Já Li #117 - Trilogia dos Espinhos, vol.1 - Príncipe dos Espinhos, de Mark Lawrence


Fazia bastante tempo que a Trilogia dos Espinhos estava na minha lista de to-read e, finalmente, resolvi priorizar a leitura do primeiro volume. Então, o post de hoje é uma resenha sobre "Príncipe dos Espinhos" de Mark Lawrence.

Embora Mark Lawrence seja mais conhecido do grande público por causa desta trilogia, ele acumula uma extensa obra de contos, sagas fantásticas e até mesmo poesia. 
A Trilogia dos Espinhos foi escrita e publicada entre 2011 e 2013, além de um conto spin-off em 2014. O autor ganhou uma série de prêmios com estes lançamentos, sobretudo no Goodreads.

O protagonista de todos os volumes é Jorg Ancrath. Ele sofre muitos traumas emocionais e físicos ao longo da série, o que resulta em um personagem nem um pouco sensível ao sofrimento dos outros. Ele está disposto a machucar ou matar alguém em sua busca para subir ao trono do Império Quebrado. Após o assassinato brutal de sua mãe e de seu irmão mais novo, Jorg foge de seu pai e sua casa; chegando a liderar um bando de criminosos cruéis conhecidos como Irmandade. A história é narrada em primeira pessoa, por ele.

Em "Príncipe dos Espinhos", sabemos que a jornada de Jorg começa aos dez anos de idade, no momento da fuga acima mencionada. Ele está em busca de vingança e procura o Conde Reinar, o responsável pela morte de sua mãe e irmão. Jorg descobre que seu pai beneficou-se da morte de ambos, em um acordo comercial que lhe parece ridículo e abusivo. Enquanto assistia aos assassinatos, Jorg foi "engolido" por um arbusto de espinhos que parecem lhe conferir alguns poderes especiais, poderes estes que lhe dão uma vantagem em batalhas e situações de violência.
Depois de peregrinar por vilarejos - pilhando, queimando, matando e estuprando - Jorg decide retornar à sua cidade natal para enfrentar seu pai. Quando lá chega, descobre que o pai se casou de novo e, sem querer, se aproxima de sua nova tia, Katherine.

Eu queria muito ter gostado deste livro. Queria muito ter encontrado uma nova trilogia para me conectar. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu.

Não existe a menor possibilidade de que eu vá me simpatizar com um protagonista estuprador. Não há uma razão suficientemente boa no mundo para eu gostar de um personagem que comete esse crime no enredo. Nenhum background familiar, passado, história ou justificativa será capaz de me convencer de que Jorg merecia um livro para si. 
Isso me leva à segunda razão para não gostar deste livro. Jorg só é mau. Não há profundidade nem complexidade nesta maldade. Mark Lawrence, com um pouco mais de dedicação ao desenvolvimento do personagem, poderia, quem sabe, torná-lo mais interessante ao longo da leitura ou, pelo menos, não tão previsível. Eu sequer consegui perceber qual foi seu arco de evolução neste primeiro livro, o que deixou a leitura ainda pior e mais ingrata.
E para completar, Jorg tem quatorze anos. Se ele agisse como um menino malvado de quatorze anos, quem sabe eu aceitaria um pouco as coisas. Ou se ele agisse como um jovem rapaz que sofreu na vida e amadureceu rápido. Mas não. Ele é só um moleque cretino e babaca, um psicopata na sua concepção mais científica/psiquiátrica do termo, e nada mais.
Gosto de livros em que o autor leva tempo para construir a história, para que o leitor e o personagem se conheçam e resolvam suas diferenças. Neste livro, não há este tempo. O autor entrou imediatamente nessa exibição repugnante para retratar o homem horrível de Jorg e ficou neste lugar por cansativas 364 páginas.

Imaginando que eu seja capaz de deixar estes pontos de lado - o que não sou, mas vamos fingir - ainda há o aspecto fantástico da trama, os espinhos que mencionei anteriormente. Achei este elemento fantástico totalmente desnecessário e mal colocado na trama. Não entendi seu propósito, tampouco seu funcionamento e não achei que agregassem tanto assim à trama. Os eventos principais continuariam se desenrolando mais ou menos da mesma forma sem a presença dos espinhos.
E, por fim, os aliados de Jorg são insossos e homogêneos, contribuindo para minha sensação de frustração ao longo da leitura.
E eu sequer vou comentar a total falta de representatividade feminina neste livro porque não quero perder mais um minuto da minha vida com esta trilogia.

Por favor, não perca seu tempo com este livro.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

1 Comments

  1. Achei a mesma coisa que você. Tentei até ler a continuação, já que diversas pessoas elogiam a trilogia. Não passei dos primeiros capítulos.
    Não tem nada que me faça querer continuar a leitura. Tudo bem ter elementos pesados na trama - por mais que eu não ache necessário. Mas na minha opinião o autor criou um mundo mau, com personagens maus fazendo coisas malvadas. Ou seja, porquê ler isso?
    Aliás adoro seu blog. Ótimo conteúdo. Organizado. E muito bem escrito.

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