Por que prefiro Robert Jordan a George R. R. Martin?


Li todos os volumes de "As Crônicas de Fogo e Gelo" de George R. R. Martin, meramente impulsionada pela minha teimosia, pois não gostei. Nem um pouco. Absolutamente nada. Me sinto uma alienígena por ter esta opinião, já que Martin é idolatrado e reúne uma série de fãs, seja dos livros ou da série da HBO. Terminei a saga, como disse, por pura teimosia, e porque, no fundo, esperava que eu fosse compreender todo o "furdunço" ao redor da obra dele. Mas a saga acabou, minha paciência também e a compreensão nem chegou perto.

Por outro lado, conheci o trabalho de Robert Jordan, escritor já falecido da saga "A Roda do Tempo", que atualmente está no 14º volume. Após sua morte, a obra tem sido encaminhada pelo meu outro escritor favorito, Brandon Sanderson. E ler Jordan me fez pensar como o mercado literário pode ser injusto, celebrando obras medianas e deixando de lado sagas literárias incríveis como a de Jordan. Movida por este sentimento de revolta, resolvi comparar ambos os escritores.


Porque não é necessário violência para passar emoção.

"As Crônicas de Fogo e Gelo" são conhecidas pela série de assassinatos, estupros e outra série de violências que ocorrem entre as personagens. A violência aparece por causa das disputas pelo famoso Trono, bem como as tramas políticas que envolvem as Casas. Muitos trechos dos livros, para mim, foram completamente desnecessários e me soaram como apelativos.
Robert Jordan, por outro lado, soube escrever tramas políticas complexas e intrincadas sem o uso excessivo da violência e que transmite a mesma atmosfera de perigo e crueldade. Em "A Roda do Tempo", existe um termo em Língua Antiga, Daes Dae'mar, que significa o jogo de manobras políticas e sociais entre as Casas. Embora algumas mortes aconteçam aqui e ali, elas não são o centro das atenções da narrativa (e nem devem ser).

Porque sexo por si só não faz uma boa trama.

Outro aspecto que acho extremamente apelativo em "As Crônicas de Fogo e Gelo" é o excesso de cenas de sexo. Entendo que elas sejam relevantes em alguns relacionamentos, como, por exemplo, o amor incestuoso de Cersei e Jaime, de forma a mostrar ao leitor a extensão do vínculo entre os dois. E, mesmo neste caso em específico, já não basta eles serem irmãos? Isso sem contar as diversas cenas de estupro: não consigo pensar neste assunto sem sentir uma onda de raiva e indignação subindo pela minha garganta.
Estou começando o terceiro volume de "A Roda do Tempo" e, com isso, já são mais de 1.500 páginas lidas (cada volume da saga é enorme, chegando a ter quase 900 páginas). Não houve uma cena de sexo sequer até agora. Fez falta? Absolutamente, não! Os vínculos entre as personagens são tão profundos e bem conduzidos que não houve necessidade, nem de perto, de que acontecesse sexo entre elas, nem como demonstração de afeto e muito menos como arma. 

Porque os aspectos políticos são mais profundos.

Quando cheguei no quarto livro de "As Crônicas de Fogo e Gelo", não aguentava mais as tramas entre as Casas. Sei que alguns leitores se surpreendem com alguns acontecimentos mas, para mim, tudo parecia "mais do mesmo". Achei chato e repetitivo, pois não mostrava um quadro geral político (ou fantasioso) que me despertasse interesse. Que se dane o Trono. O pano de fundo, na minha opinião, era superficial e nem um pouco inovador.
Em "A Roda do Tempo", a trama política é tão densa e cheia de mistérios que, aí sim, fiquei entretida (e continuo, pois quero ler os outros 10 livros que faltam). Existem diversas camadas de profundidade, começando das personagens principais e voltando no tempo, até a Era das Lendas, e todas estas camadas vão sendo apresentadas ao leitor aos poucos, sempre com alguma peça faltando para completar o quebra-cabeças. As motivações das personagens são mais relevantes e sensíveis, na minha opinião, o que me permite vínculo com todas elas.

