Top 5 | Cinco séries inspiradas em livros, parte 1


Se a comparação entre livros e suas respectivas adaptações para o cinema já gera polêmica, isso não é diferente quando uma obra literária vira uma série de TV. Com a crescente produção de séries deste tipo, resolvi elencar as cinco séries adaptadas de livros que andei assistindo nos últimos tempos (e não necessariamente gostando).

Deuses Americanos (Neil Gaiman/Starz)

Baseada na obra homônima de Neil Gaiman, publicada em 2001, Gaiman precisou de dezesseis anos até encontrar os produtores certos para a adaptação de sua estória. Ele é produtor executivo da série, realizada pelo canal Starz. O protagonista da série é Shadow Moon, um homem que, assim que saiu da cadeia, descobriu que sua esposa e seu melhor amigo tiveram um caso na sua ausência e morreram num acidente de carro. Ele encontra o misterioso Wednesday, que lhe promete um emprego e um recomeço.
Shadow Moon não entende qual é a missão de Wednesday e fica ainda mais confuso quando vários eventos sobrenaturais começam a acontecer. Wednesday, um Deus esquecido, está reunindo outros Deuses para uma guerra contra os deuses modernos, que seriam as celebridades, a TV, a internet, etc. 
Na série, a esposa de Shadow, Laura, e o leprechaum Mad Sweeney ganham mais destaque do que no livro, agregando uma subplot à narrativa. Além disso, pequenas estórias dos Deuses aparecem no início de cada episódio, dando pistas de quem são eles e do porquê Wednesday precisar de sua ajuda.
O tom da série é mais adulto, pesado e violento do que o tom do livro, o que me agradou, pois trouxe uma profundidade e maturidade maiores ao enredo. Estou gostando bastante de acompanhar a série, embora eu ache que ela não tenha deixado claro contra quem Wednesday luta - só entendi este ponto porque li o livro antes. Isso pode afastar aqueles que esperam que a estória venha "mastigada" e explicada em todos os seus detalhes.
Para saber mais sobre o livro, clique aqui.


O Conto da Aia (Margaret Atwood/Hulu)

Quem acompanha o blog sabe que já falei desta obra inúmeras vezes por aqui. Inclusive, fiz um post sobre "9 motivos que fazem de O Conto da Aia uma obra MUITO relevante", que pode ser lido aqui.
O livro, publicado originalmente em 1985, só agora ganhou o espaço necessário para ser transportado para a TV. A estória aborda um futuro (não muito distante, tampouco impossível) onde as mulheres foram destituídas de suas identidades, nomes, empregos, poder aquisitivo e livre-arbítrio, e são dominadas por um governo religioso totalitário. 
O canal de streaming Hulu produziu a primeira temporada com 10 episódios, e a segunda temporada já está encomendada, devido ao enorme sucesso da série. Os produtores conseguiram reproduzir a atmosfera opressora, depressiva e triste da estória de Margaret Atwood. Mérito também para a atriz Elisabeth Moss, que interpreta de um jeito incrível a protagonista, Offred. Atwood atua com os produtores explicando como seria a expansão do universo que ela criou, bem como a modernização da estória (uma vez que a mesma foi escrita nos anos 80).
Recomendo tanto a série quanto o livro, pois Atwood criou uma verdadeira obra-prima.
Para ler a resenha do livro, clique aqui.


O Último Reino (Bernard Cornwell/BBC)

A série de TV produzida pela BBC é baseada nos livros de Bernard Cornwell sobre o nascimento da Inglaterra. O protagonista tanto do livro quanto da série é Uthred, um menino inglês que foi criado pelos dinamarqueses (vikings) e depois retorna à Inglaterra, sem saber a quem deve sua lealdade. Devido ao seu estilo de liderança e ousadia, Uthred tem um papel fundamental no crescimento político da Inglaterra e, aos poucos, ganha mais e mais força perante o Rei Alfredo.
Tanto o livro quanto a série são muito próximos à série Vikings. Adoro a série Vikings, é uma das melhores séries baseadas em fatos históricos que já vi e, por isso, achei "O Último Reino" uma cópia meio mal-feita desta primeira. Os atores não são bons, o enredo é maçante e o Uthred é irritante demais para ser o protagonista. Não tinha gostado muito do livro e também não gostei da série.
Para ler a resenha do livro, clique aqui.

Sob a Redoma (Stephen King/CBS)

Se eu fosse o Stephen King, teria vergonha do meu nome ser associado à série. Os produtores da CBS conseguiram arruinar completamente uma ótima estória de King, tanto que o livro já foi Sugestão de Leitura aqui no blog.
A série teve duração de três temporadas, e apenas a primeira teve qualidade. Da segunda em diante, a estória se perdeu completamente, e saiu das premissas do livro, que tem quase mil páginas e teria material para um enredo muito mais desenvolvido.
A cidade fictícia de Chester's Mill, um dia, acordou com uma enorme redoma de vidro cercando todas as suas fronteiras, impedindo que as pessoas entrassem ou saíssem da cidade, bem como comida, água, suprimentos, fornecimento de energia, e assim por diante. O protagonista da trama, Barbie, um ex-soldado que estava apenas de passagem por Chester's Mill, tenta desvendar o mistério desta redoma, enquanto a cidade desmorona em violência e degradação.
No livro, King foca nas reações psicológicas e emocionais do ser humano, quando ele se vê diante de uma tragédia. Há um tom pessimista que permeia toda a obra, marcada por violência, amoralidade e anarquia. Quando lemos o livro, a redoma é algo secundário, pois King quer chamar nossa atenção para a essência má do ser humano.
O grande erro da série foi se concentrar na redoma. Mesmo no livro, a explicação para a redoma, no final, é bastante absurda e transpôr isso para a série deixou-a ridícula, sem pé nem cabeça.

Sherlock Holmes (Arthur Conan Doyle/BBC)

Que série boa. Os anos de espera entre uma e temporada e outra valem a pena, definitivamente.
Os livros de Arthur Conan Doyle sobre o detetive Sherlock Holmes fazem sucesso desde seu lançamento, em 1887. Mais de cem anos depois, seu protagonista e o Doutor Watson ainda habitam nosso imaginário.
A BBC modernizou a estória de Doyle, trazendo-a para a realidade da internet, redes sociais e tecnologia. Esta modernização preservou a essência das personagens e aprofundou o enredo. O cenário, Londres, se manteve, bem como a dinâmica de relacionamento entre Holmes e Watson. 
Outro ponto positivo foi o maior destaque para a esposa de Watson, Mary, que ganhou personalidade, função e profundidade na adaptação para a TV. Ela rapidamente tornou-se minha personagem preferida da série.
Além de tudo isso, a produção dos episódios é fantástica. Cada episódio é um filme, com duração de 1h30, e a qualidade não poderia ser melhor. 

E você, assiste alguma série baseada em livro?
Para acessar a parte 2 deste post com +5 séries baseadas em livros, clique aqui.

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