Ao longo do seriado Gilmore Girls, são mencionados 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory). Hoje, reuni duas obras em um post, pois são leituras curtas e do mesmo autor, Arthur Miller.
Falecido em 2005, Arthur Miller ficou mais conhecido no Teatro e por seus roteiros, além do fato de ter sido casado com Marilyn Monroe. Muitas de suas peças fizeram sucesso na Broadway nas décadas de 50 e 60.
As Bruxas de Salém (1953)
Originalmente chamado "The Crucible", Arthur Miller escreveu sua própria versão dos julgamentos das bruxas de Salém, que aconteceram em 1692 em Massachussets. Miller inseriu alguns fatos verídicos na obra, mas dramatizou grande parte dos acontecimentos. A obra é o roteiro de uma peça de teatro, que foi exibida na Broadway.
Sua intenção, na realidade, era fazer uma crítica aos Estados Unidos que, na época do lançamento da obra, estava banindo pessoas por serem comunistas, num movimento conhecido como Macartismo. Nele, pessoas eram condenadas ao exílio sem julgamento apropriado, apenas diante da denúncia de traição e subversão, semelhante ao que aconteceu com as bruxas de Salém.
O Reverendo Parris encontra sua filha, Betty, realizando rituais pagãos com algumas amigas. Recém-colonizada por puritanos, Salém ainda continha resquícios das religiões pagãs antigas, que foram exterminados ao longo dos anos através de violência e coerção. Abigail, a líder do grupo de bruxaria, enfrenta não só o reverendo como outras figuras importantes da comunidade, o que culmina com a morte do grupo em uma fogueira. A peça, dividida em quatro atos, apesar de ser difícil de ler por causa do formato de roteiro, é bastante interessante. Abigail é uma excelente personagem principal e Miller descreveu muito vividamente o contexto político e social de Salém. Para quem gosta do tema, recomendo a leitura.
A Morte de Um Caixeiro-Viajante (1949)
Outra peça de teatro, esta teve mais de 700 apresentações na Broadway e é considerada uma das melhores obras de Miller. Willy Loman é um vendedor de 63 anos que é inseguro, instável emocionalmente e bastante pessimista. Imaturo, ele depende das outras pessoas para viver, tanto financeira quanto psicologicamente. Sua esposa, Linda, passivamente aceita o jeito de Willy, reforçando seu comportamento.
Willy já não aguenta as longas viagens que precisa fazer como vendedor e, estimulado por sua esposa, procura seu chefe, Howard, para pedir que permaneça apenas com as vendas em sua própria cidade. Em paralelo, o filho dele, Biff, tenta encontrar um emprego, apenas de sua inteligência abaixo da média.
A peça fala, predominantemente, de frustração. Willy não deixará nenhum legado à seu filho; seu filho não consegue arrumar emprego, repete o Ensino Médio e não consegue uma bolsa pelo time de baseball; Linda é despida de toda sua identidade para servir a Willy. O tom da obra é de melancolia e desespero, e me lembrou as obras de Dostoiévsky. Por isso, não gostei tanto desta mas, mesmo assim, li até o fim, curiosa para descobrir se Linda reagiria. Spoiler: ela não reage.
Miller é muito bom em destrinchar as motivações e os sentimentos de suas personagens. Não à toa, ele tornou-se referência no mundo do Teatro, pois suas peças são carregadas de drama e, ao mesmo tempo, trazem assuntos que o grande público se identifica. São leituras agradáveis, mesmo no formato de roteiro, e acho que qualquer pessoa que gosta de literatura contemporânea deveria conhecê-lo.
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