Os contos-de-fada, oficialmente, existem desde a Idade Média, mas existem alguns registros que sugerem que este gênero literário é ainda mais antigo. Presente até os dias de hoje, muitos séculos depois de sua origem, é um forma de narrativa que ainda pode ser explorada e modernizada.
Para que uma obra seja qualificada como um conto-de-fada, ela precisa cumprir alguns requisitos técnicos e estilísticos. Recentemente, me deparei com o desafio de escrever um conto-de-fada e, por isso, reuni algumas dicas e conceitos para quem se interessa pelo tema.
Um conto-de-fada, não necessariamente, precisa ter fadas. O que o qualifica, na realidade, é a existência de algum conteúdo mágico e fantasioso. Também deve haver o uso de encantamentos, de qualquer tipo e por qualquer uma das personagens do conto. Assim, os contos-de-fada contam com seres míticos, animais falantes e criaturas mágicas (sereias, grifos, duendes, unicórnios, bruxas, e assim por diante).
O Sistema de Classificação de Aarne-Thompson categoriza os contos-de-fada em diversos subtipos: contos de animais, de fadas, religiosos, realistas, ogros e gigantes e contos de fórmula. Este Sistema tornou-se popular entre os folcloristas pois dão destaque às personagens do conto.
Há, ainda, a análise de Vladimir Propp, que categorizou os contos-de-fada de sua época (1895-1970) a partir dos elementos narrativos, e não das personagens, sugerindo a seguinte divisão: contos de agressor, de doador, de auxiliar, da princesa e o pai, do mandador, do herói e do falso herói. A teoria fundamental de Propp diz que "o conto-de-fadas atribui frequentemente ações iguais a personagens diferentes". Esta noção é aceita até os dias de hoje pois, de fato, os contos-de-fada parecem possuir um núcleo comum, sempre presente. Muitos folcloristas afirmam que esta é a principal característica do conto-de-fadas.
Outra característica muito presente nos contos-de-fada diz respeito à jornada das personagens. Via de regra, eles contam com a seguinte estrutura narrativa:
1) Travessia: o protagonista chega à uma terra distante, onde se depara com as tais criaturas mágicas.
2) Encontro: quando o antagonista do conto surge (bruxa má, feiticeiro, ogro, madrasta, dragão, etc).
3) Conquista: o protagonista confronta o antagonista e vence. No conto-de-fada, o herói ou a heroína sempre vencem.
4) Celebração: momentos finais do conto, quando o protagonista vive "feliz para sempre".
O primeiro registro material de um conto-de-fada é a lenda Beowulf. Escrito no século VII em poemas, narra os feitos de Beowulf, um herói anglo-saxão que livra os dinamarqueses da ameaça de dois monstros diabólicos e, depois, mata um dragão.
Já as fadas propriamente ditas apareceram oficialmente no século IX na obra Mabinogion. Nela, quatro criaturas mágicas do sexo feminino tem seus próprios contos, nos quais executam encantamentos e melhorias na vida das pessoas da época. É uma quadrilogia de aventura fantástica.
Posteriormente, os contos-de-fada sofreram algumas alterações e tornaram-se os que conhecemos hoje, com os Irmão Grimm e Christian Andersen. No entanto, como as origens dos contos-de-fada é muito antiga, alguns folcloristas já os consideram "modernos".
Este é um assunto muito vasto e que eu adoro, por isso, com certeza falarei mais sobre contos-de-fada aqui no blog. Se você gosta do assunto, abaixo segue uma relação dos posts que já escrevi sobre o tema:
6 Comments
Escrever contos de fadas não é meu forte, mas eu amei demais a postagem super explicativa ♥
ResponderExcluirPerfeita mesmo!!
Parabéns!
Bjks
Obrigada! :)
ExcluirQueria ter encontrado seu post antes de ler tanta bobagem... finalmente as características dos contos de fadas foram apresentadas com competência e organização. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada! :)
ExcluirAmei o seu post. Estou fazendo o meu Tcc sobre a importacia dos contos de fadas para a construçao etica da criança.
ResponderExcluirObrigada! :)
Excluir