Desafio Livros pelo Mundo | Turquia: O Museu da Inocência, de Orhan Pamuk
O Desafio Livros pelo Mundo tem como objetivo disseminar a literatura fora do eixo EUA-Inglaterra. Com isso, chegamos ao vigésimo segundo país, a Turquia, com o a obra de Orhan Pamuk chamada "O Museu da Inocência".
Orhan Pamuk, nascido na Turquia, é, de longe, o escritor mais famoso do país. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, suas obras já foram traduzidas para mais de 63 idiomas.
"O Museu da Inocência" foi publicado em 2008. A estória se passa entre os anos de 1975 e 1984 e acompanha o protagonista Kemal. A narrativa é contada em primeira pessoa, como se nós, os leitores, fôssemos visitantes do Museu da Inocência, e escutamos a estória de Kemal enquanto ele aponta e expõe itens que estão neste museu imaginário.
Kemal, um jovem de uma família rica de Istambul, está noivo de Sibel e ambos são o casal mais popular da alta sociedade turca, pois são tidos como modernos. Sibel, que morou um tempo na Europa, voltou de lá com uma mentalidade mais aberta do que as outras mulheres e, por isso, ela decide fazer sexo antes do casamento com Kemal. Sua decisão é bastante revolucionária, tanto pela época quanto pelo fato de a Turquia ser um país bastante conservador. Assim, desde o princípio do livro, Pamuk explicita os paradigmas e as tradições de sua cultura, sobretudo a maneira como esta vê e trata as mulheres.
Faltando dois meses para a festa de noivado (um evento grandioso e importante que reunirá os maiores nomes da Turquia), Kemal se apaixona por Fusun. Fusun é vendedora em uma butique da cidade e Kemal a conheceu enquanto comprava uma bolsa para Sibel. A personalidade tímida e misteriosa de Fusun logo chamou sua atenção, um contraponto à Sibel, que é descrita como superficial e muito extrovertida. Kemal justifica seu interesse por Fusun por causa de um parentesco muito distante entre as duas famílias e, depois de algumas investidas, ele e Fusun passam a se encontrar todas as tardes em um apartamento vago da família de Kemal.
Até aqui, a leitura estava bastante interessante. Orhan Pamuk forneceu um ótimo cenário sobre a Turquia da época, descrevendo s valores morais e a cultura das classes sociais mais altas de Instambul. No entanto, um dia, Fusun some (depois de comparecer à festa de noivado de Sibel e Kemal) e, daí em diante, a leitura tornou-se muito maçante.
Por meses a fio, Kemal retorna ao apartamento na esperança que Fusun estivesse esperando por ele. Capítulo após capítulo, o leitor se depara com um protagonista apático, repetitivo e com pouca profundidade, o que torna o livro uma chatice sem fim. Confesso, inclusive, que pulei alguns capítulos, e a estória continuava exatamente a mesma.
Depois deste suplício, Kemal, finalmente, encontra Fusun. À esta altura, ele já confessou a traição para Sibel, que some completamente da trama como se nunca tivesse aparecido (o que achei um erro). Fusun está casada mas parece infeliz. Os pais de Fusun sabem de seu relacionamento anterior com Kemal e, diante da insatisfação da filha no casamento atual, pedem que Kemal fique por perto esperando o fim do casamento. Neste momento da leitura, acreditei que Orhan Pamuk retomaria meu interesse pela obra, mas eu estava enganada.
Kemal vai jantar com Fusun, seu marido e seus pais por oito anos - OITO ANOS! - e todas as noites são exatamente iguais. O único conflito é que Kemal abre uma produtora de cinema para o marido de Fusun, mas a cultura rígida dos turcos não permite que ela vire atriz. São mais capítulos e capítulos onde nada acontece, até que Fusun, finalmente, se separa do marido. Cuidado que haverá spoiler adiante: quando acreditei que, enfim, eles ficariam juntos, Fusun morre. Acho que nem preciso dizer o tamanho do desgosto que eu senti com esse livro, não é?
