Tempos atrás, comentei que estou lendo 8 séries literárias e "As Crônicas de Duna" de Frank Herbert é uma delas. Neste post, falarei sobre o segundo volume, "O Messias de Duna".
Costumo dizer que esta saga mistura "O Senhor dos Anéis" com "Star Wars". É uma ficção-científica de altíssimo nível, escrita para os admiradores do gênero. Duna, na realidade, é todo o Universo criado por Frank Herbert que, posteriormente, foi continuado por Kevin J. Anderson e Brian Herbert (filho de Frank). Este Universo abarca um período de 17 mil anos, distribuídos em doze livros. A série original de Frank Herbert é composta por seis livros.
Em um futuro distante, vários planetas disputam o poder da Galáxia. Cada planeta é considerado um feudo, governado por uma Casa Maior. Neste contexto, um dos planetas, Caladan, é governado pela família Atreides (o duque Leto e, seu filho, Paul). A família Atreides é obrigada pelo Imperador a mudar-se para Arrakis, um planeta completamente imerso no deserto, com um modo de vida extremamente difícil e particular, e os livros contam a estória da família. Falei sobre o Vol. 1: Duna.
Este volume começa doze anos depois do término do volume anterior. Assim, logo no início da estória, o leitor é contextualizado nas mudanças que se operaram neste período de tempo: Paul Artreides, agora Imperador, conseguiu levar água para todo o povo de Arrakis. Porém, este novo cenário não agradou aos fremen, o povo nativo do planeta que estava acostumado com sua vida no deserto. Além disso, Paul torna-se mais do que um Imperador, e sim, uma figura de fanatismo religioso, endeusado pela população (mesmo com a insatisfação com o "excesso" de água).
Paul se vê diante de uma verdadeira jihad, ou seja, um grande esforço e movimento da população em levá-lo como uma religião a outros planetas, convertendo-o numa figura de adoração cega e fanatismo. Paul fica completamente desconfortável com esta posição e tenta encontrar maneiras de terminar esta jihad, antes que ela promova uma guerra entre os planetas do Império.
Em pararelo, Paul precisa deixar um herdeiro ao trono, pois ele vê sua própria morte iminiente em suas visões e profecias. Porém, ele não quer engravidar Irulan, sua esposa oficial e rainha por direito, pois Paul ama e relaciona-se, na realidade, com a fremen Chani. Se ele gerar um filho com Chani, este filho não será considerado herdeiro oficial do trono. Irulan se aproveita desta "fraqueza" de Paul para começar um complô político para colocar um herdeiro seu no trono o quanto antes, e matar Paul.
Diferente do primeiro volume, que trouxe diversas camadas na estória (econômica, política, psicológica, social, fantasiosa, tecnológica, religiosa, etc), o segundo volume concentra-se somente das camadas política e psicológica. Talvez por isso, eu não tenha gostado tanto da leitura deste livro quanto gostei do primeiro. Na minha opinião, "Duna" é uma obra de arte da ficção-científica, trazendo novos conceitos, idéias e cenários para a Literatura. Já "O Messias de Duna" não me causou o mesmo encantamento.
A leitura foi tornando-se cansativa ao longo do enredo, pois este se baseou nos conchavos políticos para destronar Paul e em seu tormento psicológico em não querer ser um Deus. Em um dado momento, a única coisa que sustentou minha leitura foi Duncan Idaho.
Duncan Idaho é uma personagem muito interessante. No primeiro volume, ele aparece como "um homem que nenhuma mulher consegue recusar-se a compartilhar a cama" e é um guerreiro leal e feroz, salvando a vida de Paul. Morto nesta batalha, ele ressurge no segundo volume através de um ghola. Gholas são criaturas que tomam conta do corpo, da memória e da personalidade de pessoas mortas, trazendo-os à vida novamente. Assim, a personalidade do ghola Hayt se mistura à personalidade de Duncan, criando uma personagem, no mínimo, intrigante.
Mas nem Duncan fez ressurgir em mim o fervor que senti ao ler o primeiro volume e, por isso, não pretendo continuar a série de Frank Herbert.
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