Já Li #147 - Salem, de Stephen King

 

Fazia um tempo que eu não lia Stephen King e, dia desses, fiquei com saudade de sentir medo (faz sentido isso para você?). Assim, escolhi a obra dele sobre vampiros, chamada "Salem".

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"Salem" foi publicado em 1975 com o título "A Hora do Vampiro", título este que foi mudado em uma nova edição em 1991. Esta é a segunda obra da carreira de King, o que me surpreendeu - já é possível observar todas as características que fazem de King o autor popular que é, o que mostra como ele tem um estilo de escrita maduro desde o início de sua carreira.

O protagonista da história é o escritor Ben Mears, que retorna à cidade de sua infância, Jerusalem's Lot (Salem), para escrever um livro inspirado na lenda que gira em torno de uma mansão mal assombrada no alto de uma colina. Quando criança, Ben invadiu a casa para ver fantasmas e se deparou com o então dono dela enforcado em uma viga, visão esta que o aterrorizou por toda a vida adulta. 
Ao chegar na cidade e iniciar o livro, ele conhece Susan, por quem se apaixona, e também se aproxima de Matt Burke,um professor de Literatura. Ben começa a perceber várias coisas estranhas acontecendo em Salem e todas elas apontam para Barlow e Richard Straker, os novos donos da mansão amaldiçoada.

Este livro tem um quê de nostalgia que é interessante de ler. A narrativa soa como um clássico, como algo que já vimos/lemos um monte de vezes mas, ainda assim, é interessante e envolvente, como se fosse a origem de todas as nossas referências sobre histórias de horror e de vampiros. Grande parte deste envolvimento se deve ao fato de King não entregar logo de cara como são os tais vampiros da história (os personagens de Barlow e Straker) - o leitor sabe que eles são os vampiros mas, ao mesmo tempo, fica um mistério no ar sobre o que vai acontecer a seguir. 

Outro ponto que eu gostei muito no livro é que King não hesita em escrever uma narrativa sem final feliz, sem redenção e sem volta. Por mais que Ben seja o protagonista e tenha todas as boas intenções de um herói, ele é irrelevante dentro da ordem geral das coisas e não consegue frear o avanço dos vampiros, e é exatamente isso que faz dele um personagem interessante e que faz da narrativa algo legal de ser lido.

Além disso, tirando a parte dos vampiros, ainda assim o enredo se sustenta. Se você leu pelo menos um livro do King, você sabe como ele parte do princípio que todas as pessoas são corruptas e guardam segredos perversos. Em Salem não é diferente e King nos apresenta personagens repugnantes que enchem a história de camadas. 

Mas a parte que eu mais gostei mesmo é que aqui temos um personagem que continua seu arco na melhor saga de todos os tempos de todo o Universo, A Torre Negra. O Padre Callahan surgiu neste livro, ele é o padre alcóolatra de Salem que reluta em ajudar Ben na luta contra os vampiros mas acaba decidindo ajudá-lo. No entanto, em uma luta contra Barlow, Callahan é obrigado a beber o sangue do vampiro e foge de Salem logo depois, sentindo-se impuro. Seu final permanece em aberto e não sabemos se ele virou um vampiro ou não.
Ele vai reaparecer nos volumes 5 e 6 de "A Torre Negra", agora vivendo em Nova York e tendo a habilidade de sentir vampiros, ele mesmo não se tornou um. Muita coisa acontece com o Padre na saga mas, em suma, ele torna-se quase imortal e tenta defender uma cidade inteira da invasão dos Lobos. Através de Roland, o protagonista da saga, Callahan tem acesso ao livro escrito por Stephen King e se vê ali como um dos personagens, o que quase o enlouquece, uma vez que ele não sabe mais se é real ou não. No livro seguinte, o Padre tenta encontrar o próprio King para questioná-lo da realidade das coisas, num dos enredos mais mind blowing que eu já li na minha vida.
Somente uma palavra: maravilhoso.

Sem dúvida, é uma leitura que eu recomendo - mas não antes de dormir.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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