Porém, ainda assim, ele me extraiu uma reflexão. Quando pensava no que escrever para esta resenha, planejei comentar o quanto eu tinha odiado a personagem de Fusun. Apática, submissa, indiferente, fraca e quase invisível, ela serviu apenas para destacar a obsessão e a confusão moral de Kemal, sem ganhar corpo, forma, força ou uma identidade própria. Depois, percebi que Fusun, na realidade, representa as mulheres turcas, que são asfixiadas por uma sociedade machista e são vistas como "propriedade" dos seus maridos. Foi aí que percebi que o quem me me incomodou mesmo na estória é Kemal, que preferiu Fusun a Sibel, uma mulher moderna, independente e com vontades próprias.
Por tudo isso, não é uma leitura que recomendo. Orhan Pamuk careceu de pontos-de-vista diferentes (se a estória fosse escrita alternando Fusun e Sibel seria muito mais relevante), de conflitos, de construção de personagens e de ritmo.
Até aqui, a leitura estava bastante interessante. Orhan Pamuk forneceu um ótimo cenário sobre a Turquia da época, descrevendo s valores morais e a cultura das classes sociais mais altas de Instambul. No entanto, um dia, Fusun some (depois de comparecer à festa de noivado de Sibel e Kemal) e, daí em diante, a leitura tornou-se muito maçante.
Por meses a fio, Kemal retorna ao apartamento na esperança que Fusun estivesse esperando por ele. Capítulo após capítulo, o leitor se depara com um protagonista apático, repetitivo e com pouca profundidade, o que torna o livro uma chatice sem fim. Confesso, inclusive, que pulei alguns capítulos, e a estória continuava exatamente a mesma.
Depois deste suplício, Kemal, finalmente, encontra Fusun. À esta altura, ele já confessou a traição para Sibel, que some completamente da trama como se nunca tivesse aparecido (o que achei um erro). Fusun está casada mas parece infeliz. Os pais de Fusun sabem de seu relacionamento anterior com Kemal e, diante da insatisfação da filha no casamento atual, pedem que Kemal fique por perto esperando o fim do casamento. Neste momento da leitura, acreditei que Orhan Pamuk retomaria meu interesse pela obra, mas eu estava enganada.
Kemal vai jantar com Fusun, seu marido e seus pais por oito anos - OITO ANOS! - e todas as noites são exatamente iguais. O único conflito é que Kemal abre uma produtora de cinema para o marido de Fusun, mas a cultura rígida dos turcos não permite que ela vire atriz. São mais capítulos e capítulos onde nada acontece, até que Fusun, finalmente, se separa do marido. Cuidado que haverá spoiler adiante: quando acreditei que, enfim, eles ficariam juntos, Fusun morre. Acho que nem preciso dizer o tamanho do desgosto que eu senti com esse livro, não é?
Porém, ainda assim, ele me extraiu uma reflexão. Quando pensava no que escrever para esta resenha, planejei comentar o quanto eu tinha odiado a personagem de Fusun. Apática, submissa, indiferente, fraca e quase invisível, ela serviu apenas para destacar a obsessão e a confusão moral de Kemal, sem ganhar corpo, forma, força ou uma identidade própria. Depois, percebi que Fusun, na realidade, representa as mulheres turcas, que são asfixiadas por uma sociedade machista e são vistas como "propriedade" dos seus maridos. Foi aí que percebi que o quem me me incomodou mesmo na estória é Kemal, que preferiu Fusun a Sibel, uma mulher moderna, independente e com vontades próprias.
Por tudo isso, não é uma leitura que recomendo. Orhan Pamuk careceu de pontos-de-vista diferentes (se a estória fosse escrita alternando Fusun e Sibel seria muito mais relevante), de conflitos, de construção de personagens e de ritmo.
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