Já Li #206 - Os Similares, de Rebecca Hanover


Faz bastante tempo que este livro está na minha lista de leituras e, finalmente, dei prioridade a ele. Na resenha de hoje, falarei sobre o primeiro volume de "Os Similares", de Rebecca Hanover.

"Os Similares", de Rebecca Hanover, é narrado em primeira pessoa por Emmaline. Ela chega ao terceiro ano da Academia Darwook com o coração partido, pois seu melhor amigo, Olive, tirou a própria vida alguns meses antes. Quando o ano letivo começa, seis clones chegam à Academia, levantando uma grande polêmica sobre os direitos deles de estarem ali. Para Emma, a coisa se complica ainda mais quando um deles é o clone de Oliver, chamado Levi, e Emma percebe que está se apaixonando por ele, sendo que nunca tinha nutrido sentimentos românticos pelo melhor amigo.

Emma tem uma outra amiga, chamada Pru, que sofre uma tentativa de assassinato e desaparece. A partir deste momento, Emma resolve investigar os bastidores do que acontece em Darkwood e com os clones. Ela também presencia manifestações de força física e atleticismo fora do padrão com os clones, o que desperta a suspeita de que eles tenham algum tipo de "poder".

A parte que eu mais gostei do livro foi a discussão sobre a inclusão social dos clones, que pode ser expandida e usada para debater muitos temas da nossa sociedade atual, e até mesmo nos faz pensar no futuro das IAs. Emma representa as pessoas que defendem os direitos dos clones, enquanto alguns colegas de Darkwood acreditam que eles não deveriam ser tratados como seres humanos. Achei um debate atual e interessante, que foi trazido à narrativa na medida certa.

Eu também gostei da primeira metade da história, pois a combinação de ficção-científica e suspense (o desaparecimento de Pru) estava bem interessante. Apesar do grande clichê "adolescentes ricos em escola de elite" - já comentei aqui em várias resenhas que estou super cansada dessa fórmula - me mantive curiosa para saber onde a narrativa dos clones iria chegar.
Porém, da segunda metade em diante, parece que Hanover se perdeu no enredo e na própria escrita. A cena onde Emma e Levi fogem de Darkwood e vão para a ilha onde os clones foram criados beira o ridículo. Além da logística da fuga, em si, não fazer nenhum sentido, Hanover contradiz a si própria pois, até então, a ilha era referida como um lugar extremamente seguro, ermo e complicado de se entrar. 
Daí para frente foi só ladeira abaixo. A justificativa por trás da criação dos clones é não me convenceu. Basicamente, Hanover utilizou de outro clichê, o "cientista atormentado por aqueles que o subestimaram no passado busca vingança". Recebi esse elemento da narrativa com tédio, porque era exatamente o que eu esperava que fosse acontecer. Hanover poderia, ao menos, ter desenvolvido esse clichê de uma maneira mais sólida, para compensar um pouco as coisas, mas isso também não acontece. Ela só nos fornece alguns poucos capítulos de flashback para entendermos a história do criador, e nada mais. Achei tudo isso muito morno, quando, na verdade, deveriam ser o clímax do livro. Não funcionou.

O desenrolar do desaparecimento de Pru foi tão morno quanto o resto. Me fez pensar porquê colocá-lo na história para início de conversa. Foi somente uma distração bobinha.

Outro ponto que deveria ser um clímax da história também deixou a desejar, que é a descoberta de Emma sobre seu próprio passado. Foi uma descoberta tão óbvia que achei inocente da parte de Hanover acreditar que seria surpreendente, ou mesmo emocionante. Lá pelo quarto capítulo do livro já dava para perceber o caminho que Emma tomaria. 

Por tudo isso, não pretendo seguir a leitura da trilogia, e recomendo a leitura apenas para quem estiver buscando um livro descompromissado para uma leitura casual.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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