Já Li #192 - A República do Dragão, de R. F. Kuang

 
Na resenha de hoje, falarei sobre o segundo volume da série "A Guerra da Papoula", intitulado "A República do Dragão" e escrito por R. F. Kuang.

Para saber o que achei do primeiro volume, veja este post:


Após a Terceira Guerra da Papoula, Rin está traumatizada pela atrocidade que cometeu para acabar com a guerra, viciada em ópio e escondendo-se das ordens assassinas do seu deus vingativo, a Fênix. Sua única razão de viver é se vingar da imperatriz que vendeu Nikan aos seus inimigos. Sem outras opções, Rin une forças com o poderoso Lorde do Dragão, que tem um plano para conquistar Nikan, destituir a Imperatriz e criar uma nova República. Rin se joga em sua guerra. Afinal, fazer a guerra é tudo o que ela sabe fazer. Mas a Imperatriz é uma inimiga mais poderosa do que parece, e as motivações do Lorde do Dragão não são tão democráticas quanto parecem.

Um mérito deste volume é que ele é pura ação. Eventos grandiosos e dinâmicos se sucedem ao longo de todo o volume, e poucos são os espaços de respiro para o leitor. Dizer que Rin está com raiva é dizer o mínimo. Ela está com raiva do mundo, de si mesma, dos amigos, de tudo. A guerra mudou ela e seus companheiros, mas eles ainda não conseguem fazer uma pausa; a paz permanece firmemente fora de alcance e perdas inesquecíveis continuam a acontecer. Este é um livro sombrio, escrito com uma prosa mais madura e refinada com maior foco na escuridão e personalidade de Rin.
Rin toma decisões questionáveis. Ela não tem controle de impulsos e faz muitas coisas estúpidas por causa de sua raiva e do que aconteceu com ela. Em seu caminho para superar o legado de Altan, o vício do ópio e aceitar seu poder, Kuang desconstrói a personagem de Rin completamente, apresentando-a no seu pior durante quase toda a primeira metade.
Mas este aprofundamento de personagens não acontece somente com Rin. Há personagens que agora tem narrativas mais complexas, e outros que ficam para trás, para dar espaço ao novo. O arco de Kitay, em particular, é bem interessante. Ele não é mais o garoto alegre do primeiro livro, mas uma versão sobrecarregada e endurecida de si mesmo.

Em termos de enredo, eu fiquei confusa com as batalhas entre a Federação, a imperatriz, os mugeneses, os hesperianos, os nikarianos e todo este lado mais político da história. E, confesso, livros com este tipo de enredo não são meu forte, nem meus favoritos, pois eu logo perco o interesse quando a narrativa fica ao redor de estratégias de guerra e conquista de território. Ainda assim, acredito que Kuang tenha feito um bom trabalho nesta parte, pois mesmo sem entender fiquei entretida no que aconteceria a seguir. As cenas de batalha naval foram as mais entediantes para mim, lado a lado comas discussões sobre poder entre os Lordes.
Inclusive, acho que essa parte do enredo poderia ter sido editada. 650 páginas foi muito, e lá pela página 400 eu estava lendo em Z, querendo saber logo o que aconteceria com Rin e Kitay.

Eu gostei das aparições da Imperatriz, e acho que ela poderia ter mais espaço no próximo volume. Kuang fez um ótimo trabalhando mostrando o porquê dela ser tão poderosa e persuasiva, pois ela não confunde apenas Rin de que é boa, mas também ao próprio leitor. Adorei isso.

Uma coisa realmente boa desta série é a escrita. Kuang é uma escritora brilhante que sabe como transmitir as emoções profundas de seus personagens. Embora tenha elementos que já vi antes, é um enredo original e interessante. Ouvi dizer que o livro final é um dos melhores finalizadores de trilogia que existem, então com certeza continuarei lendo para ver como ela termina.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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