Minha primeira experiência com Susanna Clarke não foi das melhores. Tentei ler "Jonathan Strange e Mr. Norrell" e não consegui passar dos primeiros capítulos. Em "Piranesi", dei uma segunda chance à autora e, neste post, vamos discutir se valeu a pena ou não.
Caso você esteja curioso por ver mais detalhes dos motivos pelos quais desisti da leitura, veja este link:
Cinco livros que abandonei, parte 2
Quando ela começou a escrever seu próximo livro, Clarke estava morando em Cambridge com seu parceiro, o escritor de ficção-científica e crítico Colin Greenland. Na época, ela estava escrevendo a sequência de "Jonathan Strange e Mr. Norrell", mas o projeto estava se tornando muito complexo considerando seu estado de saúde na época, e ela voltou a um projeto anterior com menos personagens e exigindo menos pesquisa – que se tornou seu segundo romance, "Piranesi", publicado em 2020.
Caso você esteja curioso por ver mais detalhes dos motivos pelos quais desisti da leitura, veja este link:
Cinco livros que abandonei, parte 2
Quando ela começou a escrever seu próximo livro, Clarke estava morando em Cambridge com seu parceiro, o escritor de ficção-científica e crítico Colin Greenland. Na época, ela estava escrevendo a sequência de "Jonathan Strange e Mr. Norrell", mas o projeto estava se tornando muito complexo considerando seu estado de saúde na época, e ela voltou a um projeto anterior com menos personagens e exigindo menos pesquisa – que se tornou seu segundo romance, "Piranesi", publicado em 2020.
Narrado em primeira pessoa, o protagonista da história é apelidado de Piranesi, e o leitor não sabe seu nome até muito adiante no livro. Piranesi mora em um lugar chamado Casa, um mundo composto de infinitos salões e vestíbulos forrados de estátuas, e não há duas estátuas iguais. O nível superior da casa está cheio de nuvens e o nível inferior é inundado por um oceano, que ocasionalmente surge no nível médio, seguindo padrões de maré que Piranesi rastreia meticulosamente. Ele acredita que sempre viveu na Casa e que existem apenas quinze pessoas no mundo: ele próprio, o Outro, que o visita semanalmente, e treze esqueletos que Piranesi cuida. Piranesi registra todos os dias em seus diários, cujo texto compõe o romance.
Piranesi e o Outro estão em uma jornada de descobrir o Grande e Secreto Conhecimento da Casa, ao que nosso protagonista se dedica. Ele reúne anotações de suas explorações pela Casa, que parece ser infinita, e reporta tudo o que encontra ao Outro. No entanto, num dado momento, Piranesi se questiona se essa tarefa não é em vão, ao que o Outro lhe responde que já era a terceira vez que Piranesi fazia esse questionamento, mas que ele se esquece. Piranesi, então, fica intrigado ao descobrir que perde a memória, e começa a se perguntar o que mais ele pode ter esquecido.
Bom, o que posso dizer é que não valeu a pena ter dado uma segunda chance à autora. Teve tanta coisa que não gostei nessa história, como:
Piranesi e o Outro estão em uma jornada de descobrir o Grande e Secreto Conhecimento da Casa, ao que nosso protagonista se dedica. Ele reúne anotações de suas explorações pela Casa, que parece ser infinita, e reporta tudo o que encontra ao Outro. No entanto, num dado momento, Piranesi se questiona se essa tarefa não é em vão, ao que o Outro lhe responde que já era a terceira vez que Piranesi fazia esse questionamento, mas que ele se esquece. Piranesi, então, fica intrigado ao descobrir que perde a memória, e começa a se perguntar o que mais ele pode ter esquecido.
