Já Li #93 - Wayfarers, vol.3: Record of a Spaceborn Few, de Becky Chambers
É sempre triste quando uma trilogia muito boa chega ao fim. Assim, é com uma mistura de empolgação e nostalgia que chego ao terceiro volume da trilogia Wayfarers, "Record of a Spaceborn Few", de Becky Chambers.
Caso você queira ler as resenhas dos volumes anteriores, navegue nos links abaixo:
Os três volumes da trilogia Wayfarers se passam no universo ficcional de Galactic Commons (GC), um sistema composto por nove planetas, incluindo a Terra, e que abriga cerca de dez espécies diferentes de sapientes, ou seja, criaturas dotadas de inteligência. Um dos grandes trunfos de Becky Chambers nesta trilogia foi o de ter criado espécies muito criativas e interessantes, cada uma dotada de características, cultura e História/política próprias, o que torna a leitura muito rica.
"Record of a Spaceborn Few", ainda não publicado no Brasil pela DarkSide, traz protagonistas diferentes dos demais volumes - o que também aconteceu no segundo livro.
As estórias de Wayfarers se passam séculos depois que os últimos humanos deixaram a Terra e, agora, a Humanidade vive na expedição Exodus. A expedição é formada por diversas naves espaciais, que vagam pela órbita do GC sem lugar fixo, e abrigam várias famílias humanas em um só lugar. Neste terceiro volume, uma das discussões centrais do enredo é a necessidade do ser humano de ter um ambiente completamente artificial para conseguir sobreviver no Universo, pois Becky Chambers nos descreve como uma das espécies mais frágeis e emocionais do GC.
A exemplo dos livros anteriores, os capítulos se alternam entre as personagens, cada uma com seu ponto-de-vista e seu arco. Aqui temos Tessa, a irmã de Ashby (que aparece no volume 1), que vê seu emprego ameaçado pela presença maciça das Inteligências Artificiais (o que também é uma referência aos dois volumes anteriores da trilogia - Olá, Lovelace! Saudades!). Também temos Kip, um adolescente entediado que não sabe muito bem qual é o seu papel na expedição. Há alguns capítulos destinados a Isabel, uma arquivista que mantém os registros da história da Humanidade, e Eya, a cerimonistalista responsável pelos funerais - uma prática que nenhuma outra espécie do GC entende ou faz. E, por fim, Sawyer, que vai para a expedição em busca de uma aventura.
Não gostei de Kip e ele poderia facilmente ter sido excluído da estória. Becky retratou um adolescente clichê e enfadonho, que não agrega muito à narrativa. Por outro lado, Sawyer é uma personagem misteriosa e cheia de camadas que merecia ter tido mais destaque na trama.
Gostei particularmente das discussões sobre como nós, seres humanos, enxergamos a morte, discussões estas que são derivadas de Eya. E como li o livro num momento pessoal/familiar delicado, estas partes mexeram muito comigo.
Tenho apenas duas ressalvas em relação aos volumes anteriores da trilogia.
A primeira é a pouca presença das outras espécies no enredo. Você viu que eu comentei que a genialidade destas criações é um dos pontos fortes de Becky, e não entendi porque ela não explorou isso neste volume. Senti falta dos Aelun e dos Aandrisk, principalmente, que me cativaram completamente no volume 1.
A segunda ressalva é que a falta de integração entre as estórias das personagens. Nos outros livros, Becky costurou os enredos de forma incrível, até surpreendente. Aqui, no entanto, às vezes as vidas de cada personagem pareceram muito separadas dos demais, o que não promoveu uma leitura fluida.
De forma geral, o volume 3 não me encantou como os outros dois. Mas, pensando na trilogia como um todo, definitivamente eu recomendo. Becky Chambers representa uma nova escola de ficção-científica, longe dos machismos de Arthur C. Clarke e da falta de representatividade de seus colegas escritores. Mal posso esperar pelos próximos livros dela. (:
1 Comments
Tenho muuuuuita vontade de ler os 3 só vejo comentários positivos!
ResponderExcluirbeijos
renatavarelaescreve.blogspot.com