Top 5 | Cinco livros para apresentar a literatura nigeriana


A literatura nigeriana tem muita coisa boa - e empoderada - que você precisa conhecer. Separei cinco escritoras para ler e amar.

1. O Legado de Orisha, vol. 1: Filhos de Sangue e Osso, de Tomi Adeyemi

Tomi Adeyemi nasceu nos Estados Unidos, logo após seus pais terem imigrado da Nigéria. Eles, ambos de origem humilde, tinham vergonha de suas raízes africanas e tentaram esconder este fato de Tomi por quase toda sua infância. Foi somente aos 18 anos que Tomi resolveu abraçar suas origens e, também, quando escreveu seu primeiro livro com uma protagonista negra.
O primeiro volume da série "O Legado de Orisha", entitulado "Filhos de Sangue e Osso" foi inspirado na cultura Yoruba, que tem uma religião rica em simbolismos e deuses, explorados por Tomi de forma fantástica (literalmente), trazendo para a estória um quê de magia que, às vezes, lembra Harry Potter.
O cenário de fundo é a luta de poder entre os maji - as pessoas que conseguem acessar a espiritualidade dos deuses e transformar o mundo ao seu redor (fogo, terra, ar, água, tempo, espaço, morte, etc.) - e os kosidán, a elite de Orïsha. Dentro deste pano de fundo, a protagonista é Zélie, filha de mãe maji e pai kosidán, que tem como seu Destino a missão de restituir os poderes mágicos a todos os maji.

2. Quem Teme a Morte, de Nnedi Okorafor

Nnedi Okorafor vem de uma família igbo, ou seja, originária do sudoeste da Nigéria. Ela nasceu nos Estados Unidos quando seus pais não puderam retornar ao país por causa da Guerra Civil, quando os igbos quiseram independência do restante do país. Desde criança, Nnedi gostava de ciências e já na escola começou a escrever contos de ficção-científica. 
"Quem Teme a Morte", publicado em 2010, é o primeiro romance adulto de Nnedi, que até então só tinha escrito para o público infantojuvenil. O livro se passa numa África pós-apocalíptica, onde um povo chamado Nuru escraviza os Okeke. Os Nuru são pessoas de pele clara enquanto os Okeke são pessoas de pele escura. 
A protagonista é Onyesonwu, que significa "quem teme a morte" em igbo. Sua mãe, uma sacerdotisa Okeke, foi estuprada por um conquistador Nuru, dando origem a Onye, que é considerada uma Ewu, ou seja, a mistura entre Okeke e Nuru. Os Ewus são considerados seres malignos, pois são nascidos do ódio e da violência.
Para ler a resenha completa deste livro, clique aqui.

3. Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

É impossível não dedicar um espaço do post para falar sobre Chimamanda. Nascida em Enugu, na Nigéria, ela é a quinta de seis crianças igbo. Ela estudou Medicina por um ano e meio, quando decidiu ir para os Estados Unidos formar-se em Ciências Políticas. Também formada em Escrita Criativa e Estudos Africanos, Chimamanda logo tornou-se referência quando o assunto é raça, empoderamento feminino e preconceito.
"Americanah" é seu terceiro romance, publicado em 2013. A obra conta a estória de Ifemelu, uma nigeriana também igbo que decide mudar-se para os Estados Unidos, não só por causa da perspectiva de obter um estudo melhor e, consequentemente, um bom emprego, como também na tentativa de encontrar um lugar ao qual se sinta pertencente. O livro começa anunciando que Ifemelu, depois de treze morando nos Estados Unidos, decide retornar à Nigéria, a despeito de todo o ceticismo de amigos e familiares próximos, que acreditam ser uma decisão errada.
Para ler a resenha completa, clique aqui

4. Tudo de Bom Vai Acontecer, de Sefi Atta

Nascida em Lagos, Sefi Atta tem uma fundação chamada Care to Read que ensina crianças nigerianas a ler, como um complemento à educação tradicional que elas recebem. 
Em meio à guerra civil nigeriana e à sucessão de golpes militares que abalam o país, Enitan Taiwo e Sheri Bakare tornam-se amigas. Apesar de ainda não compreenderem os problemas terríveis de seu país, as duas meninas de 11 anos crescem enfrentando o terror da repressão política e a reprovação da mãe de Enitan, que considera Sheri uma péssima companhia para a filha. A partir dessa amizade clandestina, Enitan abandona a inocência da infância. Ao longo de três décadas confrontando-se com o peso da tradição e o desejo de mudança, ela mergulha nas contradições da terra onde nasceu e descobre que a felicidade é uma batalha constante em um país escravizado por seu passado.

5. Efuru, de Flora Nwapa

Flora Nwapa, falecida em 1993, é considerada a mãe da literatura nigeriana moderna. Ela também foi a primeira escritora africana a ter um livro publicado em inglês. Além disso, Flora trabalhou ativamente na reconstrução do país depois da Guerra da Biafra, bem como ajudou órfãos e refugiados que perderam tudo nesta mesma guerra. E, para coroar tudo isso, Flora abriu uma editora, a Tana Press, com o objetivo de publicar escritoras nigerianas e levar suas palavras para o resto do mundo. Não tem como não amar essa mulher.
Publicado em 1966, "Efuru", o nome da protagonista, conta a estória de uma mulher igbo que fica dividida entre sua vida independente como negociante/mercadora e o profundo desejo de ser mãe. Infelizmente, o livro não foi publicado em português, mas vale muito a leitura para quem pode lê-lo em inglês.

Mulheres incríveis e escritoras talentosas. Elas merecem muito amor e respeito.


1 Comments

  1. Oi, Ruh! <3 Nossa, amei seu post! Eu tenho amado cada vez mais a literatura africana, acho que é um continente que sabe contar histórias de um jeito único e encantador. Fiquei interessada em Quem teme a morte, porque fiquei curiosa para conhecer a protagonista. Filhos de sangue e ossos está na minha meta do Leia Mulheres desse ano. Ainda tô pra ler Americanah, mas já li Hibisco Roxo, que achei sensacional e triste. Efuru me chamou atenção pela vida da autora. Não sei se você já leu O caminho de casa; não é literatura nigeriana, é ganesa, mas é na mesma vibe desses, acho que vai gostar :) Se tornou um dos meus livros preferidos da vida.

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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