Porque a Alta Fantasia dele é perfeita.

Senti falta de maior teor de fantasia em "As Crônicas de Fogo e Gelo" e acho que a saga dele se assemelha a qualquer uma escrita com a temática de Artur e a Távola Redonda: não encontrei nenhum elemento fantástico que fizesse meu mundo sair dos eixos.
"A Roda do Tempo" tem elementos de Alta Fantasia muito bem ponderados e correlacionados, e, por isso, muitos consideram o mundo de Jordan tão bom quanto de J. R. R. Tolkien, tamanha a rede de criaturas, regras, valores, culturas, costumes e lendas que foram criados e, além disso, que foram entrelaçados de forma mágica, mística e política. É uma combinação tão perfeita que, não só fez meu mundo sair dos eixos, como me inspira a ser uma escritora melhor e maior.

Caso você seja fã do Martin, por favor, não me apedreje. ;-)
E se você ainda não conhece o trabalho de Jordan, mas gosta de "O Senhor dos Anéis", comece a ler "A Roda do Tempo"  e eu te garanto que você não vai se arrepender.

2 Comments

  1. De fato ... Tou no 4 livro de roda do tempo ,saber que uma obra dessa não é valorizado simplesmente por ter um conteúdo (extenso).saber que George Martin se inspirou nessa obra de roda do tempo onde ele mesmo confessa,acho um absurdo para literatura não dá se devido valor a industrin de livro já era pra traduzido os livros de Robert Jordan ,tou tendo de ler devagar para não ter que ficar feito muitas pessoas esperando o livro se traduzido depois de 2 em 2 anos e somente um único livro !.

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  2. Essa Alfa Fantasias não está presente em As Crônicas De Gelo E Fogo por que a história não se baseia nisso. É uma história de fantasia, por ser um mundo que não é o nosso, que existe coisas que no nosso não existe, e não pelo o fato de ser uma história com elfos, anões e orcs.
    E a questão da violência é bem simples. A história é medieval e pronto. Como era as coisas antes? Leia história de verdade sobre nosso mundo que saberá como era muito violento, principalmente em caso contra as mulher.
    Eu acho o universo do Tolkien é melhor que o do Martin, mais por essa falta de violência que tem nele eu acho meio besta, pois parece infantil. Martin tem uma pegada de como as coisas seriam mais ou menos se isso acontecesse de verdade. Um exemplo disso é a Celebrían, ela foi emboscada por orcs, que nada são mais que do elfos corrompidos pelo o próprio Melkor. São criaturas ruins. As piores possíveis. Então Celebrían é emboscada por eles e seus filhos só chegam muito mais tarde, e dizem que ela foi "atormentada" por eles, isso chega até a ser engraçado. O que um ser feito só de coisas ruins faria com uma elfa que na obra é umas das criaturas ou se não as criaturas mais bonitas? Esse tipo de coisa parece ser para crianças de 5 anos. Eu até entendo que o livros do Tolkien é muito velho, de um tempo onde não tinha essas coisas assim em livros da mesma forma que hoje, e que seus livros são para todos os públicos, mais eu acho essa infantilidade muito chato.
    Muitas vezes eu acho que muitas pessoas não gosta das Crônicas De Gelo E Fogo por que não entende. Acha que essa violência não existe, mais é só um bando de pessoas que não viveu no mundo e não sabe as coisas que existem nele, pessoas que não passou por nada e acha que a vida é um mar de rosas. Sem falar como eu já disse antes, é um tempo medieval, onde as pessoas são violentas, como a nossa própria história pode mostrar como era nosso passado por que em um livro tem que ser diferente? Se em nosso mundo era uma putaria grande por que nos livros tem ser tudo bonitinho?

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