Não gosto muito de biografias, por isso, leio somente se o livro relata a vida de alguém que seja motivo de muita inspiração para mim. Assim, separei as cinco melhores biografias que li e espero que elas possam emocionar e interessar outros leitores tanto quanto a mim.
Clarice, de Benjamin Moser
Clarice Lispector foi quem desencadeou meu gosto por Literatura e meu sonho de ser escritora. Assim, depois de ler toda a sua obra (e todos os livros valem a pena!), senti necessidade de me aprofundar na sua história de vida e, por isso, li a biografia organizada por Benjamin Moser. O curioso é que Benjamin é norte-americano, o que deu destaque à escritora nos Estados Unidos, onde teve algumas de suas obras traduzidas.
A biografia de Clarice Lispector passa rapidamente pela sua infância e concentra-se mais no início de sua vida profissional, quando era colunista de "assuntos femininos" em uma revista. A partir de trechos que Benjamin disponibilizou, já é possível identificar a escrita existencialista e truncada de Clarice e logo ela migrou para temas mais filosóficos e profundos. Benjamin também relata as dificuldades de Clarice em ser respeitada como escritora, devido ao seu estilo único e particular.
A vida íntima de Clarice é trazida mais ao final da biografia, no relato da queimadura que lhe tirou os movimentos das mãos e sua morte por câncer de ovário. Benjamin conseguiu delinear a personalidade forte e marcante de nossa linda e inspiradora escritora.
Se você gosta de Clarice, navegue pelo post: O que ler de Clarice Lispector?
Schulz & Peanuts: a biografia do criador do Snoopy, de David Michaelis
Sou uma grande fã dos quadrinhos de Peanuts e, inclusive, tenho uma enorme coleção dos livros. Ao contrário do que muitos imaginam, as estórias de Peanuts não tem nada de infantil: são melancólicas, existenciais, profundas e agradáveis. Foi fácil deduzir que a pessoa por trás de personagens tão sensacionais também fosse digna do meu interesse e, assim, li a biografia de Charles Schulz.
Schulz começou a escrever Peanuts em 1948 e continuou as estórias até o ano de sua morte, em 2000, com quase 80 anos.
A biografia é extremamente detalhada e começa não da infância de Schulz, e sim, da infância de seus pais. Por isso, o leitor precisa ter um pouco de paciência, pois Michaelis demora para chegar no ponto da concepção de Peanuts. Há também bastante aprofundamento sobre a personalidade de Schulz e como os eventos de sua vida foram retratados nas tirinhas.
Se você gosta de Peanuts, acesse os posts:
Fragmentos, de Stanley Buchtal
Desde criança, sou fascinada por Marilyn Monroe, e cheguei a assistir todos os seus filmes e todos os documentários sobre sua vida. Um dia, me deparei com a informação de que Marilyn era uma leitora voraz e escrevia poesia. Seus poemas eram, na época, a forma como ela lidava com a depressão e com os abusos que sofria. Por isso, o grande atrativo desta biografia é que Stanley Buchtal conseguiu ter acesso aos manuscritos originais de Marilyn que foram fotocopiados e transcritos nesta maravilhosa obra.
Esta biografia traz uma Marilyn completamente diferente e, acredito eu, mais próxima da realidade. Há também trechos de seus diários, de suas sessões de terapia e anotações da vida cotidiana, que me deixaram arrepiada e emocionada.
E, mais ainda, Marilyn tornou-se um ídolo para mim.
Caso você goste dela, veja também este vídeo que fiz sobre o assunto para o meu canal do YouTube.
Eu Sou Malala, de Malala Yousafzai
Li esta biografia como parte do desafio "12 Grandes Livros com Grandes Mulheres", que pode ser acompanhado aqui.
Malala Yousafzai, uma garota paquistanesa, ficou mundialmente conhecida quando sofreu um atentado terrorista: foi baleada no rosto quando ia para a escola, em um país que condena a educação (e muitos outros direitos) das mulheres. Desde o incidente, Malala já foi premiada mais de 40 vezes e o dia de seu aniversário, 12 de Julho, foi nomeado como o Malala Day. Neste livro, breve e intenso, Malala conta sua infância e todos os acontecimentos anteriores ao ataque, nos fazendo compreender porque ela é merecedora de tantas honras e respeito ao redor do mundo.
Além disso, Malala tem uma humanidade e uma vulnerabilidade que a tornam ainda mais preciosa. A leitura do seu relato vale cada linha e cada trecho, pois nos enriquece e nos faz ver o mundo com outros olhos.
Caso você queira ler a resenha completa deste livro, clique aqui.
Mais Pesado que o Céu: uma biografia de Kurt Cobain, de Charles R. Cross
Charles R. Cross é biógrafo e, além disso, é músico, natural de Seattle e experienciou na prática todo o movimento grunge. Ele, em dúvidas, era a pessoa mais indicada para escrever a biografia de Kurt Cobain. Kurt foi uma parte essencial da minha adolescência e lembro até hoje, vividamente, o dia de sua morte. Por isso, ler este livro foi algo íntimo e pessoal, pois me fez lembrar de momentos muito particulares (e doloridos) do meu passado.
Cross traz uma visão mais ampla sobre Kurt Cobain como, por exemplo, o gosto do cantor por Artes Plásticas e por Anatomia Humana. O leitor também percebe que o comportamento autodestrutivo de Kurt estava presente em várias esferas de sua vida e de sua estória, culminando com o seu suicídio.
É uma leitura triste e perturbadora, pois Cross não alivia nem suaviza nada, mas que vale muito a pena.
Quem mexe com você? Deixa aí nos comentários que vou adorar saber.
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