É tão bom poder resenhar mais um livro do mestre da fantasia Brandon Sanderson. No post de hoje, a recomendação de leitura é "Warbreaker", com suas minas protagonistas badass.
Se você acompanha o blog, pelo menos um pouquinho, já sabe que Brandon Sanderson é um dos meus escritores preferidos. Aqui no Perplexidade e Silêncio tem mais de 20 posts sobre ele e suas obras. Por isso, se você quiser conhecê-lo melhor, digite o nome dele na busca e divirta-se!
"Warbreaker" foi publicado em 2009, capítulo por capítulo, no blog do autor, que nunca se incomodou em compartilhar seus livros gratuitamente na internet. Este livro se passa no universo de Cosmere, o mesmo cenário de "Elantris" e "Mistborn". Sanderson faz referências discretas a outros livros e personagens que fazem parte da Cosmere, formando uma saga épica. A idéia central desta Cosmere é que uma entidade maléfica, Adonalsium, foi dividida em 16 partes pelo mundo de Yolen. Cada um destes fragmentos cria um poder e uma sociedade (em "Elantris" é um fragmento, em "Mistborn" outro, e assim por diante).
REI DA FANTASIA. Não me canso de dizer.
As protagonistas de "Warbreaker" são duas irmãs, Siri e Vivenna (ambas na fanart que abre este post). Elas são as princesas do reino de Idrian. Vivenna está prometida desde que nasceu ao Deus-Rei, da rival Hallandren, com o objetivo de evitar uma guerra entre os dois reinos. Contudo, o pai delas desiste de enviar Vivenna pois ela é sua filha preferida e, em seu lugar, envia Siri. O rei quer se livrar da presença impulsiva e inquisitiva de Siri, que sempre teve dificuldade em obedecer regras.
Para o sistema fantástico do enredo, Sanderson criou um poder que extrai propriedades das cores e, além disso, que a alma contendo estes poderes pode ser transmitida (voluntariamente) a outra pessoa através da respiração. O povo de Idrian condena veementemente o uso destes poderes mas, quando Siri chega a Hallandren, ela percebe que muitos dos ensinamentos que recebeu quando criança não fazem sentido, e ela começa a ter mais respeito pela cultura e sociedade de seus inimigos. Vivenna, preocupada com a vida de Siri e indignada por ter sido destituída de sua missão, vai atrás da irmã e sente mais intensa e profundamente o impacto das diferenças culturais entre os reinos.
Siri se casa com o Deus-Rei e é orientada a nunca falar com ele, uma vez que sua tirania e impaciência são conhecidas por todo o reino. Amedontrada, ela se conforma com seu destino e tenta encontrar formas de se aproximar do Deus-Rei para engravidar, já que só um filho deles poderá garantir a paz entre Idrian e Halladren. O Deus-Rei, chamado Susebron, é a melhor surpresa deste livro e, por isso, não irei entrar em maiores detalhes sobre ele para não dar spoilers.
Em paralelo, Vivenna vai em busca do espião de seu pai na cidade, Lemex, mas descobre que ele está morto. Os mercenários que trabalhavam, Denth e Tonk Fah, para Lemex passam a trabalhar para ela. A dinâmica entre eles é muito boa, mostrando o que Sanderson sabe fazer de melhor: criar os relacionamentos entre as personagens. Comento isso sobre ele em todas as resenhas porque ele é perito nisso. Vivenna logo descobre que os mercenários não são exatamente quem dizem ser, um dos pontos altos da trama - que também não quero detalhar para não dar spoilers.
Siri e Vivenna lutam para que não haja guerra entre os reinos, daí o nome da obra, mas elas fazem isso de forma diferente. Siri usa seu lado rebelde e questionador para tirar Susebron de sua zona de conforto e, por causa da influência dela, o Deus-Rei começa a investigar seus padres de confiança. Vivenna, sempre controlada e dona de si, se vê às portas da prostituição e da inanição e muda radicalmente seus valores e conduta. Vivenna, em certos sentidos, é mais interessante que Siri, mas ambas são personagens femininas maravilhosas.
Minha maior ressalva é em relação ao sistema mágico de Sanderson neste livro. Achei que ele misturou muitos elementos, o que deixou a obra poluída. Na trama, há o poder extraído das cores e os Níveis de Evolução de cada pessoa. Os Níveis, por sua vez, estão atrelados ao número de almas que a pessoa tem dentro dela (o que não tem relação com as cores). E, por fim, dependendo do Nível, a pessoa pode dar vida a objetos através de comandos. Além disso, há ainda a possibilidade de ressuscitar os mortos e transferir a alma de geração para geração, transformando a pessoa em um Deus. Estes elementos fantásticos, isoladamente, são originais e interessantes mas, quando colocados juntos, deixam a estória confusa.
Ainda assim, é uma leitura que recomendo. Sanderson é criativo e escreve muito bem. Suas personagens são profundas e reais, que logo fazem o leitor se apegar à estória. Há ação, conflitos e surpresas. De forma geral, fiquei muito entretida na leitura e lamentei quando o livro acabou.
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