Já Li #169 - Os Seis Grous, de Elizabeth Lim

 

A resenha de hoje é um retorno às fantasias inspiradas em contos-de-fada, e fazia um tempo que eu não lia uma obra com essa inspiração. Falarei sobre "Os Seis Grous", de Elizabeth Lim.

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Publicado em 2021, "Os Seis Grous" conta a história de Shiori. Ela é a única menina de uma família com sete irmãos, e é a princesa de Kiata. Kiata baniu a magia há muitos anos, tornando-a proibida, depois de encarcerar demônios nas profundezas das florestas e montanhas, e Shiori se vê obrigada a esconder os seus poderes. Ela consegue animar objetos inanimados e tem como companhia um pássaro de origami, com quem conversa e interage ao longo de toda a obra. (E sim, nós leitores nos apegamos ao origami).
Nas vésperas de seu casamento arranjado, ela resolve fugir e acaba caindo em um lago, onde quase morre afogada, mas é salva por um dragão. Logo depois desse incidente, sua madrasta, Raikama, descobre sua magia e, mais do que isso, também é descoberta por Shiori, que a vê performando um ritual de (aparentemente) magia maléfica. Raikama amaldiçoa Shiori: transforma seus irmãos em seis pássaros (grous), coloca uma tigela em sua cabeça que não sai por nada nesse mundo e, a cada palavra que Shiori emitir, um de seus irmãos irá morrer. Raikama expulsa Shiori e os pássaros de Kiata e, daí em diante, o enredo se baseia em Shiori tentando reencontrar seus irmãos e desfazer a maldição.

A ideia de Lim é baseada no conto-de-fada "Os Cisnes Selvagens", que é um conto de Hans Christian Andersen onde uma princesa resgata seus onze irmãos, transformados em cisnes por uma bruxa má.

O começo do livro é bom. Temos o relacionamento de Shiori com o dragão, que adota uma forma humana (charmosa e flertativa) para que eles possam conversar. Ele quer ajudar Shiori a controlar sua magia e, quando ela é amaldiçoada, ele aparece, de tempos em tempos, para ajudá-la a encontrar uma maneira de retomar sua antiga vida. Também é interessante ver Shiori fora do castelo, sua jornada de heroína começando, sendo tratada como demônio e medingando por comida e habitação. Shiori é uma protagonista interessante (embora não extremamente marcante) e a saudade que sente pelos irmãos é de cortar o coração.

Mas, na metade do livro, eu senti que Lim perdeu um pouco do entusiasmo. Quando Shiori é admitida no castelo do princípe com quem ela deveria ter se casado, a coisa toda ficou meio piegas para mim. O princípe, que obviamente não a reconhece como a princesa de Kiata, é romântico, corajoso, bondoso e honesto - ou seja, chato de ler. Não tenho paciência. Ele se aproxima de Shiori, porque "seu coração sempre suspeitou que ela era a princesa", e trechos desse tipo que não tenho a menor vontade de reproduzir. Achei insosso.

E tem a questão da trama em si, que eu achei confusa e, por isso, me fez perder a atenção. Acontece que existiam vilões ainda maiores que sua madrasta, que estavam atrás de uma pérola que fica alojada dentro do coração da própria madrasta e de Shiori, pérola esta colocada ali pelo dragão mencionado anteriormente. A pérola amplifica os poderes mágicos, e há quem queira esse poder para si, já que estas pérolas são raríssimas. Tanto Shiori quanto os seis irmãos são guiados na direção destes vilões (que não vou dizer quem são para não dar spoilers) sem perceber e, claro, quando percebem, a tragédia já está toda quase concluída.
Além disso - talvez essa opinião seja um pequeno spoiler - depois que somos apresentados ao formato de vilão do Snape, eu acho que o plot twist deste livro não é lá muito surpreendente.

Ainda com essas ressalvas, eu gostei do livro e recomendo a leitura, mas não pretendo seguir lendo a série.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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