Bom, o que posso dizer é que não valeu a pena ter dado uma segunda chance à autora. Teve tanta coisa que não gostei nessa história, como:
As infindáveis descrições de salas, estátuas, peixes, marés e aves. OK, eu entendo que o mundo do Piranesi é constituído basicamente desses elementos. E também entendo que ele perdeu a memória e, por isso, acha que eles são tudo o que existe no mundo. Mas Clarke poderia ter segurado a mão nas descrições e, sobretudo, na chatíssima numeração das salas. É um sem-fim de "então passei pelo Oitavo Vestíbulo ao Norte e entrei no Nono Vestíbulo ao Leste e aí vi a estátua não-sei-qual do Décimo Vestíbulo a Leste", in-su-por-tá-vel.
O anti-clímax do encontro dos diários perdidos. Eu até estava tentando contornar meu tédio com as descrições chatas por causa da curiosidade em saber quais outras memórias ele tinha perdido. Pensei que o restante do livro seria sobre essa busca, mas rapidamente ele reencontra seus antigos diários, onde consulta suas memórias. Fim do suspense. Boring.
A promessa enganosa de plot twist. Depois de um tempo, que não é muito longo, o leitor já começa a ser perguntar quem é Piranesi e quem é o Outro. Fica claro que o Outro tem acesso ao mundo externo, porque ele aparece com comida e insumos para Piranesi. Mas, por conta do ponto que mencionei acima, o leitor não demora a entender quem é o Outro, e daí em diante é fácil seguir as pistas e descobrir a real identidade do protagonista. Se Clarke pensou em surpreender com uma grande revelação, pelo menos comigo, não funcionou.
A absurda história de fundo. Nos diários de Piranesi, ficamos sabendo que, antes de ir parar na Casa, ele estava estudando sobre um homem que dizia ter acesso a um mundo paralelo, e que qualquer pessoa podia chegar a este mundo, "bastava querer". E é exatamente isso que Clarke criou, um mundo paralelo que qualquer um teria acesso apenas "usando a força da concentração para se deslocar". Nunca vi tamanha preguiça de desenvolver um sistema mágico como essa.
O anti-clímax do encontro dos diários perdidos. Eu até estava tentando contornar meu tédio com as descrições chatas por causa da curiosidade em saber quais outras memórias ele tinha perdido. Pensei que o restante do livro seria sobre essa busca, mas rapidamente ele reencontra seus antigos diários, onde consulta suas memórias. Fim do suspense. Boring.
A promessa enganosa de plot twist. Depois de um tempo, que não é muito longo, o leitor já começa a ser perguntar quem é Piranesi e quem é o Outro. Fica claro que o Outro tem acesso ao mundo externo, porque ele aparece com comida e insumos para Piranesi. Mas, por conta do ponto que mencionei acima, o leitor não demora a entender quem é o Outro, e daí em diante é fácil seguir as pistas e descobrir a real identidade do protagonista. Se Clarke pensou em surpreender com uma grande revelação, pelo menos comigo, não funcionou.
A absurda história de fundo. Nos diários de Piranesi, ficamos sabendo que, antes de ir parar na Casa, ele estava estudando sobre um homem que dizia ter acesso a um mundo paralelo, e que qualquer pessoa podia chegar a este mundo, "bastava querer". E é exatamente isso que Clarke criou, um mundo paralelo que qualquer um teria acesso apenas "usando a força da concentração para se deslocar". Nunca vi tamanha preguiça de desenvolver um sistema mágico como essa.
O desperdício de uso de um narrador não confiável. Narradores não confiáveis são super legais de ler, e até fiz esse post em homenagem a alguns deles. Piranesi tinha muito potencial para entrar nessa lista, com a perda de memória e o jeito particular de ver o mundo, mas ele não chega em lugar nenhum. O que conecta com outro ponto que não gostei, que é
O fim besta. Não vou nem me preocupar que darei spoilers deste livro, porque assim poupo você de ler o livro até o final. O protagonista é liberto da Casa por uma policial que usou a tal força de vontade e chegou onde ele estava (aff), ele tem um breve dilema se quer ou não voltar para o mundo externo, resolve que sim, mas volta como Piranesi, e não como seu eu de antes. Rola uma dissociação de personalidade nele e é isso.
Não é uma leitura que recomendo.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5
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