Já Li #182 - Magisterium, Vol. 2: A Luva de Cobre, de Holly Black e Cassandra Clare

 

Seguindo na leitura da série Magisterium, nesta resenha falarei sobre o segundo volume, entitulado "A Luva de Cobre", e escrito por Holly Black e Cassandra Clare.

Para ler a resenha do primeiro volume, veja este post:
Já Li #179 - Magisterium, Vol. 1: O Desafio de Ferro, de Holly Black e Cassandra Clare

"A Luva de Cobre" começa nas férias escolares, quando Call volta para casa e para os cuidados de seu pai, Alaistar. Esse ínterim tem uma energia meio Harry Potter, quando Harry precisa retornar para o mundo dos trouxas e nada está como era antes, seja porque existem mudanças internas (descoberta dos poderes, estudo da magia, confronto de forças maléficas, etc), ou porque existem mudanças externas (Call agora tem amigos de quem sente saudade, por exemplo). Quando as coisas estavam ficando previsíveis demais, novamente Black e Clare subverteram as expectativas, trazendo uma tentativa de homicídio inesperada - Alastair tenta matar Devastação e Call, que consegue fugir quando tudo parecia destinado ao fracasso. 

Assim, este segundo volume já começa com muita ação, o que será a característica principal de toda esta narrativa. Call e seus amigos irão enfrentar vários inimigos ao longo do enredo, um mais difícil do que o anterior, e isso foi também uma agradável surpresa. Qualquer outro escritor "seguraria" estas ideias para colocá-las aos poucos, no decorrer de todos os livros da série, que é a fórmula mais clássica das sagas de fantasia, mas elas não fizeram isso. Até poderia ter sido algo negativo, no sentido de que colocar muitas ideias numa mesma história pode ficar confuso, mas elas o fizeram com maestria, trazendo movimento e dinamismo à narrativa e me deixando bastante presa à leitura.

Black e Clare trazem mais desenvolvimento das jornadas de Tamara e Aaron. Quando elas colocam os personagens em sucessivos conflitos, também é uma maneira de dizer ao leitor do que estes personagens são feitos. As personalidades deles, Call inclusivo, ficam mais marcadas, e assim também as interações entre o trio ficam mais interessantes de serem lidas. Eu percebo uma certa preocupação das escritoras em não transformar o trio em um novo Harry-Rony-Hermione, e elas vão mostrar que Tamara é diferente de Hermione quantas vezes for preciso até que não sobrem comparações.

A única parte do enredo que eu não gostei foi a relacionada a Alastair. O pai de Call sabe que ele carrega consigo a alma do Inimigo da Morte, e tenta resolver essa situação à sua maneira, no início do livro. Depois, ele rouba um artefato mágico (que, sinceramente, não entendi direito o que faz), e ali para o final achei tudo meio confuso. O pai de Call rouba mesmo o artefato, a tal Luva de Cobre do título, mas não era com a intenção que todos achavam que ele tinha, mas são tantas mentiras e meias-verdades ao longo da narrativa que eu me perdi. Fiquei só com o que interessa da parte final, e segui em frente para a leitura do terceiro volume, sem pensar muito.

Eu preferiria se elas carregassem mais a mão em Call, e talvez isso até aconteça nos próximos volumes. Eu queria ver um Call realmente torturado por ideias maléficas ou por consequências de erros cometidos, para que ele ficasse ainda mais perturbado por carregar a alma de Constantine. Eu gostaria de ver dissociação, fragmentação, sofrimento, crise existencial. Espero que elas tenham coragem de deixar o enredo mais sombrio, veremos.

Outro ponto que gostei é que, o confronto final, que seria entre Call e Constantine, acontece neste volume, mesmo que de uma maneira indireta. A princípio, Call saiu vitorioso deste confronto, mas acredito que ainda podemos esperar muitas reviravoltas no decorrer dos próximos três livros.
É uma leitura descomprometida e boa. Assim que terminei o segundo volume, já emendei no terceiro. Recomendo!

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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