Já Li #164 - Os Seis de Atlas, de Olivia Blake

 

O post de hoje é sobre um livro que parece ser de fantasia, depois parece ser um romance YA, mas no fundo é uma história meio filosófica sobre a moralidade do ser humano. A resenha da vez é o livro "Os Seis de Atlas", de Olivia Blake.

A Sociedade Alexandrina (representada por Atlas e Dalton, no livro) é uma sociedade secreta de acadêmicos mágicos, considerada a melhor do mundo. Seus membros são Guardiões do conhecimento perdido das maiores civilizações da antiguidade, e a biblioteca da Sociedade é regulada por magia, não autorizando a liberação de determinados conhecimentos se a pessoa não for merecedora dele. 
A cada década, os seis magos mais talentosos do mundo são selecionados para a iniciação nesta Sociedade, e eles são os protagonistas deste livro, e cada capítulo é destinado ao ponto-de-vista de cada um deles.
Libby Rhodes e Nicolás Ferrer de Varona: inimigos inseparáveis, eles podem controlar a matéria com a mente. Eles estudaram magia juntos e, por serem muito poderosos, competem entre si pelo posto de melhor mago. Libby é chatíssima, então agradeci o contraponto de Nicolás, que deixa a relação mais leve.
Reina Mori: uma naturalista que sabe falar a linguagem da própria vida. Na prática, ela conversa com as plantas. O ponto-chave de sua magia é que Reina doa muita energia própria para conseguir essa comunicação, mas recebe pouca energia de volta, o que a torna uma pessoa apática, silenciosa e isolada. Foi a personagem que eu menos gostei e que, sinceramente, não faria muita falta na narrativa, na minha opinião.
Parisa Kamali: uma leitora de mentes cujos poderes de sedução são assustadoramente bons. Uma personagem interessante, que adiciona um pouco de fogo na dinâmica dos relacionamentos (e é bem legal ver ela desviando Libby de sua moralidade chata).
Tristan Caine: o poder de Tristan é ver as coisas como elas são, desde ilusões e animações feitas por magia, até a essência das pessoas. Tristan é, supostamente, a personagem mais importante para os planos da Sociedade, mas confesso que não entendi o porquê até agora.
Callum Nova: um menino bonito insanamente rico que poderia desencadear o fim do mundo, se quisesse, pois ele tem o poder de controlar as emoções das pessoas. A rivalidade entre ele e Parisa, para mim, é o ponto alto da história e eu gostaria que o livro fosse só com eles dois.

Quando os candidatos são recrutados pelo misterioso Atlas Blakely, eles são informados de que devem passar um ano juntos para se qualificarem para a iniciação. Durante esse período, eles terão acesso aos arquivos da Sociedade e serão julgados por suas contribuições para áreas misteriosas do conhecimento. Cinco, dizem eles, serão iniciados. Um será eliminado, e são eles mesmos que decidem que será este eliminado. Porém, ao longo deste ano, eles descobrem que, na verdade, um deles deverá se sacrificar e morrer, e então começa uma corrida por alianças para que cada um tente se salvar do sacrifício.

O livro é bom, entretém, mas não me cativou, ou seja, não pretendo ler os outros volumes que Olivia Blake talvez publique. Explico.
Minha primeira dificuldade foi o estilo de escrita de Olivia. Eu li no inglês e ela usa um vocabulário muito rebuscado, muito formal e cheio de palavras que eu nunca vi na vida. Com o tempo, fiquei com a sensação de que o livro era pretensioso, tentando ser mais do que realmente é, e tentando entregar uma profundidade que não encontrei. Isso ficou ainda pior com as inserções de Dalton, que supostamente tem que ajudar os iniciados, e traz umas conversas filosóficas que eu, sinceramente, achei que não chegam em lugar nenhum. E não chegam porque o livro não tem esse tom, por mais que Olivia tente forçá-lo.
E aí vem o outro problema. Eu me incomodei com a falta de identidade da história. Quase é um romance YA (entre Libby e Ezra, Libby e Tristan, Nicolás e o colega de quarto, Parisa e Dalton), mas nada realmente se desenvolve nesse sentido. Aí poderia ser uma baita história legal de fantasia, com todos os mistérios da Sociedade Alexandrina, mas senti que os poderes mágicos deles eram um segundo plano, um cenário somente, mas não o foco. Temos as discussões filosóficas sobre moralidade, assassinato e sacrifício, bem versus mal, mas soa super forçado e até meio ridículo.

Isso sem falar no desenrolar da parte final. Olivia traz de volta Ezra, que até então era um personagem secundário, namorado de Liby, que mal foi apresentado no início da narrativa. De repente, ele se torna a principal engrenagem de todo o enredo, quem move todas as peças nos bastidores da Sociedade e, ainda por cima, tem o poder mais legal de todo o Universo, que é viajar no tempo. Não consegui comprar nada disso e me pareceu outra peça do quebra-cabeças meio desencaixada.

Eu recomendo a leitura deste livro por causa de Parisa e Callum, mas é só.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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