Já Li #101 - Em Algum Lugar nas Estrelas, de Clare Vanderpool


Na resenha de hoje, vamos falar sobre "Em Algum Lugar nas Estrelas", um romance sobre duas crianças tentando se encontrar em meio a traumas e tristeza, de Clare Vanderpool.

Publicado em 2013, "Em Algum Lugar nas Estrelas" é o segundo livro de Clare Vanderpool, que escreve literatura infantil e infantojuvenil. Neste livro, os protagonistas são dois meninos, Jack Baker e Early Auden.

A Segunda Guerra Mundial tinha acabado e Jack e sua mãe recebem seu pai de volta. Ele, no entanto, volta distante e ainda sob o impacto dos horrores que viveu na guerra, e não consegue se reconectar nem com o filho e nem com a esposa.
Para piorar a situação, a mãe de Jack morre e o pai, sem saber como criar um menino de 13 anos, leva Jack para um internato em outro Estado.

Na Escola para Meninos do Maine, no início, Jack sente dificuldade de fazer amizades. Ainda muito devastado pela dor da perda da mãe, ele não consegue se entreter com as conversas dos demais meninos, que lhe parecem superficiais. Com isso, Jack tem o hábito de perambular sozinho pelas dependências da escola, até que conhece Early Auden.
Early é considerado um garoto muito estranho e, sempre solitário, não tem amigos e nem parece se importar com isso. Jack se aproxima de Early e eles logo estabelecem um vínculo, quando Jack resolve participar de uma competição de remo da escola. Early o ajuda a construir um barco, assim como o ensina a remar e se torna seu técnico. 

Early é obcecado por duas coisas: seu irmão Fish e a lenda de Pi.
Fish era um dos garotos mais populares da escola, campeão invicto de remo e adorado por todos. No entanto, ele foi para a Guerra e nunca mais voltou. O Exército americano enviou uma carta dizendo que Fish havia sido morto em combate, mas Early se recusa a acreditar nisso e continua buscando o irmão. 
Na cabeça tortuosa de Early, ele conectou a história de Fish à lenda de Pi. Early leu o livro "A Vida de Pi" de Yann Martel (que gerou o filme de 2012) e acredita que, tanto quanto Pi retornou ao lar, Fish também irá. E para adicionar mais uma cama de excentricidade à sua teoria, Early junta a lenda de Pi com o número Pi, e nas mais de duzentas casas decimais dele Early enxerga cores, situações, geometrias, toda uma narrativa de que mais ninguém acompanha.
O livro é entremeado com trechos da história de Yann Martel.

A narrativa é interessante, principalmente quando Jack e Early se lançam numa aventura para encontrar Fish. Gostei bastante da dinâmica entre os dois meninos e a amizade entre eles é muito bonita. Meu problema foi com o desenvolvimento do final, por isso, se você não quer spoilers, é melhor parar de ler por aqui.

Não entendi muito bem como as coisas aconteceram, porque Vanderpool apressou demais a narrativa perto do fim, mas, de alguma forma, Fish reaparece. Early tinha reunido várias pistas que o conduziram a acreditar que o irmão estava vivo e essas pistas estavam corretas e aí, de repente, plim!, Fish aparece. No entanto, além da narrativa afobada, Fish é retomado na narrativa e não faz nada, como se a mera presença dele na estória - e na vida de Early - já resolvesse as coisas por si só. Assim, para mim, faltou emoção e propósito nesse reencontro.
E, infelizmente, Vanderpool cometeu o mesmo erro no desfecho do relacionamento entre Jack e pai. De uma hora para outra, o pai dele resolve tornar-se presente, amoroso e atencioso e, para mim, isso não colou. Foi fácil e rápido demais.
Por causa desse final, não é um livro que recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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