Sugestão de Leitura | O Trono de Vidro, vol.1: O Trono de Vidro, de Sarah J. Maas


Demorei muito tempo para me interessar em ler O Trono de Vidro, de Sarah J. Maas, e o principal motivo para isto é que li resenhas muito conflitantes sobre o livro. Encontrei fãs ardorosos da saga e, também, leitores que juraram que foi a pior leitura de suas vidas. Foi então que decidi ler o primeiro volume da série e decidir por mim mesma.

Trono de Vidro começou a ser publicado em 2012, mas Sarah J. Maas trabalhou no manuscrito do primeiro volume por dez anos. A saga terminou em seu oitavo volume, publicado em 2018. A protagonista da série é a assassina Celaena Sardothien que, após um ano de escravidão em uma mina, recebe a chance de se tornar a assassina  pessoal do rei de Adarlan.

No primeiro volume, entitulado também de O Trono de Vidro, o enredo inicia quando Dorian, o príncipe herdeiro, busca Celaena nas minas de de Endovier para representá-lo em uma competição contra outros ladrões e assassinos mais talentosos do país. Ela deve sobreviver a todos os testes e se tornar a campeã do rei de Adarlan para que, depois de quatro anos, enfim ganhe a liberdade. Embora desgoste da idéia de servir a um rei que odeia, Celaena aceita a oferta de Dorian diante da perspectiva de, enfim, resgatar sua liberdade e identidade ao final do acordo. 
É assim que Celaena chega ao famoso castelo de vidro e é treinada pelo capitão da guarda, Chaol, que a ajuda a recuperar a forma depois de um ano de trabalho escravo nas minas. Ela também faz amizade com a princesa Nehemia, de Ellwye, o reino inimigo de Adarlan.
Enquanto Celaena passa pelo treinamento e pelos testes, vários oponentes são encontrados mortos pelo castelo, como se tivessem sido devorados por alguma besta. Aos poucos, estas mortes chamam mais a atenção de Celaena do que a própria competição e ela fica focada em resolver este mistério.

Vou começar listando os pontos mais fracos do livro, na minha opinião.
A fama avassaladora de Cealena como assassina: Durante toda a narrativa, as personagens ao redor de Celaena ficam maravilhadas, perplexas, curiosas e até assustadas com a presença da protagonista, já que sua fama a precede. Repetidamente, Sarah J. Maas reforça que Celaena é a maior assassina do mundo. Meu maior problema aqui é que Celaena não entrega isso, em nenhum momento. Não encontrei nenhuma cena ao longo do livro que justificasse sua fama. E, para piorar, há diversos momentos que Celaena simplesmente anula sua própria fama como quando, por exemplo, ela come um saco de doces sem sequer checar se eles estão envenenados ou quem os enviou. Uma assassina do porte dela jamais faria isso.
Os testes não tão mortais assim: Também fiquei muito decepcionada com os testes da competição para tornar-se campeã(o) do rei. Os indivíduos mais cruéis do mundo foram selecionados, um rei maluco os colocou todos no mesmo ambiente e lhes deu as mais diversas armas, e o que eles fazem? Jogam facas em um alvo ou brincam de arco-e-flecha. Super brochante.
A semelhança entre Dorian e Chaol: Acho que Sarah J. Maas perdeu uma grande oportunidade de criar duas personagens masculinas diferentes entre si e, ainda assim, interessantes. Para mim, ao longo da leitura, Dorian e Chaol são praticamente o mesmo indivíduo em termos de arco e desenvolvimento. A única característica que ligeiramente os diferencia é que Dorian é descrito como mulherengo e, Chaol, como alguém mais sério. Mas isso não foi o suficiente para mim. Ambos se apaixonam por Celaena, querem largar suas responsabilidades com o reino, se aproximam dela com cautela e ficam maravilhados por ela. Achei chato de ler.

Apesar destes pontos acima, decidi por colocá-lo como Sugestão de Leitura porque os aspectos positivos os superaram:
Alguns aspectos da personalidade de Celaena: E digo "alguns" porque, de forma geral, Celaena não me cativou, mas há características nela que, normalmente, são consideradas masculinas e Sarah J. Maas fez um ótimo trabalho transpondo isso para uma mulher. Por exemplo: violência, falta de modos (para comer, para sentar, para falar), raciocínio lógico, frieza, ausência de pudor, dentre outros. A sensação que tive é que Celaena foi escrita para ser um rapaz, e Maas mudou para uma menina mantendo a essência do personagem. 
Podemos nos apaixonar por mais de uma pessoa: Também gosto que Cealena parece gostar de Dorian e de Chaol. Por ser um livro de YA, infelizmente Sarah J. Maas não pôde forçar a mão no triângulo amoroso, mas eu imaginei por mim mesma (rs). Além disso, também gostei da idéia de que Celaena não escolhe ninguém e prefere sua liberdade. Achei um final legal, que me manteve interessada em seguir lendo a saga.
Nehemia e os símbolos de Wyrd: A princesa de Ellwye foi a personagem que mais gostei. Eu ficava esperando ansiosa pelos momentos que ela apareceria, assim como a mitologia ao redor de Wyrd e da rainha Elena. Este background de fantasia foi o que mais me intrigou e é minha principal motivação para seguir a leitura da série. Além disso, também gostei da ambiguidade de personalidade e das intenções de Nehemia e estou curiosa para descobrir quem ela realmente é.

Sabendo que este foi o primeiro livro de Sarah J. Maas em sua carreira, acredito que ela tenha tido um sólido e forte começo, apesar de algumas fragilidades do enredo. E, pelas entrevistas e resenhas que li, ela me parece ser uma escritora disposta a absorver feedbacks e aprender. Por isso, apesar dos pesares, é uma leitura que recomendo e uma escritora que quero acompanhar o trabalho.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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