O livro ou o filme? | Uma Dobra no Tempo, de Madeleine L'Engle


Quando a Disney resolveu investir na adaptação cinematográfica de uma obra de fantasia infantil diferente, logo pensei que era uma combinação impossível de dar errado. Assim, este post é um debate sobre o filme criado a partir de "Uma Dobra no Tempo", escrito por Madeleine L'Engle.

"Uma Dobra no Tempo" foi originalmente publicado em 1962, depois de ser rejeitado por 26 editoras. Madeleine acreditava que seu livro tinha sido rejeitado pois trazia uma protagonista feminina em uma estória com background de ficção-científica, e "o mundo não estava pronto para isso".  Para ler a resenha completa do livro, clique neste post.

No livro, a protagonista é uma menina de treze anos chamada Meg Murry, cuja personalidade forte é vista como problemática na família e na escola. Ela tem dois irmãos gêmeos (que mal aparecem no livro e, ainda bem, foram completamente retirados do filme) e um irmão chamado Charles Wallace, que o filme deixa claro que é filho adotivo dos Murry.

Seu pai, um físico renomado, decide testar sua teoria de dimensões paralelas e acaba desaparecendo no Universo. Um ano depois de seu desaparecimento (que foram aumentados para quatro anos no filme), as Sras. Quequeé, Qual e Quem vem buscar Meg, Charles Wallace e um colega da escola, Calvin, para resgatarem o pai de Meg. Assim, começa uma incrível estória de aventura cheia de fantasia e com pitadas de ficção-científica.

O filme, dirigido por Ava DuVernay, é um colírio para os olhos. As cores são vibrantes, os cenários são idílicos e os figurinos são originais. Além disso, as interpretações de Reese Whiterspoon (Sra. Quequeé), Oprah Winfrey (Sra. Qual) e Mindy Kaling (Sra. Quem) estão ótimas, trazendo o tom certo entre comédia e drama ao enredo.

Além disso, o protagonismo feminino nesse filme é merecedor de uma menção honrosa. Começando pela diretora, indo para a protagonista Meg e chegando em sua mãe, cientista espetacular, o filme é um excelente exemplo de feminismo. Não bastasse isso, temos muita diversidade de etnias nas personagens, além de ser uma ode à beleza negra. Madeleine L'Engle começou a quebrar paradigmas lá em 1962 e, mais de 50 anos depois, Ava DuVernay continuou sua visão de mundo com louvor.

O livro ou o filme? O filme.

Um dos pontos fortes do filme foi sua capacidade de aprofundar alguns aspectos que, no livro, foram superficiais. Por exemplo, a personalidade de Meg é descrita como "encrenqueira", mas são ofertadas poucas situações ao leitor que demonstrem isso, enquanto, no filme, a jovem atriz Storm Reid interpretou Meg de um jeito excelente.
Outro exemplo foi o relacionamento entre os pais de Meg, ambos mostrados como igualmente extraordinários cientistas (sem machismos, que delícia!) e, também, aprofundando a relação de Meg com seu pai. Isto foi essencial para que eu me vinculasse mais com a jornada de Meg no filme do que me vinculei no livro.
Na resenha, mencionei que o que havia me incomodado na escrita de Madeleine L'Engle era seu jeito "corrido", carecendo de descrições e desenvolvimentos. O filme completou as lacunas, transformando a obra da escritora em algo inspirador, fofo e comovente.

Recomendo ambos, livro e filme. De forma geral, a estória resgata conceitos básicos como Bem e Mal, Amor e Rendição, mas nem por isso menos relevantes para os dias de hoje. Além disso, as minas são muito badass aqui e merecem ser reconhecidas.


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