Já Li #151 - A Voz da Sereia Volta Neste Livro, de Amanda Lovelace


Amanda Lovelace me fez gostar de poesia e acho que isso diz muito sobre a capacidade dela de dizer as verdades que temos medo de enfrentar. No post de hoje, falarei sobre o terceiro livro da série "As Mulheres tem uma Espécie de Magia", entitulado "A Voz da Sereia Volta neste Livro".

Desta trilogia que mencionei acima, eu li o primeiro volume, "A Bruxa não vai para a Fogueira Neste Livro", e você pode conferir a resenha completa dele aqui. Na época, a leitura fez parte de um desafio muito legal chamado 12 Grandes Livros com Grandes Mulheres, e você pode conferir todos os livros que fizeram parte deste desafio neste link
E se você quer conhecer mais poetas e poetisas interessantes, recomendo também este post

Amanda Lovelace explica que, nos dois volumes anteriores (o segundo volume se chama "A Princesa Salva a si Mesma Neste Livro"), ela estava encontrando sua voz, tanto como mulher quanto como escritora, e que tinha receio de que o seu conteúdo não fosse bem aceito pelo mercado editorial e pelo público. Por isso, nos primeiros volumes, embora ela compartilhe bastante coisa de sua vida pessoal através dos poemas, somente neste terceiro livro seus traumas ficam claros. Por ele, sabemos que Lovelace sofreu abuso sexual quando jovem e violência doméstica quando adulta, e tenta encontrar sua cura através das palavras.


Ao longo dos poemas, Lovelace tenta equilibrar o peso de uns com a leveza dos próximos, então ora ela fala abertamente sobre o trauma que carrega até os dias de hoje, e ora traz esperança de uma cura (recuperação, sobrevivência). Eu gostei bastante de alguns poemas curtinhos onde ela fala sobre ser vítima ou ser sobrevivente, e não se identificar inteiramente nem com uma e nem com outra. Também gostei do final, quando ela larga a poesia e escreve diretamente para as leitoras, reforçando que cada mulher tem sua própria jornada e a dela não é melhor nem pior do que a de ninguém, é apenas dela. 

Outra coisa que gostei nesta leitura foi a rapidez. Li em uma sentada só, enquanto esperava por um vôo no aeroporto, e achei que os poemas fluem muito bem entre si e, acima de tudo, não soam pretensiosos. Meu grande problema com poesia é que sempre acho ela meio esnobe, como se fosse escrita de propósito para fazer você se sentir burro(a), daí eu não ter gostado de "Um útero é do tamanho de um punho" da Angélica Freitas. Lovelace, ao contrário, é simples e descomplicada, o que fez eu me conectar ao conteúdo.

Entretanto, todavia, contudo, preciso dizer que não me animei em ler o segundo volume da trilogia, e também não me empolguei muito com os livros recentemente publicados por ela. Fiquei com uma sensação incômoda de repetição, como se Lovelace estivesse presa em um estilo - ou em uma expectativa do que deveria ser seu estilo, o que fez com que alguns poemas parecessem "falsos", ou construídos/polidos em excesso. Para seguir acompanhando suas obras, acho que vou esperar Lovelace se curar um pouquinho mais e retorno quando ela tiver algo novo a dizer.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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