No post de hoje, falarei sobre uma obra que estava na minha lista de leitura há bastante tempo, e somente agora tive a oportunidade de ler: A Parábola do Semeador, de Octavia E. Butler.
Aqui no Perplexidade e Silêncio, também temos a resenha de Kindred, que pode ser lida aqui.
"A Parábola do Semeador", publicado em 1993, é classificado por Butler como uma ficção especulativa, uma vez que a história se passa entre 2024 e 2027 e é como a autora acreditava, na época, que seria o futuro da Humanidade, e particularmente dos Estados Unidos. Ler este livro em 2025 faz a gente pensar que talvez Butler esteja certa.
Aqui no Perplexidade e Silêncio, também temos a resenha de Kindred, que pode ser lida aqui.
"A Parábola do Semeador", publicado em 1993, é classificado por Butler como uma ficção especulativa, uma vez que a história se passa entre 2024 e 2027 e é como a autora acreditava, na época, que seria o futuro da Humanidade, e particularmente dos Estados Unidos. Ler este livro em 2025 faz a gente pensar que talvez Butler esteja certa.
A protagonista, Lauren Olamina, e sua família vivem em um dos únicos bairros seguros que restam nos arredores de Los Angeles. O pai de Lauren, um pregador, e um punhado de outros cidadãos tentam salvar o que resta de uma cultura que foi destruída por drogas, doenças, guerras e escassez crônica de água. Enquanto seu pai tenta guiar as pessoas no "caminho certo", Lauren luta contra a hiperempatia, uma condição que a torna extraordinariamente sensível à dor alheia. Quando um incêndio destrói o bairro, a família de Lauren morre e ela é forçada a sair para um mundo repleto de perigos. Com um punhado de outros refugiados, Lauren precisa seguir seu caminho para o norte em busca de segurança, ao longo do caminho concebendo uma ideia revolucionária - uma religião - que ela acredita que pode salvar toda a humanidade.
O primeiro ponto sobre este livro é que ele é bastante violento. Se você é uma pessoa mais sensível, talvez não goste da leitura, pois temos o combo completo: assassinatos, estupros, canibalismo, abuso infantil, e por aí vai. Não existem momentos de respiro na narrativa, pois é desta maneira que Butler consegue entregar ao leitor exatamente como é a realidade de Olamina, sem pausas para descanso e até mesmo sem esperanças sobre a Humanidade. Então, esteja avisado quando começar sua leitura de que há vários trechos que embrulham o estômago.
Grande parte da ruína da sociedade parece ter sido causada pela devastação ambiental, que por sua vez causou devastação econômica e política. Água poluída, produtos químicos tóxicos, experimentos farmacêuticos (e científicos) fracassados, resultando em drogas perigosas e viciantes. O livro de Butler é um alerta assustador contra a pressão extrema sobre as demandas de consumo.
As corporações dominam certos setores da sociedade e fornecem proteção e infraestrutura para aqueles que podem pagar. Políticas punitivas de dívida e políticas de emprego estão em vigor, prejudicando indivíduos, mas beneficiando empresas. Soa familiar.
O primeiro ponto sobre este livro é que ele é bastante violento. Se você é uma pessoa mais sensível, talvez não goste da leitura, pois temos o combo completo: assassinatos, estupros, canibalismo, abuso infantil, e por aí vai. Não existem momentos de respiro na narrativa, pois é desta maneira que Butler consegue entregar ao leitor exatamente como é a realidade de Olamina, sem pausas para descanso e até mesmo sem esperanças sobre a Humanidade. Então, esteja avisado quando começar sua leitura de que há vários trechos que embrulham o estômago.
Grande parte da ruína da sociedade parece ter sido causada pela devastação ambiental, que por sua vez causou devastação econômica e política. Água poluída, produtos químicos tóxicos, experimentos farmacêuticos (e científicos) fracassados, resultando em drogas perigosas e viciantes. O livro de Butler é um alerta assustador contra a pressão extrema sobre as demandas de consumo.
As corporações dominam certos setores da sociedade e fornecem proteção e infraestrutura para aqueles que podem pagar. Políticas punitivas de dívida e políticas de emprego estão em vigor, prejudicando indivíduos, mas beneficiando empresas. Soa familiar.
Olamina é uma agente de mudança. Com 18 anos recém completados, ela não está disposta a virar as costas para a realidade. Em vez disso, ela aprende por meio de livros tudo o que pode aprender e se prepara para o que sabe e teme que esteja por vir. A garota é uma espécie de profetisa de uma nova religião e filosofia. Sua crença é "Deus é Mudança", e ela sai para pregá-la. A criação da religião é um veículo para que a história de Lauren seja contada e para que a esperança seja semeada entre seus seguidores.
Neste contexto de fim do mundo, Butler especula que a maioria das pessoas ignoraria a seriedade da situação e tentaria cuidar de suas vidas cotidianas, sem se preparar e sem aprender. Agora, num mundo pós-pandemia, podemos afirmar que Butler estava certa. Através de Olamina, acredito que Butler traga a reflexão de que, por mais assustador que seja imaginar que o mundo como o conhecemos está acabando, a mudança é necessária para a sobrevivência. É disso que trata este livro – mudança, adaptação e trabalho em conjunto em comunidade para sobreviver. Uma leitura que eu super recomendo para nós que estamos à margem de um apocalipse.
Neste contexto de fim do mundo, Butler especula que a maioria das pessoas ignoraria a seriedade da situação e tentaria cuidar de suas vidas cotidianas, sem se preparar e sem aprender. Agora, num mundo pós-pandemia, podemos afirmar que Butler estava certa. Através de Olamina, acredito que Butler traga a reflexão de que, por mais assustador que seja imaginar que o mundo como o conhecemos está acabando, a mudança é necessária para a sobrevivência. É disso que trata este livro – mudança, adaptação e trabalho em conjunto em comunidade para sobreviver. Uma leitura que eu super recomendo para nós que estamos à margem de um apocalipse.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5