Em uma combinação de Jogos Vorazes com O Conto da Aia, a distopia "O Ano da Graça" de Kim Liggett, tinha tudo para se tornar uma Sugestão de Leitura aqui no blog. Porém, embora as premissas da obra sejam ótimas, a execução dela deixou a desejar, e é sobre isso que falarei na resenha de hoje.
Publicado em 2019, "O Ano da Graça", narrado em terceira pessoa, conta a história de Tierney, que completa dezesseis de ano de idade e, por lei, deve passar pela experiência do Ano da Graça, antes de se casar com o homem do Condado que a tomar como sua. A experiência serve para eliminar a magia do corpo delas, antes delas se tornarem esposas, de forma que os maridos não sofram com as vontades e caprichos das mulheres sob sua posse. Contudo, essa experiência é carregada de traumas, drama e sofrimento por dois motivos principais: um, a maioria das meninas não volta viva do Ano da Graça e, as que voltam, voltam pela metade (seja fisicamente, seja psicologicamente); e, dois, quando uma menina não retorna, suas irmãs são enviadas para a periferia do Condado como punição, e lá estão fadadas a se tornarem prostitutas.
Além disso, se por acaso nenhum homem escolher uma das meninas para casar, a menina não recebe o Véu e, consequentemente, também vai para a periferia, para trabalhar ou como prostituta ou como servente.
Tierney, claro, é a sua heroína feminista da vez, que acha toda essa hierarquia da sociedade um completo absurdo e não tem interesse nenhum em se casar, não importa com quem seja. O único motivo que a leva a participar do Ano da Graça é o medo que suas irmãs sejam punidas, então ela decide que irá voltar viva do que quer que aconteça na floresta, e torce para que ninguém lhe dê um Véu. Tierney teme mais a idéia de ser esposa do que a de ser prostituta, então, quando seu melhor amigo de infância, Michael, lhe dá um Véu, ela fica furiosa, principalmente porque ela acreditava que ele era a única pessoa que realmente entendia o que ela queria.
Publicado em 2019, "O Ano da Graça", narrado em terceira pessoa, conta a história de Tierney, que completa dezesseis de ano de idade e, por lei, deve passar pela experiência do Ano da Graça, antes de se casar com o homem do Condado que a tomar como sua. A experiência serve para eliminar a magia do corpo delas, antes delas se tornarem esposas, de forma que os maridos não sofram com as vontades e caprichos das mulheres sob sua posse. Contudo, essa experiência é carregada de traumas, drama e sofrimento por dois motivos principais: um, a maioria das meninas não volta viva do Ano da Graça e, as que voltam, voltam pela metade (seja fisicamente, seja psicologicamente); e, dois, quando uma menina não retorna, suas irmãs são enviadas para a periferia do Condado como punição, e lá estão fadadas a se tornarem prostitutas.
Além disso, se por acaso nenhum homem escolher uma das meninas para casar, a menina não recebe o Véu e, consequentemente, também vai para a periferia, para trabalhar ou como prostituta ou como servente.
Tierney, claro, é a sua heroína feminista da vez, que acha toda essa hierarquia da sociedade um completo absurdo e não tem interesse nenhum em se casar, não importa com quem seja. O único motivo que a leva a participar do Ano da Graça é o medo que suas irmãs sejam punidas, então ela decide que irá voltar viva do que quer que aconteça na floresta, e torce para que ninguém lhe dê um Véu. Tierney teme mais a idéia de ser esposa do que a de ser prostituta, então, quando seu melhor amigo de infância, Michael, lhe dá um Véu, ela fica furiosa, principalmente porque ela acreditava que ele era a única pessoa que realmente entendia o que ela queria.
Na floresta, durante o Ano da Graça, as meninas entram em um transe, a princípio por causa da magia que é desbloqueada. E, com esta magia, vem uma série de abusos e violências, as meninas mais fortes maltratando (e às vezes matando) as mais fracas, um verdadeiro Hunger Games, com a adição da figura dos caçadores, que ficam à espreita das mais fracas para arrancar a pele delas (literalmente).
Estava tudo indo bem, até que começou a ir mal. Tive vários problemas com este livro.
Tierney não me cativou nem um pouco. Faltou muito desenvolvimento para ela. Eu sequer consegui formar uma imagem dela na minha cabeça, e também não absorvi qual é sua personalidade, sua essência. Achei uma personagem feminina genérica, embora ela tivesse tudo para ser marcante. E por causa disso, não deu para comprar a idéia de que ela seria a mulher a liderar uma futura revolução (que é o que o final da história sugere). Talvez se a história tivesse sido narrada em primeira pessoa, teria funcionado melhor, ou se a protagonista fosse a antagonista, Kiersten.
Também faltou uma boa construção das personagens secundárias, que em tese deveriam nos deixar chocados com a violência do Ano da Graça. Mas se a protagonista era esquecível, imagine as personagens coadjuvantes. Não fazia a menor diferença quem vivia e quem morria.
Quando descobrimos de onde vem a tal "magia", fica ainda pior. A explicação é ridícula. Eu não estava esperando que elas, de fato, tivessem algum tipo de poder (longe disso, aliás), mas fiquei pasma que Liggett não pensou em nada melhor do que água contaminada de algas. (sim, vou dar esse spoiler, porque não vou deixar você ler metade do livro para descobrir isso).
Quando descobrimos de onde vem a tal "magia", fica ainda pior. A explicação é ridícula. Eu não estava esperando que elas, de fato, tivessem algum tipo de poder (longe disso, aliás), mas fiquei pasma que Liggett não pensou em nada melhor do que água contaminada de algas. (sim, vou dar esse spoiler, porque não vou deixar você ler metade do livro para descobrir isso).
Mas o pior de tudo foi o romance de Tierney com o caçador. Gente. Apenas não. Clichê, previsível, mas explicado, e só serviu para dar uma gravidez a Tierney, que seria usada no final do livro como seu ato final de libertação. As ameaças de Anderson, o amigo do caçador que se sente traído com esse romance, não chegam em lugar nenhum, a própria justificativa do caçador para salvar a vida de Tierney é confusa, nenhuma ponta chega em nenhum lugar interessante, e Tierney sai do romance do mesmo jeito que entrou.
O enredo tinha tanto potencial, e só o que me deixou foi frustração (e uma vontade de ler uma boa distopia para limpar o organismo).
Por isso, não é uma leitura que eu recomendo.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5
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