8 dicas para escritores, de Virginia Woolf

Já compartilhei as dicas para escritores de Sylvia Plath e também de J. R. R. Tolkien, e é com o coração cheio de entusiasmo que hoje falarei das dicas dadas pela minha musa soberana Virginia Woolf.
Exímia em criar fluxos de consciência interessantes, Woolf sempre se concentrou em dar profundidade e sensibilidade às suas personagens. Suas estórias são marcadas não por acontecimentos marcantes ou reviravoltas surpreendentes do enredo, e sim, pela sua capacidade de descascar as várias camadas de cada personagem, de forma gradativa, poética e crescente.
É uma ilusão pensar que escrever requer, apenas, talento e inspiração. Acho que muitas pessoas deixam de descobrir-se como escritores por acreditarem nisso. Ser escritor é, antes de mais nada, trabalhar, todos os dias e sem descanso: para encontrar a voz de cada personagem, a descrição correta, a frase perfeita e a gramática adequada. Vejo muitas pessoas que se dispõem a escrever mas que pecam em coisas elementares, como erros de português e de concordância. Por isso, antes de querer ter uma obra prima, é preciso muito esforço e horas de dedicação completa.
Todos os grandes escritores, sem exceção, dão a mesma dica: escrever diariamente, sem exceções. No começo, achava que este conselho era exagerado e desnecessário, mas hoje em dia percebo que nele está o centro de tudo. Alguns recomendam que tenham um diário, onde possamos treinar a escrita diariamente. No meu caso, tenho o diário e este blog, e pratico a escrita em ambos. Cada um pode encontrar sua própria fórmula, mas é importante praticar, praticar e praticar.
É preciso esquecer as fórmulas prontas. Hoje em dia, facilmente conseguimos identificar qual seria a receita do sucesso de um livro e segui-la, escrevendo para fazer sucesso, para vender ou para ficar famoso. Se você é realmente um escritor, não deve seguir fórmula nenhuma, e sim, encontrar o seu próprio jeito de fazer as coisas.
Um escritor precisa ter repertório e só se constrói um quando se vive. A partir das nossas experiências, criamos personagens mais reais, enredos mais sólidos, estórias mais interessantes e descrevemos sentimentos e pensamentos com mais propriedade. Sai da internet. Vai passear.
Esta dica é um pouco parecida com a que diz "escreva todos os dias". Tudo a ser conquistado na vida exige disciplina e comprometimento, e com a escrita não é diferente. 
Esta é, de longe, minha dica preferida. Woolf é conhecida por ter sofrido "distúrbios mentais" quando viva. Para mim, ela foi uma mulher incompreendida em seu próprio tempo, que era angustiada porque lhe cobravam desempenhar papéis (esposa, mãe) que ela não queria. O jeito dela de lidar com sua realidade foi transformar suas personagens e os conflitos delas em uma extensão de si mesma e, por isso, a escrita dela é tão profunda e tão rica - porque é, antes de tudo, verdadeira.
Se esta dica já era importante antes, acho que ela é fundamental em tempos de redes sociais e tecnologia como o nosso tempo. Estamos sempre conectados com o mundo exterior, mas pouquíssimos ligados em nós mesmos. Isso é  perigoso para todo mundo, e perigoso também para a escrita bem feita.
Woolf acreditava que devemos escrever porque sentimos que, sem a escrita, morreríamos. Compartilho completamente desta opinião dela e cheguei a escrever um texto sobre isso. Mas qualquer forma de criatividade - desenho, música, pintura, etc - existe porque organizam os mundos das pessoas e dão significados para nossas vidas. Então, antes de começar a escrever uma estória, reflita em como ela pode mudar a vida de alguém, mesmo que este alguém seja só você.


5 Comments

  1. Eu (AINDA) nunca li nada de Virgina Woolf, acredita? Mas pra onde eu olho eu vejo coisas dela, acho que isso é a vida me mandando ler logo! E nós compartilhamos a dica preferida, escrever é um exorcismo que só!

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    1. Tenho certeza que você irá gostar de Virgínia, ela tem uma alma melancólica que é pura beleza!

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