Neal Shusterman me conquistou com sua trilogia Scythe. Do primeiro ao último volume, fui surpreendida, emocionada e envolvida com uma história de ficção-científica incrível. No post de hoje, falarei sobre o último volume, "O Timbre", que já me deixou com saudade.
Vou partir do princípio que, se você chegou neste post, é porque já leu os volumes anteriores da trilogia. Caso ainda não os tenha lido, recomendo começar pelas outras resenhas:
Sugestão de Leitura | Trilogia Scythe, Vol.1: Ceifador, de Neal Shusterman
Já Li #128 - Scythe, Vol.2: A Nuvem, de Neal Shusterman
Três anos se passaram desde os acontecimentos em Perdura. Nesse meio tempo, Goddard ganhou aliados, tornou-se o Suprapunhal do mundo inteiro e fez das coletas em massa algo comum e dentro das regras. Ele também modificou a terminologia que envolve discriminação, de forma que pudesse coletar grandes grupos sem infringir os princípios da Ceifa e, logo em seguida, vai atrás dos tonistas do mundo inteiro. Surpreendemente, antes um povo pacífico, os tonistas revidam e a guerra se instaura. A Nimbo-Cúmulo ainda não fala com mais ninguém, uma vez que toda a população mundial foi assinalada como Infratora, o que faz o caos aumentar ainda mais.
A única pessoa com quem a Nimbo-Cúmulo conversa é Greyson, que agora tornou-se o mártir dos tonistas, chamado de Timbre. Ele atende aos fiéis e intermedia diálogos e solicitações com a Inteligência Artificial mas, assim que vê a violência dos tonistas, decide viajar o mundo convertendo-os de volta à passividade de antes.
Em paralelo, o Ceifador Faraday e Munira conseguem chegar à ilha perdida de Nod e lá começam a estabelecer uma nova civilização, povoando a ilha com os náufragos de um acidente marítimo. Todos eles costumavam ser agentes nimbo e, pouco tempo depois, por meios indiretos, a Nimbo-Cúmulo começa a liderar uma força-tarefa que ninguém sabe para que serve.
E há um personagem novo que eu me apeguei imediatamente: Jerico. Sem gênero definido (ora homem, ora mulher, dependendo do clima), elx foi a melhor adição feita à narrativa e me senti seduzida por sua personalidade contagiante tanto quanto Greyson e Citra. É impossível não se apaixonar por elx e por sua trajetória ao lado de Anastássia/Citra e do Timbre.
E há um personagem novo que eu me apeguei imediatamente: Jerico. Sem gênero definido (ora homem, ora mulher, dependendo do clima), elx foi a melhor adição feita à narrativa e me senti seduzida por sua personalidade contagiante tanto quanto Greyson e Citra. É impossível não se apaixonar por elx e por sua trajetória ao lado de Anastássia/Citra e do Timbre.
Só não gostei muito das personagens na ilha (atol? não sei a diferença, para ser sincera. Atol é um conjunto de ilhas? Acho que sim.). Elas ficam responsáveis pela maior evolução da Humanidade desde a criação da Nimbo-Cúmulo, constróem naves espaciais e abrigam "colonos" e, ainda assim, ninguém me cativou. Só perto do final, quando finalmente descobrimos o destino da tonista Astrid e seu papel crucial no futuro da Humanidade, é que realmente me apeguei a ela - mas já estávamos quase no final do livro. Gostaria de ter me apegado a ela muito antes.
Li algumas resenhas questionando o final de Goddard. De fato, Shusterman não deixa claro qual é o final do maior vilão do seu universo e, depois de ponderar um pouco, acho que gostei da escolha de Shusterman. Porque, no fundo, Goddard se torna irrelevante e pequeno diante do que a Nimbo-Cúmulo preparou para a Humanidade, e a súbita insignificância de Goddard é a maior humilhação que ele poderia sofrer. Me incomodei mais com a ausência de fechamento do arco de Rand.
Shusterman é um gênio na forma como ele tece cada um dos personagens, antigos e novos, e como seus caminhos vão se entrelaçando ao longo da história. Por exemplo, quando Rowan, Citra e Greyson se reencontram, eu fiquei genuinamente emocionada, pois tudo indicava que eles nunca mais se veriam outra vez. Há tantos pedaços que precisam ser reunidos na trama que me senti montando um quebra-cabeça e, quando ele finalmente fica pronto, é maravilhoso de se ler. Perto do fim do livro, eu tinha que parar e digerir a leitura por alguns minutos antes de continuar, porque foi de tirar o fôlego (e fazia muito tempo que eu não me sentia assim com um livro).
E o que mais gostei é que, embora seja uma ficção-científica apocalíptica, Shusterman decidiu terminar sua trilogia falando de amor, e não de um jeito piegas nem cafona. É muito difícil um livro me fazer chorar, mas esse fez, e foi tudo culpa de Rowan e seu arco maravilhoso.
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