Na resenha de hoje sairei um pouco das fantasias e das ficções-científicas, para entrar em um romance sobre uma fictícia diva do cinema de Hollywood. O post é sobre "Os Sete Maridos de Evelyn Hugo", de Taylor Jenkins Reid.
"Os Sete Maridos de Evelyn Hugo", publicado em 2017, conta a história de uma estrela do cinema, Evelyn, que decide contar sua autobiografia e acabar com uma série de especulações que a perseguiram por mais de quarenta anos de carreira. Para esta missão, ela escolhe a jornalista Monique, uma garota no início de sua carreira e ainda razoavelmente desconhecida do público, o que intriga a própria Monique, que não entende como Evelyn sabia de sua existência.
Monique e Evelyn, então, passam a se encontrar todos os dias, por aproximadamente duas semanas, e Evelyn conta toda a verdade por trás dos seus sete casamentos - isso mesmo, sete.
Logo fica claro que o real mistério do livro não é a natureza destes sete casamentos, e sim, porquê Evelyn decidiu contar sobre sua vida logo agora, e porquê escolheu Monique.
Começamos no início da vida de Evelyn, que se vê sozinha com um pai abusivo depois da morte da mãe. Seu primeiro casamento é uma fuga desta realidade e sua entrada na vida adulta. Ela então vai trabalhar de garçonete em um restaurante famoso de Los Angeles, por onde passam os principais produtores e diretores de cinema, e onde ela sabe que é o melhor lugar para se estar. Ela quer ser estrela de cinema a qualquer custo, o que eventualmente consegue, passando para seu segundo casamento.
Logo fica claro que o real mistério do livro não é a natureza destes sete casamentos, e sim, porquê Evelyn decidiu contar sobre sua vida logo agora, e porquê escolheu Monique.
Começamos no início da vida de Evelyn, que se vê sozinha com um pai abusivo depois da morte da mãe. Seu primeiro casamento é uma fuga desta realidade e sua entrada na vida adulta. Ela então vai trabalhar de garçonete em um restaurante famoso de Los Angeles, por onde passam os principais produtores e diretores de cinema, e onde ela sabe que é o melhor lugar para se estar. Ela quer ser estrela de cinema a qualquer custo, o que eventualmente consegue, passando para seu segundo casamento.
Do meio da história em diante, o enredo fica mais complexo, com a entrada de Celia. Evelyn se apaixona por Celia, mas elas não podem ficar juntas - pensem nos Estados Unidos super conservador dos anos 50. Celia está aberta a sofrer as consequências do relacionamento entre elas, mas é claro que Evelyn não quer colocar toda sua carreira a perder. Boa parte dos sete casamentos do título trata-se de Evelyn ou tentar esconder sua bissexualidade, ou tentando esquecer Celia, que acaba terminando o relacionamento.
Reid aborda este tema da orientação sexual de maneira incrível, mas também fala sobre etarismo, racismo e machismo. Evelyn, objetificada por causa de sua aparência (pensem em Marylin Monroe), também é latina, e é vista como um "pedaço de carne" por todos ao seu redor. Depois, mais velha, é colocada de escanteio pelo mercado cinematográfico, pois já não serve mais para o papel de bombshell.
E, no final da história, que também é o final da biografia de Evelyn, temos temas de morte e luto, quando ela vive uma sucessão de tragédias e perdas, sucessão esta que me deixou com o coração pesado e me fez lembrar de Uma Vida Pequena, de Hanya Yanagihara. É então que vemos o mito da protagonista se dissolvendo, e percebemos sua fragilidade e vulnerabilidade.
Evelyn é uma personagem interessantíssima. Ela não se enquadra nem como heroína, nem como vilã. Desde o princípio da história sabemos que Evelyn é capaz de qualquer coisa para manter-se como uma estrela de Hollywood, mas ela também é capaz de qualquer coisa para salvar quem ama. Com ela, é impossível ficar indiferente, e foi isso o que eu mais gostei neste livro, o quanto a protagonista é sua própria antagonista, e quão profunda ela é. Pontos para Reid, que escreveu uma excelente personagem, fugindo dos clichês de romances.
E, no final da história, que também é o final da biografia de Evelyn, temos temas de morte e luto, quando ela vive uma sucessão de tragédias e perdas, sucessão esta que me deixou com o coração pesado e me fez lembrar de Uma Vida Pequena, de Hanya Yanagihara. É então que vemos o mito da protagonista se dissolvendo, e percebemos sua fragilidade e vulnerabilidade.
Evelyn é uma personagem interessantíssima. Ela não se enquadra nem como heroína, nem como vilã. Desde o princípio da história sabemos que Evelyn é capaz de qualquer coisa para manter-se como uma estrela de Hollywood, mas ela também é capaz de qualquer coisa para salvar quem ama. Com ela, é impossível ficar indiferente, e foi isso o que eu mais gostei neste livro, o quanto a protagonista é sua própria antagonista, e quão profunda ela é. Pontos para Reid, que escreveu uma excelente personagem, fugindo dos clichês de romances.
Sobre o grande mistério do enredo, fiquei um pouco dividida. Por um lado meu, achei até surpreendente quando sabemos porque Monique foi escolhida - sem dar spoilers, há relação com o início das tragédias da vida de Evelyn - mas, ao mesmo tempo, acho que Monique foi tão pouco construída que eu não consegui me importar com ela. Acho que essa grande revelação teria funcionado mais se Reid tivesse dedicado mais espaço à Monique. Dela sabemos pouco, e o enredo traz mais informações sobre seu atual divórcio, mas ainda assim de maneira superficial. Eu sequer consegui estabelecer uma imagem da Monique na minha cabeça, e menos ainda sua voz.
A sensação que tive foi de que Evelyn tornou-se tão grande que ofuscou até a própria Reid, mas como é uma personagem ótima, não chegou a estragar o enredo.
A sensação que tive foi de que Evelyn tornou-se tão grande que ofuscou até a própria Reid, mas como é uma personagem ótima, não chegou a estragar o enredo.
É uma leitura que eu recomendo.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5
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