deixei levar por essas bobagens, pois "A Saga dos Corvos" é uma excelente leitura para quem gosta de fantasia e sobrenatural.
"A Saga dos Corvos", atualmente, é composta por três livros publicados e um quarto volume que sairá apenas em Outubro deste ano (para minha tristeza). Os três volumes publicados são: Os Garotos Corvos, Ladrões de Sonhos e Lírio Azul, Azul Lírio.
A saga gira em torno de Blue, Gansey, Noah, Ronan e Adam, que se alternam como protagonistas dos três volumes. Trata-se de um livro de fantasia em um ambiente urbano, na cidade de Henrietta (Virgínia/EUA), cidade esta que é conhecida pelos acontecimentos sobrenaturais que a cercam. No primeiro livro, "Os Garotos Corvos", somos apresentados a estas personagens, mas principalmente Blue e Gansey.
Blue faz parte de uma família de videntes e mora com sua mãe e as amigas médiuns desta última. Porém, Blue é o único membro da família que não tem poderes mediúnicos e, por isso, ela se sente deslocada em meio à movimentação e burburinho de sua própria casa. Um dia, ela acompanha uma das amigas médiuns de sua mãe, Neeve, à uma igreja local, na véspera do dia de São Marcos. Neste dia, as médiuns conseguem ver quem são as pessoas que irão morrer no próximo ano, e anotam os nomes destas pessoas em um caderninho para avisá-las posteriormente. Blue nunca consegue ver nada, até que visualiza o espírito de um menino que diz se chamar Gansey, mas ela ainda não o conhece. Além disso, Blue tem uma profecia que escuta desde que é criança: ela irá matar seu amor verdadeiro com um beijo.
Gansey estuda em uma renomada escola local, chamada Aglionby, cujo símbolo é um corvo, e por isso eles são chamados de Garotos Corvos. Ele é carismático, liderante, popular e consegue tudo o que quer. Vem de uma família muito rica e bem relacionada. No dia seguinte ao acontecimento da igreja, ele e seus amigos (Adam, Ronan e Noah) vão ao restaurante onde Blue trabalha e, então, ela conhece o garoto de quem previu a morte.
Gansey está em busca de uma lenda: Glendower, o Rei Corvo. Ele acredita que existe uma linha de energia sobrenatural no mundo, chamada linha ley que, uma vez que seja encontrada e despertada, pode fazer com que os mortos voltem à vida. Gansey quer despertar Glendower por motivos que só ficarão claros ao longo da saga (não quero dar spoilers). E, uma vez que ele consiga encontrar tanto a linha ley quanto Glendower, ele poderá pedir um favor ao Rei, em retribuição.
Esta é a premissa que aparece no primeiro livro, mas gostei mais do segundo volume, "Ladrões de Sonhos". Neste, o protagonista é Ronan, que é a personagem mais interessante e mais misteriosa da saga, na minha opinião. Ao longo do segundo e terceiro livros, a busca pela linha ley e por Glendower se intensifica, com maior participação das personagens coadjuvantes da estória, e envolve crimes que precisam ser solucionados, casos de abuso e violência e romance adolescente, além dos mistérios sobrenaturais que os Garotos Corvos e Blue precisam decifrar.
É um livro diferente de tudo o que li até hoje. Há momentos de tensão e terror, daqueles que ficamos com medo de apagar as luzes e nos depararmos com os monstros que Maggie criou, chamados de horrores noturnos e que perseguem Ronan. Há os momentos de fantasia e sobrenatural, que são muito bem escritos e são um ótimo exercício de imaginação. E há os momentos subjetivos e emotivos das personagens, com seus relacionamentos conturbados, sobretudo com suas famílias.
Mas Maggie me fisgou mesmo com a sua construção das personagens. Ela os escreveu tão bem que me senti sendo amiga deles e, entre uma leitura e outra, enquanto o próximo livro não chegava na minha casa, eu senti saudade deles. Sei que parece besteira falando assim (ou será que não?), mas é esta a sensação que a escrita de Maggie provoca. Blue é uma ótima personagem feminina, longe de todos os clichês e muito próxima da nossa realidade. Gansey é irremediavelmente apaixonante. Adam, o único dos Garotos Corvos que vem de uma família pobre, conquista o leitor com sua humildade, seu silêncio e sua amargura. Noah me lembrou a personagem L, do mangá Death Note. E Ronan, perturbado, violento e agressivo, sempre com um comentário sarcástico pronto, mas humano como poucos são.
A leitura flui, fácil e gostosa, e eu recomendo muitíssimo a leitura desta saga. E se você a leu, por favor, venha debater comigo, pois estou doida para falar sobre os incríveis garotos corvos.
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