Já Li #180 - Tress, A Garota do Mar Esmeralda, de Brandon Sanderson

 

Finalmente, o primeiro Projeto Secreto de Brandon Sanderson foi publicado. Durante meses, o autor fez suspense sobre o que seria este tal de projeto, e eu nunca tive dúvidas de que valeria a pena esperar por mais uma obra do Rei. Aqui, falarei um pouco sobre os pontos positivos e negativos deste livro.

Antes de seguir nesta resenha, saiba que o Perplexidade e Silêncio tem muitos posts sobre Sanderson (mais de 30). Então, se você quer detalhes sobre ele, recomendo começar por aqui: Um Guia Sobre o Universo Cosmere

A protagonista deste conto-de-fadas é Tress, uma limpadora de janelas e colecionadora de copos que vive um ilha super isolada no Mar Esmeralda. Ela é amiga do príncipe da ilha, que finge que é jardineiro para poder conversar com ela. Quando Charlie é enviado para os continentes em busca de uma esposa, ele é aprisionado pela Feiticeira do Mar da Meia-Noite, e Tress decide deixar para trás toda a segurança de sua ilha para resgatá-lo.

A história se passa no planeta Lumar, um mundo desolado com doze luas que produzem esporos de éter hostis conhecidos como lunagris. O planeta contém doze oceanos e numerosas ilhas governadas pela monarquia, e somente os administradores reais são autorizado a circular entre as ilhas. Os doze oceanos consistem em cores separadas, como carmesim, safira, dourado, meia-noite e esmeralda, e cada esporo tem um "poder" diferente (por exemplo, os esporos verdes, em contato com a água, se transformam em vinhas). O oceano de Lumar é coberto principalmente por esporos, que é mais ou menos como uma areia movediça (foi assim que eu imaginei). Apenas os piratas e os navios mercantes do governo circulam pelos mares de esporos e, quando Tress decide ir atrás de Charlie, ela acaba entrando para a tripulação de um navio pirata.

Tress, claro, é uma excelente personagem, e já falei aqui inúmeras vezes quão incrível Sanderson é ao construir suas personalidades. Destaque também para o narrador não-confiável Hoid, que segue sendo misterioso até o fim da leitura, o que é algo muito positivo do livro. 
Costumo elogiar a capacidade de Sanderson em trazer personagens coadjuvantes que são tão bons quanto o protagonista/antagonista. Assim, temos Fort, que é o mestre quarteleiro do navio pirata e que se comunica apenas através de uma tábua mágica. Ulaam, que é um kandra (do universo de Scadrial), também é maravilhoso e me fez ter saudades de ler Mistborn.
Gostei muito destes dois personagens e de Hoid, mas preciso dizer que Sanderson não fez o usual trabalho magnífico com os demais personagens. Ann e Salay pareciam a mesma pessoa, e a Feiticeira não foi, nem de perto, assustadora ou poderosa como a história a fez parecer. 

Outro aspecto que não me convenceu muito foi o relacionamento entre Tress e Charlie. Uma vez que toda a narrativa é baseada no encontro dos dois, achei que Sanderson deveria ter dedicado mais tempo a eles no início do livro, para que assim o leitor conseguisse comprar a ideia de que Charlie merece tudo o que o Tress está fazendo por ele.

Mas, considerando que, no fundo, o arco é mais sobre o desenvolvimento de Tress do que sobre o romance entre os dois, fiquei satisfeita. Ela tem uma Jornada do Herói muito parecida com Spensa Chaser, de Skyward. Assim que ela sai do isolamento de sua ilha, Tress descobre não só que tem poderes especiais sobre os esporos, mas também que tem todos os atributos de uma líder. No fim das contas, a mim não fazia diferença se ela encontraria Charlie ou não, já que a graça da leitura estava em acompanhar seu desenvolvimento.

A razão, contudo, que este livro não entrou na categoria "Sugestão de Leitura" foi a decepção com as partes finais. Passamos a narrativa inteira lendo que atravessar o Mar da Meia-Noite é impossível, que a torre da Feiticeira é inviolável e que ela é a pessoa mais poderosa de todos os mundos. Assim, quando Tress finalmente chega ao Mar, fiquei esperando algo muito grandioso, impactante, cenas de ação de tirar o fôlego, defesas mágicas ultra criativas, ou até mesmo referências mais marcadas dos outros mundos da Cosmere. Mas não. A Feiticeira é patética, assim como suas defesas, e todo o clima de caricatura das partes finais me decepcionou um pouco.

Um ponto muito negativo, para mim, foi encontrar inúmeros erros de digitação e de ortografia na obra. O trabalho de revisão foi péssimo, e fiquei bastante decepcionada ao encontrar tantos erros um livro que custou R$ 120. Nem mesmo as belíssimas ilustrações de Howard Lyon foram o suficiente para diminuir minha irritação. 

Mas, é o que eu costumo dizer. Até as obras ordinárias de Sanderson são melhores que a maioria, então é claro que recomendo a leitura.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 4/5

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