As Três Leis de Brandon Sanderson


Brandon Sanderson, dizem, é o novo mestre da Alta Fantasia. Concordo completamente com esta afirmação, pois lendo a Saga Mistborn: Nascidos da Bruma ele me conquistou irremediavelmente. Brandon Sanderson produz sagas longas, precisas e complexas, como quem brinca de Lego: ele encaixa as peças com tranquilidade, constrói mundos impressionantes e parece nem fazer tanto esforço assim. No currículo, além de Mistborn, ele tem a saga "The Stormlight Archive", que já está no décimo volume, "Elantris" e também escreve a saga "A Roda do Tempo", após a morte de Robert Jordan (estou lendo e amando cada página!).

Por achá-lo um escritor sensacional, busco incessamente suas dicas para escritores e quero aprender com ele. Afinal, sonho em escrever meu próprio livro de Alta Fantasia, o que não é algo simples de ser atingido. Assim, é muito válido sabermos sobre as As Três Leis de Brandon Sanderson para construir uma narrativa digna de tirar o fôlego.


Lei #1: "A capacidade de um autor em resolver conflitos de forma satisfatória com a magia é diretamente proporcional ao quão bem o leitor compreenda esta magia."

Em 2007, Sanderson escreveu um ensaio sobre o assunto, que pode ser lido na íntegra aqui. Nesta primeira lei, ele deixa claro a importância de o escritor montar um sistema mágico que seja divertido e lógico e, ao mesmo tempo, deixe espaço para a descoberta e o pensamento do leitor. Ele também ressalta que muitas pessoas estranharam que ele colocasse regras e fundamentos na magia, com a alegação de que tais "limitações" iam contra a imaginação. No entanto, ele provou por A +B que, sem as tais regras e fundamentos, o leitor simplesmente não compra a idéia. E, com isso, qualquer conflito e qualquer desenrolar que a estória tenha, vai por água abaixo. A isso, ele chama de Hard Magic, em oposição à Soft Magic, que seria uma magia sem explicações para o leitor.
O ensaio traz exemplos e um debate bastante rico sobre o assunto. Vale a pena ser lido para quem gosta do tema.

Lei #2: "As fraquezas das personagens são mais interessantes que suas habilidades. Ou seja: limitações > poderes."

Brandon Sanderson escreve sagas incríveis não apenas pelos mundos e sistemas mágicos que ele cria mas, principalmente, pela profundidade e verdade que existem nas suas personagens. Elas tem apelos humanos e próximos da nossa realidade, não importa qual poder possuam ou qual Império combatam. Elas são críveis e o leitor logo estabelece vínculos afetivos.
Em 2012, ele escreveu um ensaio sobre o tema, que pode ser lido aqui. Resumindo, ele postula o seguinte: se uma determinada personagem precisa superar um obstáculo e ela é poderosa, ela supera e pronto, sem grandes plots; porém, se ela precisa superar este mesmo obstáculo possuindo uma série de falhas, fraquezas e dificuldades, ela irá superá-lo através de esforço, conhecimento, habilidade e superação e aí sim temos uma boa estória. 
No ensaio, ele fornece dicas valiosas para escritores. Não deixe de ler.

Lei #3: "Expanda seu mundo antes de adicionar novos elementos."

Em 2013, ele publicou seu ensaio sobre a terceira lei, que pode ser lido aqui. Um bom sistema mágico deve estar conectado com o mundo ao redor dele, e não ser estabelecido como algo separado e acima de todas as coisas. O sistema mágico deve fazer parte da realidade das personagens. Com isso, o próprio sistema mágico criado fornecerá um potencial enorme de expansão, e não haverá necessidade de criar elementos novos "do nada". Quando o escritor adiciona coisas novas no meio da narrativa, dá ao leitor a impressão de aquele novo cenário surgiu "de repente" e não tem conexão com o que ele leu até ali. No entanto, quando o escritor expande o que foi criado, tudo continua coeso e orgânico.
Novamente, ele fornece dicas preciosas no ensaio, que merece ser lido por quem escreve fantasia.

Agora só me resta arregaçar as mangas e trabalhar, inspirada por esse escritor incrível.

1 Comments

  1. Ótimas dicas. Concordo com ele. O universo da minha saga foi criado antes da história em si, não só no quesito magia, mas nas questões políticas, culturais, cronológicas, tecnológicas, etc.

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