5 motivos para ler Charles Bukowski


O post de hoje, mais uma vez, foi escrito pela minha gêmea Deborah Mundin. Ela está fazendo comigo o Rory Gilmore Book Challenge e, vez ou outra, aparece como convidada mais do que especial aqui no Perplexidade e Silêncio. Por aqui, ela já sugeriu 5 mangas incríveis das antigas, falou sobre 1984 de George Orwell, comparou o Livro versus Filme de O Poderoso Chefão e, agora, falará sobre o escritor Charles Bukowski.

Olá! 

Mais uma vez a Ruh Dias me deu a honra de escrever por aqui, mas hoje o desafio foi maior: 5 motivos para que todos conheçam o velho Buk, um dos meus escritores favoritos. Sei que vocês devem pensar “mas se é favorito, é fácil achar motivos”, mas não é. 

Charles Bukowski foi um poeta, contista e romancista estadunidense, nascido na Alemanha. Nadando contra a maioria, nunca se formou na faculdade, tendo largado as aulas para trabalhar em subempregos, que perdia com rapidez devido suas bebedeiras. Tudo isso influenciou diretamente suas histórias, que são repletas de descrições de trabalhos braçais, porres e relacionamentos conturbados. Há muita coisa ali que não concordo e, às vezes, acho até um absurdo, ou ofensivo, não combinando com o que acredito e penso. Porém, há alguns fatos principais sobre a escrita de Buk que me conquistam:

1) A sinceridade. 

Desde quando li “Memorias Póstumas de Brás Cubas”, me apaixonei por narradores sinceros. Buk tem noção de quão no fundo do poço está, de como é degradante, de quão pessimista ele é e, mesmo assim, é absurdamente sincero em expor isso. Não há orgulho em admitir o que fez e nem aquela vergonha na forma de sensibilizar ou justificar o que ocorreu. É um jogo limpo, com todas as cartas expostas. Há muito do que Buk realmente viveu, usando seu alter ego Henry Chinaski para escrever seus acontecimentos autobiográficos. Henry Chinaski é personagem de todos os seus livros (exceto Pulp) e é essa veracidade que faz com que, estranhamente, nos identifiquemos com a personagem -não porque pensemos igual a ele, mas pela realidade ali exposta. 

E esse fato, leva a outro ponto que gosto muito: 

2) A simplicidade. 

Com Buk, as coisas são simples. Não há necessidade de compreender alegorias ou absorver a escrita. Tudo que ele queria que você entendesse ele deixa claro. É direto ao ponto. Por diversas vezes, ele até deixa claro que escreve para viver e não entende porque ficou tão famoso. É perceptível que as coisas fluem naturalmente, tanto que uma de suas frases mais famosas é “escreva bêbado, edite sóbrio”. Não há história densa ou minuciosamente estruturada e, mesmo quando ele não está narrando fatos da vida, como no caso de Pulp, a simplicidade na escrita torna a leitura fácil e gostosa. 

E essa simplicidade é análoga a geração beat, que é meu 3º ponto. 

3) Geração Beat.

Bukowski não gostava quando o incluíam na Geração Beat, apesar de ser contemporâneo a ela e de trabalhar com temas bem semelhantes. Ele dizia que não fazia parte desta geração porque não misturava questões políticas ou escrevia em grupos. O Velho Safado foi um “lobo solitário”, em que escrever sobre suas bebedeiras e vida miserável não era ser contracultura, e sim, eram apenas relatos que lhe saltavam dos dedos. Mas apesar de renegar o estilo, sua escrita e tema são bem semelhantes ao da geração. 

Jim Christy, que escreveu “The Buk Book”, separou ele da geração com o seguinte argumento: “Ele havia sido um vagabundo, um imprestável, um proletário, um bêbado; bem, que fosse. Claro, outros trabalharam o mesmo território, mas o que diferenciava Bukowski do resto deles era que Bukowski era engraçado.", e com esse argumento vamos para o 4 ponto: 

4) Humor.

Sabe aquele amigo que te conta a maior tragédia da vida, que odeia todo mundo, mas conta de um jeito que sua reação é rir? Então, Buk escreve assim. Há um ar engraçado na forma como ele descreve as coisas. Não que seja um livro de comédia, mas a forma como ele escreve torna a coisa engraçada e leve, e esse é o 5º ponto. 

5) Leveza. 

Estranho falar de um boêmio que relata em suas obras porres e romances desestruturados, que passou 90% da vida na periferia da sociedade, usando a palavra “leveza”, mas é ai que eu volto para os pontos 1 e 2. Por ser sincero e simples, o Buk não carrega seus livros de questionamentos e angústias, o que torna a leitura leve.



E agora no final das contas, vale ou não vale ler Bukowski? Recomendo lê-lo de coração aberto, pronto para conhecer um dos escritores que influenciou uma porrada de gente, que foi elogiado por Jean-Paul Sartre e que levou a vivência da sarjeta e do fundo do poço para a literatura. 

O que recomendo: 
Gosto mais dos romances e, por isso, indico começar com “Pulp”, para conhecer como ele escreve e ver se agrada e, depois, ir para os livros com o Henry Chinaski. Não li os livros na ordem cronológica dos fatos, mas recomendo iniciar com “Cartas na Rua” para entender como tudo começou.

1 Comments

  1. Oi, Deborah!

    Eu tô há mais de um ano protelando a minha iniciativa de ler o Bukowski, mas sempre aparece um livro na frente e mais outro, outro, outro... Eu não sei bem por onde começar e seu post me deu uma direção. Eu já sei bastante sobre suas características literárias, mas não sabia o que realmente poderia me agradar. Obrigada! :)

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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