Pensando sobre os livros que escolheria para este Top 5, percebi que, mais do que a estória, o que me mais me emociona em um livro é a forma como o escritor a narra: as palavras que usa, o ritmo das frases, as analogias que emprega, e assim por diante. Por se tratar de uma avaliação completamente subjetiva, talvez os livros que me fizeram chorar não tenham despertado nenhuma emoção em você.
O Conto da Aia, de Margaret Atwood
Este livro aparece aqui no blog com regularidade, e isto continuará acontecendo, pois trata-se de um dos meus preferidos. Atwood soube, com maestria, extrapolar todas as consequências de uma sociedade pautada no patriarcalismo e em um governo religioso. As mulheres são despidas de tudo: seus nomes, personalidades, identidades, poder aquisitivo, desejos e necessidades. Camuflado em um cenário distópico e ligeiramente futurista, a possibilidade de chegarmos nestes níveis radicais de segregação são assustadores e angustiantes, e a escrita poética e profunda de Atwood é a coroação para uma estória brilhante.
Se você quiser ler a resenha do livro, clique aqui.
Também escrevi um artigo sobre os 9 motivos que fazem de O Conto da Aia uma obra MUITO relevante.
Falei um pouco da série baseada no livro aqui.
As Horas, de Michael Cunningham
O livro narra um dia da vida de três mulheres em contextos sociais e históricos distintos, e os capítulos revezam-se entre as três. A primeira mulher é Virgínia Woolf (*faz uma reverência respeitosa*) e seu cotidiano em uma casa isolada no interior de Londres no final do século 19. A segunda mulher é Laura Brown e sua vida na Califórnia dos anos 50. E a terceira mulher é Clarisse Vaughn, editora que vive em Nova York nos anos 2000.
O que as une é a figura de Mrs. Dalloway, protagonista do livro de mesmo nome de Virgínia Woolf. Woolf está escrevendo este livro; Laura Brown o lê com avidez, em uma tentativa de fugir da sua realidade doméstica; e é o apelido de Clarisse, que se esconde de suas próprias angústias como anfitriã e cuidadora.
É uma leitura sensível, melancólica, poética e maravilhosa. As três mulheres são impressionantes, corajosas e reais, apesar da aparente fragilidade. Amo estas personagens como se fossem pedaços de mim mesma.
Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf
Falando em Mrs. Dalloway, o livro de Virgínia Woolf, com certeza, não poderia ficar de fora desta lista.
Clarissa Dalloway é dona-de-casa, mãe e esposa, aparentando ser uma mulher satisfeita com sua vida. Ao longo do livro, em situações do dia-a-dia (um diálogo com o filho, um jantar com o marido, uma conversa com a vizinha, a ida a uma loja comprar saias), Clarissa narra seus pensamentos e sentimentos, demonstrando uma angústia crescente e secreta que, eventualmente, acaba tornando-se exposta aos outros, pois acaba se tornando muito intensa para ser controlada. Para lidar com sua angústia, Clarissa cria uma persona, a anfitriã, e promove festas e encontros em sua casa para preencher o vazio que sente.
Woolf é mestra em descrever sentimentos secretos e em construir personagens femininas interessantes.
A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath
O livro conta a estória de Esther, uma jovem do subúrbio que está fazendo um estágio de verão em uma revista feminina de Nova Iorque. Logo de cara, Esther sente o peso da sua inadequação na cidade grande e no universo que a cerca, com meninas ricas, conversas banais e relacionamentos superficiais. Desorientada, Esther narra suas experiências neste contexto, que às vezes são cômicas mas, na maioria dos casos, soam como tragédias para seu espírito introvertido e tímido.
Ao retornar para sua casa no interior, ao fim do estágio, tais sentimentos de inadequação e de não-pertencimento voltam com ela, e são ainda mais intensificados quando ela recebe a notícia de que foi rejeitada para entrar na faculdade. Com isso, ela decide escrever um romance, até perceber que não tem experiências de vida o suficiente para tornar-se uma grande escritora.
Daí em diante, Esther tem seu estado emocional e psicológico agravado, e começa a fazer sucessivas tentativas de tratamento.
Esther é uma personagem que nos dá alívio, pois encontramos alguém igual a nós. Ela nos faz perceber que é natural sentir-se mal de vez em quando, afinal, vivemos em uma sociedade que valoriza atributos que nem sempre são os certos. Ela se torna uma amiga, daquelas que nos entendem nos nossos piores dias.
Para saber mais sobre Sylvia Plath, clique aqui.
As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky
É uma estória com personagens adolescentes mas não é, em nenhum aspecto, superficial ou rasa como estórias para adolescentes costumam ser. As personagens – todas elas, mesmo as secundárias – possuem uma profundidade emocional que é lindamente construída ao longo do livro. O livro é todo contado pelo ponto-de-vista de Charlie, através de cartas que ele escreve para Não-Se-Sabe-Quem. Ele observa detalhes, sutilezas, nuances – tanto nele mesmo, como nos outros – e é esta capacidade de “invisibilidade” dele no mundo que transforma as situações em coisas lindas e melancólicas. O livro é de uma tristeza poética incrível: não só me deixa triste, como me faz gostar de ser triste.
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Para ler a resenha completa, clique aqui.
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E você, quais foram os livros que te fizeram chorar? Deixe aí nos comentários, vou adorar saber!
2 Comments
Amo AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL. Lembrando que o dia do aniversário do Charlie (mesmo dia do meu) está chegando ♥
ResponderExcluirE quero muito ler O CONTO DE AIA. Esperando pra ver se vai estar baratinho amanhã hehehe.
Bjksssss
Por favor, leia O CONTO DA AIA.
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