Já Li #198 - Os Diários de Virginia Woolf - Volume II - 1919 a 1923

 

Este post será uma mistura de resenha com reflexão pessoal. Ler o segundo volume dos diários de Virginia Woolf me fez pensar sobre várias coisas da minha própria vida, e quero compartilhar tudo isso com vocês.

Antes de começarmos, aqui no Perplexidade e Silêncio temos muitos posts sobre a obra de Virginia Woolf e vocês podem conferi-los aqui. Se quiserem ler a resenha do primeiro volume de seus diários, ela está disponível aqui.

A primeira reflexão que fiz ao ler sobre seus diários é sobre a chegada dos 39 anos de idade que, consequentemente, li exatamente na semana em que eu mesma fiz 39 anos. Virginia escreve sobre a sensação estranha que é perceber a velhice se aproximando e, ainda pior, a juventude se distanciando, no sentido de que algumas oportunidades perdidas parecem ainda mais definitivas e assustadoras. A chegada desta idade fez Virginia refletir sobre como a vida é trágica e, ao mesmo tempo, linda, e esses sentimentos profundos a deixaram melancólica e distante por vários dias. Tenho passado pelo exato mesmo processo atualmente, e me senti confortada em saber que minha escritora preferida passou pela mesma experiência, há 102 anos atrás. 

Junto com essa reflexão, no ano seguinte, quando Virginia completa 40 anos de idade,  lhe vem a constatação de que "não há mais volta" e ela não será mãe. Comenta sobre sempre ter sido muito consciente da decisão de não ter filhos - imaginem isso em 1920, era realmente muito revolucionário e chocante para a época - e, ao completar os 40 anos, Virginia percebe que dali em diante terá que lidar com as consequências desta decisão, que, para ela, são basicamente ao redor de uma velhice solitária sem ninguém para cuidar dela. Estou passando exatamente pela mesma reflexão, também, e foram trechos que mexeram bastante comigo ao longo da leitura.

Por outro lado, Virginia comenta que sente que encontrou sua própria voz somente aos 40, e dali em diante passa a receber as críticas negativas à sua obra de maneira muito mais leve. Já não busca tanto a aprovação dos críticos e intelectuais com quem convive e, mais que isso, começa a enxergar certa tolice e burrice neles, que antes dominavam seus pensamentos. 
Também me surpreendeu que Virginia, na época destes diários, tinha vendido "apenas" 800 cópias de seu livro "O Quarto de Jacob", o que era considerado muito. Mas é bizarro pensar que uma escritora do calibre de Woolf tenha atingido tão poucas pessoas de sua época, e tenha ficado realmente popular apenas depois de sua morte.
Também vemos ela começando a escrever o conto que daria origem à obra-prima "Mrs. Dalloway" e meu coração se encheu de alegria ao acompanhar o processo de algo que marcou a minha vida pessoal.

Gosto das partes que ela menciona seus contemporâneos Katherine Mansfield e Aldous Huxley. Sobre o diário em si, é um livro para fãs. Há que se dizer que, por vezes, é uma leitura chata, uma vez que Virginia fala de pessoas e coisas que para nós soa irrelevante, sobretudo a avalanche de nomes de nobres intelectuais entediantes. É uma leitura que só vale a pena para quem admira a escritora e quer saber mais sobre sua vida e sobre a forma como ela via o mundo. 

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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