Sou um pouco relutante sobre abandonar um livro no meio da leitura. Antes de chegar nesta opção, tento acreditar que o(a) escritor(a) vai conseguir dar a volta por cima, leio resenhas positivas sobre o livro para me deixar otimista, deixo ele um pouquinho de lado antes de retomar... Mas, às vezes, o livro é realmente ruim e é impossível chegar ao final da história. Por isso, separei aqui mais cinco livros que abandonei no meio do caminho.
Caso você queira ver a parte 1 desta lista, clique aqui:
1. Crônicas de Duna, Vol.3: "Os Filhos de Duna", de Frank Herbert
Eu sei, eu sei, "Duna" é um marco da ficção-científica e os fãs do gênero talvez vão me odiar por este livro estar aqui na lista.
O primeiro volume da série, "Duna", achei excelente, tanto que virou Sugestão de Leitura aqui no blog (a resenha pode ser lida aqui). Fiquei bastante entusiasmada para seguir adiante nas Crônicas mas, quando cheguei no segundo livro, "Messias de Duna", já tive uma enorme dificuldade de terminar a leitura, tamanha a chatice do enredo (a resenha pode ser acessada neste link).
Contudo, estamos falando de Frank Herbert e de um universo muito marcante em sci-fi, então resolvi respirar fundo e dar mais uma chance para o autor. Simplesmente, não rolou. "Os Filhos de Duna" é repetitivo, parado, o estilo de escrita de Herbert é maçante e arrogante, os personagens são chatíssimos e eu mal consegui passar dos 40% de leitura. Adeus, Crônicas, não quero saber como vocês terminam, beijos.
2. O Legado de Orisha, Vol.1: "Filhos de Sangue e Osso", de Tomi Adeyemi
Esse foi um dos livros que me senti estranha por abandoná-lo, já que o hype ao redor dele foi imenso na época da publicação.
Explorações do poder social, o retrato das tensões e perseguições raciais, o preconceito e as desigualdades estruturais que ressoam com o nosso próprio mundo/tempo, tudo isso deveria ter sido suficiente para que eu gostasse da leitura, mas eu tinha tantos outros problemas que achei muito difícil continuar interessada.
Além do enredo excessivamente reciclado, tive três grandes problemas com este livro: o romance (sem nenhuma química ou razão de existir na história), o sistema mágico (confuso, mal explorado e cheio de pontas soltas) e os personagens (imaturos, bobos, sem arco de desenvolvimento decente). Ou seja, o que sobra para continuar a leitura? Quase nada.
3. "Jonathan Strange & Mr. Norrell", de Susanna Clarke
Fiquei bastante empolgada com a sinopse de uma história onde a mágica estava perdida há seculos na Inglaterra e seria reencontrada. Porém, não precisei de muito tempo de leitura para perceber que não iria valer a pena continuar neste livro.
Vamos falar sobre as notas de rodapé. Uuuugh, as notas de rodapé. Elas eram interessantes no começo, porque o livro foi escrito como um livro de História da Inglaterra do século sei-lá-qual, mas depois de um tempo elas ficaram tão longas e tão desconectadas com o enredo principal que se tornaram chatíssimas. E quando o enredo finalmente engrenava, Susanna Clarke avançava dois ou dez anos na história, o que acabava com o pouco ritmo de leitura conseguido. Não deu.
4. As Memórias de Cleópatra, Vol.1: "A Filha de Ísis", de Margaret George
Adoro ler ficção histórica, sobretudo quando se trata de mulheres fortes que não receberam o devido crédito. Por isso, fiquei interessada em ler este livro, que prometia ser uma reconstrução (meio histórica, meio ficcional) da tragédia da Rainha Cleópatra do Egito, tida como muito vanguardista e empoderada para sua época.
Nossa, mas que baita chatice de enredo. Abandonei o livro por volta dos 20% de leitura depois de fazer um tremendo esforço para seguir na leitura. Um dos principais problemas foi a tom exaustivamente expositivo de todas as sentenças escritas por Margaret George. Embora o livro seja narrado em primeira pessoa pela própria Cleópatra, cada parágrafo parecia saído de uma tese de TCC, pois não havia emoção e muito menos ação/movimento em nada. Além disso, os cenários, paisagens, pessoas e vestimentas são descritos o tempo todo, o que não ajudou em nada a manter meu interesse na leitura.
5. "O Sol é Para Todos", de Harper Lee
Tentei ler este livro três vezes e, por três vezes, desisti. Me esforcei por saber que ele é um clássico e o tema me interessa (um advogado que decide defender um negro contra acusações de estupro de uma branca).
Todo mundo parece elogiar esse romance e considerá-lo uma obra-prima literária. O que obtive deste livro foi: tédio, lentidão, secura, confusão e cenas aleatórias desnecessárias que não ajudaram em nada. O tédio foi tão grande que, quase cem páginas de leitura depois, eu não me importava com nada nem com ninguém, porque Harper Lee conseguiu provocar em mim zero conexões.
Isso sem falar que tive ressalvas em vários pontos sobre o que consegui ler como, por exemplo, a "síndrome de White Savior" de Atticus e o total descaso com os testemunhos da vítima de estupro, que sequer são levados em consideração. Mas, como não tive nenhuma vontade de saber como as coisas terminavam, não sei se Harper Lee se redimiu ou não até o final do livro.
E você, já abandonou um livro que todo mundo parece gostar? Deixe aqui nos comentários para que não sentir que sou a única! (:
1 Comments
Olá!
ResponderExcluirRealmente, o livro O Sol é para todos é muito bem falado, e nem esperava que pudesse ver alguma resenha negativa dele. Mas gostei de saber a sua breve opinião, quero muito lê-lo para tirar minhas próprias conclusões. Eu não vejo grandes problemas em abandonar livros, se eu chegar na página 50 e estiver tendo dificuldades em prosseguir com a história, abandono mesmo rsrs.
Gostei da postagem :)
Todas as belas estórias