O livro ou o filme? | O Mundo em Caos, de Patrick Ness

 

Quando o roteiro da adaptação ao cinema é feito pelo próprio escritor da obra, eu fico imediatamente interessada em ler o livro para comparar com o filme. É o que aconteceu com "O Mundo em Caos", livro de Patrick Ness que virou um filme estrelado por Tom Holland e Daisy Ridley. Neste post, falarei sobre ambas as obras e as principais diferenças entre elas.

"O Mundo em Caos" é o primeiro livro de sua trilogia Chaos Walking, publicada entre os anos de 2008 e 2010. A premissa da obra de Ness é que a Humanidade precisou deixar a Terra e se estabeleceu em uma colônia em outro planeta. Lá, é possível visualizar e ouvir os pensamentos dos homens, mas não das mulheres, aparentemente por causa dos "germes" emitidos pelos Spackles, as criaturas que já habitavam o planeta antes. Todas as mulheres morrem e restam apenas os homens, com o Barulho insuportável que eles emanam de seus pensamentos caóticos (daí o título do livro, da trilogia e do filme).
O protagonista, Todd Hewitt, no livro está prestes a se tornar um homem pelas regras da sociedade em que vive em Prentisstown. Passeando pelo pântano com seu cachorrinho Manchee, cujos pensamentos também se ouvem porque ele é macho, Todd descobre um ponto sem nenhum pensamento no meio da floresta, em completo silêncio, o que é assustador para ele, que já nasceu nesse planeta cheio de Barulho. Logo depois, seus pais adotivos o mandam embora da vila sem maiores explicações.

No filme, Todd é interpretado por Tom Holland e aqui vem a primeira diferença. No livro, Todd é mais jovem, algo em torno dos 13 ou 14 anos de idade, enquanto no filme Holland interpreta um Todd mais velho, na faixa dos 20 anos. 
Além disso, no filme não fica claro que é possível escutar os pensamentos de qualquer ser vivo que seja macho, não apenas dos homens. Imagino que eles tenham feito esse ajuste para que o expectador fique focado em Todd e em seus pensamentos, o que funciona bem na tela. E, no livro, me diverti horrores com o Barulho do Manchee. Então as duas coisas deram certo, cada uma a seu modo.

Por outro lado, eu gostei mais do filme quando eles mostraram um dos Spackles que Todd encontra no pântano. Eu não consegui visualizar como as criaturas seriam no livro e o filme trouxe isso muito bem. Li algumas pessoas dizendo que a cena com o Spackle no filme ficou um pouco avulsa, pois no livro há um significado mais profundo no amadurecimento de Todd, mas eu particularmente não me incomodei com isso.
Também achei que não deram a importância devida ao personagem de Davy Jr, o filho do prefeito, interpretado por Nick Jonas. No livro, ele foi muito mais relevante para a trama do que no filme e não senti que o personagem foi bem aproveitado. Por outro lado, o prefeito em si tem mais destaque e Mads Mikkelsen estava ótimo no papel, e isso aconteceu porque, na trilogia, o prefeito vira um super vilão que quer dominar todo o planeta, incluindo os Spakles, o que não chega a ser mostrado no filme.

Mas a principal diferença é que o filme compila a trilogia inteira. Eu só li o primeiro volume e ele termina quando Todd sai da fazenda e descobre que há uma mulher no pântano, daí o Silêncio que ele encontrou. No filme, no entanto, ele já sai da fazenda com Viola consigo, ele mostra a garota ao prefeito de Prentisstown quando a encontra no pântano, e há todo o desdobramento dos outros dois livros de Ness. Os livros são bem curtinhos (li o primeiro em um dia!), então acho que faz sentido juntar a história inteira em apenas um filme. 
Como eu não li os livros onde Viola aparece, o que vi pela internet é que o filme não fez juz ao seu arco e que ela é muito mais interessante no livro. Talvez seja verdade pois achei Viola meio apagada no filme e não me apeguei a ela como aconteceu com Todd (Holland deixa qualquer personagem carismático, é impressionante).
Eu fiquei incomodada com a parte onde Viola precisa se comunicar com a nave que vai levar 4 mil pessoas para o planeta, depois de uma viagem espacial de mais de 60 anos. Para mim, esse é o ponto principal de toda a história e é mencionado rapidamente, apenas umas duas ou três vezes ao longo do roteiro. Queria ter visto mais disso.

O livro ou o filme? Embora eu ache que o filme poderia ter sido um pouquinho mais longo para retartar alguns desses aspectos que ficaram perdidos, no geral, o filme faz um bom trabalho em manter a história da trilogia intacta. Isso desperta vontade de ler os livros, aprofundar os personagens e descobrir mais detalhes sobre tudo, porque a história em si é muito boa. Eu adorei ambos, livro e filme, e pretendo continuar lendo a trilogia.
Então, desta vez, a disputa dará em empate.

Você viu o filme? O que achou? Deixe aí nos comentários que vou adorar saber.

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